Depois de 1.700 reuniões, com metade dos delegados e regras apertadas, arranca Congresso do PCP

O secretário-geral do PCP garante que o partido vai provar que a "realização de atividades é compatível com prevenção da saúde" e acusa a direita de colocar em causa diretos fundamentais.

Muita tinta correu sobre o Congresso do PCP com várias críticas da direita. Mas como “palavra dada é palavra honrada”, Jerónimo de Sousa foi em frente e o evento arrancou esta sexta-feira em Loures, ainda que com metade dos delegados e medidas de segurança reforçadas. Na sessão de abertura, o secretário-geral do PCP garantiu que o partido vai demonstrar que “a realização de atividades é compatível com a prevenção da saúde” e acusa as “forças da regressão” e de “autoritarismo direitistas” de colocarem em causa “direitos políticos e cívicos fundamentais”.

“O nosso congresso demonstrará mais uma vez que a realização da atividade é compatível com a prevenção da saúde”, garantiu Jerónimo de Sousa, no discurso de abertura do XXI Congresso do PCP. Assim, o secretário-geral lembra que este congresso conta “com menos delegados, cerca de metade do que era expectável”, isto é, cerca de 600 contra os 1.200 registados em 2016. Além disso, o PCP optou ainda por não ter convidados de forma a reduzir o número de pessoas no congresso. Serão cerca de 600 os congressistas, contra os 1.200 de 2016.

Num discurso onde fez questão de justificar que a abstenção dos comunistas na votação final global do Orçamento resultou da “persistência” do partido para garantir “importantes soluções”, mas também do “distanciamento” face ao Governo, Jerónimo de Sousa sublinha este congresso “não se dá ao privilégio e ao egoísmo de se resguardar”, numa altura em que “centenas de milhares de trabalhadores” têm de continuar a sua vida normal, deslocando-se para os seus locais de trabalho e “resistindo à intensificação da exploração a pretexto da epidemia”.

O líder dos comunistas garantiu que foram tomadas todas “as medidas de prevenção de saúde para garantir em segurança” na realização deste congresso, bem como no decorrer de toda a sua preparação. “O partido soube encontrar soluções para se envolver e participar nas propostas e decisões que vão estar em debate e votação”, sinalizou Jerónimo de Sousa, acrescentando que foram realizadas “1.700 reuniões” para organizar este congresso que envolveram “cerca de 18 mil participantes”.

Certo é que a realização deste congresso suscitou várias críticas, nomeadamente à direita, e o secretário-geral do PCP não as esqueceu, acusando as “forças da regressão, do retrocesso e do autoritarismo direitistas” de tentarem “rebaixar e colocar ao mesmo nível direitos políticos e cívicos fundamentais com outros direitos momentaneamente limitados”.

Nesse contexto, o líder do PCP alerta que o “retrocesso pandémico” pode trazer riscos para a democracia. “Sabemos como tudo começa, mas não sabemos como acaba. E muitas vezes acaba mal para direitos e interesses dos povos e e tantas vezes para a democracia e para a liberdade “, referiu.

Já em setembro, o PCP tinha sido bastante criticado por manter a Festa do Avante! e, por isso, Jerónimo de Sousa não fugiu ao tema acusando as “mentes estreitas e retrogradas” de aproveitarem a pandemia para quebrarem a democracia e “soltarem o ódio”, salientando que “a a força da força da luta, da solidariedade e da cultura” fizeram “com toda a segurança e responsabilidade” deste comício “um exemplo”. Além disso, o secretário-geral dos comunistas admitiu também realizar a Festa do Avante!, justificando que este evento permite manter “a independência financeira” do partido.

Rio critica prepotência do PCP

O presidente do PSD voltou à carga e criticou a atitude “prepotente” do PCP por ter levado por diante a realização do congresso e acusou o Governo de “cobardia” por não impor a realização por videoconferência.

“Acho absolutamente lamentável esta atitude prepotente do Partido Comunista”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas. “Nós temos o Congresso na Madeira suspenso, penso que o Partido Socialista também tem o seu congresso suspenso, já fez as suas diretas e não organizou congresso. Eu próprio gostaria de fazer um congresso do PSD para a revisão dos estatutos, eventualmente para a revisão do programa e não faço, porque acho que é o pior dos exemplos que posso dar”, defendeu, citado pela Lusa.

Rio acusou ainda o Governo de cobardia por não impor as medidas que a lei permite. “Da parte do Governo, é evidentemente uma cobardia: primeiro, não solicitar ao PC que adie e, em segundo, não tomar as medidas que a própria lei prevê que possa tomar. Pode fazer o congresso por videoconferência, a Juventude Social-Democrata fez um congresso com 500/600 pessoas por videoconferência”, apontou.

E rematou, insistindo: “[o Governo] não pode proibir o congresso, agora pode determinar que o congresso, para se realizar, tem de ser por videoconferência

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