Aumento das infeções pode atrasar recuperação de Portugal em 2021, diz Gentiloni

O comissário europeu para a economia, Paolo Gentiloni, admite que a segunda vaga põe em causa a rapidez da recuperação económica no próximo ano.

O comissário europeu para a economia, Paolo Gentiloni, admitiu na apresentação das novas previsões da Comissão Europeia que a segunda onda de infeções na União Europeia, incluindo Portugal, poderá atrasar a recuperação da economia no início do próximo ano, face ao que estava previsto anteriormente. A Comissão melhorou a previsão do PIB português para 2020, mas reviu em baixa os valores de 2021 e 2022.

Questionado especificamente sobre as revisões às previsões para Portugal, Gentiloni explicou na conferência de imprensa desta quinta-feira que a mudança dos números acompanha a tendência europeia, face às previsões de julho, de que a recessão será um pouco menos intensa em 2020, mas a recuperação económica será mais lenta. O comissário europeu disse que está afastada a ideia de que a recuperação seria em “V”, ou seja, uma recuperação tão forte e rápida quanto a queda provocada pela pandemia.

O italiano explicou de seguida que, por um lado, a previsão de 2020 melhorou porque o terceiro trimestre foi mais forte do que o esperado anteriormente e que, por outro lado, a situação epidemiológica em que a Europa está desde o início do ano causa problemas à recuperação. “É muito difícil de perceber até quando irá durar” a segunda onda de infeções, admitiu Gentiloni, afirmando que esta será uma “crise profunda com uma recuperação contida nos próximos anos“.

A Comissão Europeia melhorou a previsão para a contração da economia portuguesa este ano de 9,8%, em julho, para 9,3% nas previsões de outono divulgadas esta quinta-feira. Porém, a recuperação em 2021 será inferior ao crescimento do PIB de 6% estimado anteriormente, fixando-se agora nos 5,4%, a mesma previsão do Governo.

A recessão de 9,3% prevista para Portugal em 2020 é superior à queda de 8,5% prevista pelo Ministério das Finanças na proposta do Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021), mas é igual à previsão feita pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP) em setembro e abaixo da queda de 10% antecipada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em outubro. Ainda assim, fica acima da média da Zona Euro onde se espera que o PIB encolha 7,8%

Em Portugal, os economistas e as instituições que fazem previsões já admitem que no quarto trimestre a recuperação vai parar, isto é, o PIB vai contrair face ao terceiro trimestre (em cadeia) por causa do confinamento parcial em que o país entrou em novembro. “O aumento das infeções poderá travar a recuperação no curto prazo”, admitiu também Gentiloni.

Questionado sobre se haverá mais estímulos na Europa face a este novo panorama, o comissário europeu argumentou que é preciso primeiro fechar os acordos sobre o que já foi criado e avançar com a sua implementação. É o caso do Próxima Geração UE (fundo de recuperação europeu) cujo desenho final ainda está a ser discutido entre o Parlamento Europeu e o Conselho Europeu, num impasse que dura semanas e que poderá atrasar a chegada do dinheiro aos Estados-membros.

Relativamente à suspensão das regras orçamentais europeias, Paolo Gentiloni não se comprometeu com aquela que poderá vir a ser sugestão da Comissão Europeia, a qual tem de ser aceite pelos Estados-membros. Para já, as regras ficam suspensas pelo menos até ao final de 2021, mas poderá haver um prolongamento, consoante a evolução da pandemia. Gentiloni explicou que a discussão será feita nos próximos meses e que uma decisão deverá ser tomada “quando houver menos incerteza” sobre o futuro.

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