Produção e venda de papel já recuperam, mas pandemia pesa nos lucros da Navigator

Quebra nas vendas e redução dos preços de venda penalizaram as contas. Mas a redução dos custos de produção e a contenção de custos fixos permitiram diminuir o impacto da pandemia.

A Navigator lucrou menos nos primeiros nove meses do ano devido à pandemia, mas tanto a produção como a venda de papel já começam a mostrar sinais de recuperação. A papeleira registou um resultado positivo de 75,2 milhões de euros entre janeiro e setembro de 2020, o que representa uma quebra de 49% face ao mesmo período do ano passado.

Pela primeira vez na sua história a Navigator teve de parar as máquinas de papel. A pandemia confinou o mundo inteiro, ao mesmo tempo, e durante vários meses provocando uma quebra sem precedentes nas encomendas e obrigou a empresa a adotar medidas excecionais, tanto ao nível do desempenho comercial (receitas) como ao nível da redução de custos, de modo a ultrapassar o forte impacto provocado pela Covid-19″, começa por dizer a empresa, num comunicado enviado esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Nos primeiros nove meses do ano, o volume de negócios da Navigator cedeu 18% para 1.044 milhões de euros e o EBITDA — lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — recuou 30% para 210 milhões de euros, na comparação homóloga.

O negócio de papel de impressão e escrita (UWF) sofreu com o confinamento e o volume de vendas situou-se em 934 mil toneladas, inferior em 14% ao período homólogo, o que foi parcialmente compensado pelo crescimento de 39% nas vendas de pasta e de 7% no tissue.

Além das vendas também a redução dos preços de venda penalizaram as contas. Por outro lado, a “redução expressiva” dos custos de produção variáveis e a “forte contenção” de custos fixos permitiram atenuar a quebra dos preços de venda.

"Embora persista o risco de uma segunda vaga da situação pandémica, com uma amplitude e com impactos ainda difíceis de estimar, o grupo tem vindo a registar alguns sinais positivos, nomeadamente um maior dinamismo na entrada de encomendas do mercado europeu nas últimas semanas, que permitem antever que a recuperação do mercado se prolongue no quarto trimestre.”

Navigator

Considerando apenas o período entre julho e setembro, a Navigator já começou a refletir a retoma da atividade. No terceiro trimestre do ano, o volume de negócios cresceu 20% para 347 milhões de euros, “o que espelha o forte desempenho comercial em contexto adverso que conjugado com a manutenção de um forte corte de custos fixos e variáveis permite um crescimento da rentabilidade muito significativo num contexto de crise”, diz a empresa.

Com a recuperação tanto da atividade como da produção, o EBITDA cresceu 36% para 70 milhões de euros e os lucros cresceram 133% para 31 milhões de euros, no terceiro trimestre do ano em comparação com os três meses anteriores. No fim do período, a dívida situava-se em 644 milhões de euros, o que representa uma redução de 71 milhões face ao final de 2019.

“Embora persista o risco de uma segunda vaga da situação pandémica, com uma amplitude e com impactos ainda difíceis de estimar, o grupo tem vindo a registar alguns sinais positivos, nomeadamente um maior dinamismo na entrada de encomendas do mercado europeu nas últimas semanas, que permitem antever que a recuperação do mercado se prolongue no quarto trimestre“, diz a Navigator sobre o futuro.

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