May acena com hard Brexit. Ouro dispara para máximos de novembro

Os investidores aguardam com grande expectativa, mas também com muita cautela, o discurso da primeira-ministra britânica nesta terça-feira, ocasião em que Theresa May poderá anunciar um hard Brexit. Um dos principais reflexos dos receios dos investidores é a evolução dos preços do ouro. A cotação do metal amarelo segue em forte alta no mercado de matérias-primas, para níveis de há cerca de dois meses.

A onça de ouro valoriza 1,02%, para os 1.216,22 dólares, o preço mais elevado desde 22 de novembro do ano passado, com os investidores a refugiarem-se na matéria-prima, temendo o impacto do aguardado discurso de Theresa May. “Existe muita incerteza no mercado”, afirma Brian Lan, diretor de investimentos da Gold Silver Central, em Singapura. “O ouro é um bom refúgio, especialmente nestes períodos de incerteza, especialmente de incerteza política”, acrescenta o mesmo especialista citado pela Bloomberg.

Ouro arranca ano em forte alta

Esta terça-feira, a primeira-ministra do reino Unido vai divulgar uma lista com as 12 prioridades do Governo em relação ao processo de saída da União Europeia (UE), em que se inclui a saída do mercado único europeu e da união aduaneira. A expectativa é que Theresa May revele a intenção de avançar com um hard Brexit. Ou seja, a retirada do Reino Unido do mercado único da UE, no que respeita ao comércio de bens e serviços, e a aposta numa nova relação comercial completamente distinta com o bloco. De acordo com documentos do seu gabinete, May diz não ter interesse em assumir “nada que nos deixe metade dentro, metade fora”.

É com base neste cenário que a cotação do ouro acelera uma tendência altista que, contudo, não é nova. Desde que o ano começou, o ouro apenas conheceu uma sessão de quedas, sendo que em termos acumulados valoriza perto de 6% desde a entrada em 2017. Para além do Brexit, os investidores também têm procurado a proteção do ouro, revelando as suas preocupações também relativamente às políticas de Donald Trump, depois de assumir a liderança dos destinos da maior economia do mundo após a tomada de posse como presidente dos EUA na próxima sexta-feira.