CaixaBank prepara plano de desinvestimento no BFA

O BPI vai reduzir gradualmente a participação de 48,1 que detém no BFA. A garantia é dada pelo CaixaBank no prospeto de oferta pública de aquisição revelado na noite de segunda-feira.

O BPI vai reduzir a participação no BFA, de forma gradual. A informação é revelada no prospeto da oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o banco liderado por Fernando Ulrich.

Depois da venda de 2% do BFA à Unitel, empresa controlada por Isabel dos Santos, o BPI perdeu o controlo do banco angolano passando a deter 48,1% do capital.

O CaixaBank revela no documento tornado publico na noite de segunda-feira que o “BCE emitiu no documento que autorizou o CaixaBank a adquirir o controlo da sociedade visada (BPI) através da presente OPA, uma recomendação não vinculativa ao oferente (CaixaBank) para que reduza gradualmente a participação do BPI no BFA num período de tempo razoável”.

Para esse efeito, o CaixaBank adianta que “deverá ter preparado um plano de desinvestimento no BFA“. Os catalães recordam que “qualquer potencial desinvestimento, parcial ou total, no BFA deverá respeitar o acordo parasocial que vincula o BPI em relação ao BFA e cumprir com a legislação bancária local“.

"qualquer potencial desinvestimento, parcial ou total, no BFA deverá respeitar o acordo parasocial que vincula o BPI em relação ao BFA e cumprir com a legislação bancária local”.”

CaixaBank

O CaixaBank garante que não tem “neste momento, nenhum plano específico relativamente ao BFA após a nova situação gerada pela venda de 2% do BFA e o novo acordo parassocial entre BPI e Unitel”.

A venda de 2% do BFA à Unitel por 28 milhões de euros foi o resultado de uma proposta da administração do BPI à operadora angolana, tendo em vista a eliminação da concentração dos grandes riscos a Angola, imposta pelo Banco Central Europeu, e que ameaçava sujeitar o BPI a sanções económicas.

Desvalorização do Kwanza implica perdas de 182 milhões

A desvalorização do kwanza vai implicar uma perda nas contas do BPI que pode ultrapassar os 182 milhões de euros. Uma perda que resulta da venda do controlo do BFA o que implica a desconsolidação da participação do BPI no banco angolano.

Segundo se pode ler no prospeto “A desvalorização do Kwanza foi-se registando na conta de reservas cambiais do BPI no seu balanço consolidado, sem se refletir no resultados. A 30 de setembro de 2016, os valores registados na reserva cambial do balanço consolidado ascendiam a 182 milhões de euros. No momento da desconsolidação do BPI, após a venda de 2% do BFA, os valores registados na referida reserva cambial passarão para a conta de resultados, pelo que, a 30 de setembro de 2016, esse valor de 182 milhões de euros resultaria numa perda na conta de resultados”.

Este valor é tanto mais significativo na medida em que o BPI registou lucros nos primeiros nove meses de 2016, de 182,9 milhões de euros, pelo que caso tivesse registado este valor da desvalorização do Kwanza teria tido um lucro de apenas 900 mil euros. De referir que nos primeiros nove meses do ano, o BPI ainda não tinha vendido o controlo do BFA pelo que ainda consolidava as contas do Banco pelo que reconheceu a redução de valor na dedução dos capitais próprios.

Empréstimo a Angola

O empréstimo de 400 milhões de euros do CaixaBank a Angola é também objeto de análise pelo prospeto da OPA. Segundo se pode ler no documento “na sequencia das notícias vinculadas pela imprensa portuguesa aquando da publicação no Jornal Oficial de Angola da aprovação de um financiamento de 400 milhões de euros do CaixaBank à República de Angola, o oferente esclarece que essa aprovação se refere a um projeto de acordo quadro standard no mercado, relativo ao eventual financiamento de potenciais operações de crédito comprador (“export finance“) sujeitas a avaliação e aprovação casuística do CaixaBank”.

O banco adianta ainda que “à presente data, tal acordo não foi ainda celebrado, nem o oferente assumiu qualquer compromisso de o vir a celebrar”.

Os catalães relembram que o financiamento que venha a ser concedido ao abrigo deste projeto está sempre salvaguardado por uma companhia de seguros de crédito. “O risco de crédito de cada operação futura sempre garantido, salvo residualmente, por uma companhia de seguros de crédito”.

 

 

 

 

 

 

 

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