Zomato Portugal prepara cortes na equipa e vai ter nova estrutura acionista
A aplicação Zomato vai reduzir equipa e dimensão da operação no mercado português, perante uma crise sem precedentes no setor da restauração. Plataforma será menos dependente da casa-mãe.
A Zomato prepara-se para reduzir significativamente a dimensão da operação em Portugal, perante uma crise sem precedentes que afetou o setor da restauração, no qual assenta o negócio da startup. A empresa está a desenhar um plano de reestruturação que deverá passar por cortes na equipa e mudanças na estrutura acionista. A informação foi apurada pelo ECO e confirmada pela empresa.
“Estamos em processo de reestruturação, que ainda não está finalizado. Mas queremos garantir que tanto produtos como serviços continuarão ativos”, disse ao ECO o growth manager da Zomato Portugal e responsável pela área de parcerias e marketing, Nuno Fernandes.
Atualmente, integram a equipa da Zomato Portugal cerca de 40 pessoas. A restruturação ainda está a ser operacionalizada e, nas próximas semanas, serão conhecidos os próximos passos. No entanto, passarão seguramente pela redução da equipa e por uma alteração na estrutura acionista: a maioria do capital vai passar para as mãos de portugueses, com a colaboração da casa-mãe.
“Há realmente uma maior responsabilização acionista da parte da equipa portuguesa, assim como uma maior ponderação de negócio face à sua adequação à realidade portuguesa. Se queremos ajudar a indústria, temos de abordar um caminho diferente”, explicou Nuno Fernandes, acrescentando que “a equipa e os serviços vão ser pensados”. “A empresa-mãe continuará a ter ligação à Zomato Portugal, mas perspetivamos uma base de suporte mais portuguesa que permita construir soluções mais personalizadas para o mercado nacional”, acrescentou.
Fundada na Índia, a Zomato opera uma aplicação móvel que recomenda bares e restaurantes. A startup entrou em Portugal em 2014 e gera receitas a partir das subscrições cobradas aos utilizadores, em troca de descontos em alguns dos estabelecimentos parceiros. Os principais mercados são a Índia e os Emirados Árabes Unidos, onde a empresa tem vindo a adaptar cada vez mais o modelo de negócio ao mercado das entregas de refeições, que está em franco crescimento.
“A Índia como um todo está a focar-se, sobretudo, nas operações onde tem maior volume de negócios, particularmente em delivery. No caso de Portugal, e sendo essa uma funcionalidade que a Zomato não tem, ao dia de hoje, nem na app nem na plataforma, há a necessidade de restruturar a operação no sentido de ajudar mais os restaurantes e fazerem face às necessidades da própria indústria em que atuamos. Sabemos que temos de fazer algumas mudanças importantes, porque a Zomato Portugal vive muito da experiência de ir ao restaurante”, explica o responsável da empresa.
Em Portugal, face à crise da Covid-19, a empresa tem apostado significativamente nas refeições take-away e nos pagamentos sem contacto, numa altura em que ainda existem restrições às deslocações dos cidadãos e é o negócio das entregas de encomendas que mais tem florescido. Até ao final de dezembro, a Zomato Portugal dará a conhecer novas funcionalidades na plataforma e os próximos passos a levar a cabo na reestruturação da empresa.
O setor da restauração tem sido um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. No início do mês, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) estimou que a faturação dos restaurantes caiu 60% em outubro, alertando que “insolvências e despedimentos são inevitáveis”.
Por ser uma empresa de tecnologia, a Zomato não tem acesso aos apoios específicos que têm sido criados pelo Governo para apoiar o setor da restauração. Mas a empresa mantém uma elevada exposição ao setor, o que explica em parte as dificuldades que agora vive.
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