Governo prepara venda de empresa de manutenção da TAP no Brasil

O anúncio foi feito pelo ministro da Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos, após o envio do documento para Bruxelas. O Governo quer, no entanto, esperar por um momento mais favorável.

A TAP Manutenção e Engenharia (ME) Brasil vai ser vendida no âmbito do plano de reestruturação do grupo. O anúncio foi feito pelo ministro da Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, após o envio do documento para Bruxelas. O Governo quer, no entanto, esperar por um momento mais favorável no mercado.

“Sabemos que a ME Brasil não é uma empresa com a qual queiramos ficar”, garantiu Pedro Nuno Santos. “Não temos ganho, mas é um trabalho que se vai fazer. A ME Brasil é uma empresa para ser vendida”. Quanto a outras alienações, o governante diz que “do ponto de vista financeiro não seria vantajoso”.

O ministro explica que não há ainda quaisquer negociações a ter lugar e que o negócio só avança quando houver condições. Da mesma forma, o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, lembrou que o momento da pandemia não é favorável a alienações.

O plano de reestruturação da TAP já foi entregue pelo Governo à Comissão Europeia, seis meses após Bruxelas ter dado luz verde à injeção de 1,2 mil milhões de euros. Depois deste cheque — que está a servir para garantir a liquidez até final do ano –, a empresa ainda deverá precisar de mais 2 mil milhões de euros. O apoio público é acompanhado de uma redução de dois mil trabalhadores, da frota e das rotas.

Pedro Nuno Santos confirmou que o número de aviões passará para 88 (face aos atuais 108). “Temos de reduzir a dimensão da empresa, mas sabemos que há um número mínimo. A estratégia de negócio, o negócio lucrativo é o do hub: trazer passageiros do outro lado do Atlântico ou África Ocidental para a Europa, as ligações intercontinentais e longo curso”, apontou o ministro, sublinhando que “a partir daqui não podemos baixar”.

A aposta é, por isso, o longo curso, mas também a TAP Express (antiga Portugália). “Não vai concorrer com as low cost, mas há um segmento de mercado entre as low cost e as companhias de bandeira que queremos explorar”. Este segmento não sofrer despedimentos e até vai ganhar mais aviões. A frota de aviões de Embraer vai duplicar para 26, enquanto os ATR vão gradualmente ser descontinuados. Deixou, no entanto, em aberto se haverá um novo contrato com a Embraer: “há muitas empresas com aviões para vender e a TAP está atenta a esses negócios”.

Já no que diz respeito às rotas, o Governo garante que ainda é um tema a estudar e que só será fechado mais tarde. À partida, o novo desenho terá um corte de rotas no inverno, mas sem mexidas para o próximo verão. “Queremos a prazo voltar a ter as rotas. Há uma redução, mas terá de ser delineada pela gestão e não pelo acionista Estado“, acrescentou.

Reestruturação arranca em março já com novo CEO

A gestão que irá implementar o plano de reestruturação não é a que está atualmente à frente da companhia aérea. Ramiro Sequeira substituiu de forma provisória o anterior CEO Antonoaldo Neves (que foi afastado aquando da saída do acionista David Neeleman), mas que ficará apenas até ser terminado o processo de recrutamento internacional em curso. O ministro elogiou o CEO interino, mas diz esperar que o sucessor chegue nos próximos meses.

“Temos um CEO interino que está a fazer um belíssimo trabalho e quando o plano estiver pronto para ser implementado esperamos já ter uma nova equipa de gestão. Gostaríamos que [o novo CEO] entrasse quando for preciso avançar com a execução do plano, ainda antes de março“, referiu Pedro Nuno Santos.

Os próximos passos do plano de reestruturação é a discussão com Bruxelas do documento e o ministro antecipa que o dossiê fique fechado no primeiro trimestre, que é também a data limite que a TAP tem capacidade para sobreviver. “A TAP tem capacidade para operar até fevereiro ou março e não esperamos que seja necessário mais [tempo para Bruxelas aprovar o plano]”, acrescentou.

(Notícia atualizada às 15h00)

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