Bial investe 110 milhões em nova filial de biotecnologia nos EUA

Farmacêutica portuguesa investe 110 milhões em centro de inovação em Boston dedicado à doença de Parkinson e na aquisição de programas de investigação a empresa norte-americana na mesma área.

A Bial vai reforçar a presença no mercado norte-americano com a abertura de um centro de biotecnologia dedicado à doença de Parkinson. Chama-se “Bial Biotech Investments” e está localizado em Cambridge, nos arredores de Boston. Simultaneamente, a farmacêutica portuguesa comprou os direitos mundiais de três novos programas de investigação à empresa norte-americana Lysosomal Therapeutics. No total, o investimento feito pela farmacêutica portuguesa no país supera os 110 milhões de euros.

“A nossa entrada nos EUA com a criação da Bial Biotech, e a aquisição destes promissores compostos, é um passo decisivo para a concretização da nossa missão de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas em todo o mundo”, diz António Portela, presidente executivo da Bial, em comunicado.

“O desenvolvimento deste centro de investigação nos EUA é um marco de enorme relevância. Estamos a investir em ciência e em investigação, e agora estamos presentes num dos mais importantes hubs de investigação mundiais numa das áreas mais promissoras da medicina”, explica António Portela, esta quinta-feira, num encontro com os jornalistas via Zoom.

Com o objetivo de desenvolver essas terapias, a farmacêutica portuguesa adquiriu também os direitos mundiais dos programas de investigação na área do Parkinson à companhia norte-americana Lysosomal Therapeutics, que irá integrar a equipa de investigação da empresa portuguesa.

O Bial Biotech estará focado no desenvolvimento de terapias para mutações genéticas associadas à doença de Parkinson e será liderado por Peter Lansbury, professor de neurologia na Harvard Medical School e especialista na doença geneticamente determinada. António Portela revelou que esta equipa de investigação da Lysosomal Therapeutics será constituída “por seis investigadores”.

“Estamos muito satisfeitos com esta integração na Bial”, refere Kees Been, antigo CEO da Lysosomal Therapeutics e agora CEO da Bial Biotech. “Estamos confiantes de que com o compromisso e os recursos da Bial conseguiremos dar um novo impulso aos nossos programas de investigação dirigidos ao tratamento personalizado dos pacientes com doença de Parkinson geneticamente determinada”, conta o CEO da Bial Biotech, citado em comunicado.

O desenvolvimento deste centro de investigação nos EUA é um marco de enorme relevância. Estamos a investir em ciência e em investigação, e agora estamos presentes num dos mais importantes hubs de investigação mundiais numa das áreas mais promissoras da medicina.

António Portela

Presidente executivo da Bial

De acordo com a Bial, com esta aquisição, a farmacêutica está a expandir o seu pipeline, nomeadamente com a integração de compostos da área das neurociências já em fase de desenvolvimento clínico, concretamente para a doença de Parkinson, onde a farmacêutica portuguesa já atua.

Para o presidente da Bial, os compostos adquiridos “têm como princípio da sua investigação a análise genética, uma vertente nova para nós. O composto em fase mais avançada, e que tem agora o nome de código ‘BIA 28-6156/LTI-291’, apresenta um mecanismo de ação inovador e tem potencial para ser o primeiro fármaco modificador da doença de Parkinson. Completou a fase I de ensaios clínicos e deverá entrar em fase II em 2021. Passamos do tratamento sintomático para uma intervenção nos mecanismos da doença, o que representa para BIAL um desafio enorme”.

O valor global da operação anunciada esta quinta-feira poderá atingir os 130 milhões de dólares (equivalente a cerca de 110 milhões de euros). A empresa clarifica que o “montante estará dependente do cumprimento de diversas metas, decorrentes do desenvolvimento e aprovação das moléculas adquiridas”.

Mais de 20% da faturação anual da Bial destina-se à Investigação e Desenvolvimento. Face a esta aposta em investigação, a Bial foi a segunda empresa portuguesa com maior investimento em I&D, cerca de 54 milhões de euros, ocupando a 395ª posição no ranking das 1.000 empresas europeias.

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