EDP Renováveis dispara 117% e é a estrela da bolsa. PSI-20 recua 6% em 2020
A pandemia atirou as bolsas europeias para terreno negativo na totalidade do ano. Lisboa ficou entre as menores perdas, graças à ajuda das elétricas.
O grupo EDP é o grande vencedor do ano na bolsa de Lisboa, apesar de ter vivido um ano instável de mudança na liderança. A EDP e a EDP Renováveis estiveram entre as únicas quatro cotadas do PSI-20 que fecharam 2020 em terreno positivo. Já o índice desvalorizou quase 6% num ano marcado pela pandemia.
O PSI-20 desvalorizou 0,48% na última sessão do ano para 4.898,36 pontos, fechando assim 2020 com uma perda acumulada de 5,7%. Após o ano passado ter sido em alta, esta é a maior queda desde 2018 (ano em que o principal índice da bolsa portuguesa tombou 12%). Não é, no entanto, inesperada já que o ano ficou marcado pela pandemia, cujo início lançou o pânico nos mercados em março.
Após o sell-off inicial, a recuperação acompanhou as maiores ou menores restrições que foram sendo implementadas nas várias economias. Nas últimas semanas do ano, a descoberta da vacina e início da vacinação acelerou a retoma. Apesar disso, não foi suficiente para a generalidade das bolsas europeias alcançarem a linha de água. O Stoxx 600 perdeu 4,2%, o francês CAC 40 cedeu 7,1%, o espanhol IBEX 35 desvalorizou 15,5% e o britânico FTSE 100 recuou 14,3%. A exceção foi o alemão DAX, que valorizou 3,5%, tal como as bolsas norte-americanas.
Renováveis brilham. Petróleo e banca afundam
Em termos setoriais, a tecnologia e a saúde foram dos mais beneficiados a nível internacional, mas têm pouca expressão em Lisboa. Já no caso das renováveis — que ganharam com os esforços de transição energética e, mais recentemente, da eleição de Joe Biden –, Portugal não ficou à margem.
“O setor das energias renováveis é o que mais beneficia da crescente política “verde” no âmbito do ESG (ambiente, social e governance)”, diz Paulo Rosa, senior trader do Banco Carregosa, para justificar o desempenho da EDP Renováveis. A eólica valorizou 117,14% para 22,80 euros, tendo chegado a tocar máximos históricos de 23,40 euros nas últimas sessões do ano.
Já a casa-mãe EDP ganhou 36,53% para 5,156 euros, no ano em que CEO António Mexia viu as funções suspensas por decisão judicial tendo sido substituído interinamente por Miguel Stilwell d’Andrade. Em conjunto, as duas cotadas já valem 40 mil milhões de euros em bolsa.
Preço por ação da EDP e EDP Renováveis em 2020
Fonte: Reuters
Além destas duas, só a holding Pharol (+25%) e a tecnológica Novabase (23%) fecharam em alta. As restantes 15 cotadas terminaram o ano no vermelho, com a Jerónimo Martins a perder 5% e a Sonae 26,65%. No papel, a Altri cedeu 8,27%, a Navigator caiu 30% e a Semapa 34%. Mas estas não foram as maiores quedas.
“A banca foi penalizada pelo aumento das imparidade, as empresas cíclicas pela recessão e as empresas petrolíferas pela queda significativa do preço do petróleo“, explica Rosa. Mesmo com “o aparecimento de uma vacina, já no último trimestre do ano, que trouxe algum alívio a estes setores”, não salvou os pesos-pesados Galp Energia, BCP e Nos.
A petrolífera tombou 41,2% para 8,754 euros por ação, tendo chegado mesmo a tocar um mínimo histórico nos últimos meses, penalizada pela forte queda na procura por petróleo que acabou por atirar o preço do crude WTI até valores abaixo de zero dólares pela primeira vez na história. Já o banco liderado por Miguel Maya recuou 39,25% para 0,1232 euros e a telecom de Miguel Almeida — cujo negócio dos cinemas levou uma pancada em 2020 — desvalorizou 40,5%, tendo fechado o ano nos 2,858 euros por ação.
Retoma da economia impulsiona bolsas em 2021
O fim do ano está a determinar o tom para o arranque de 2021. A esperança é que a vacina traga a possibilidade de reabrir economias e, assim, ajudar à retoma, para a qual irão igualmente contribuir a bazuca do Banco Central Europeu, a que se junta a da União Europeia. A praça nacional será influenciada pelo andamento económico global, nomeadamente das grandes blocos como EUA, União Europeia e China, mas também por eventos políticos de 2021 como as eleições na Alemanha e na Holanda.
“Como a praça nacional tem sido das mais penalizadas desde o início da pandemia na primavera, agora, com o surgimento das vacinas, tem potencial para recuperar parte das significativas perdas”, considera o senior trader do Banco Carregosa. “As ações mais penalizadas pelo distanciamento social e as empresas cíclicas podem registar recuperação em 2021. As empresas exportadoras também podem capitalizar se os níveis de globalização regressarem a níveis pré-covid”.
Há, no entanto, riscos. “Os grandes riscos em 2021 passam por uma hipotética ineficácia da vacina, uma mutação do vírus que não esteja coberta pelas atuais vacinas contra a covid-19, o aparecimento de inflação indesejável e um fraco crescimento económico com desemprego associado. A inflação é o maior inimigo das bolsas, e existe esse receio crescente perante o aumento significativo da base monetária dos bancos centrais e as taxas de juro à volta de zero”, acrescenta o senior trader do Banco Carregosa.
(Notícia atualizada às 14h10)
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