Catarina Martins exige mais explicações sobre caso do procurador europeu
Catarina Martins lamentou que informações falsas em currículos sejam situações “comuns de mais em Portugal” exigiu mais explicações do Governo sobre o caso do procurador europeu José Guerra.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, lamentou esta sexta-feira que informações falsas em currículos sejam situações “comuns de mais em Portugal”, aguardando por mais explicações do Governo sobre o caso do procurador europeu José Guerra.
No final de uma visita a um centro de apoio a vítimas de violência doméstica, em Lisboa, Catarina Martins foi questionada se ficou satisfeita com as explicações do Governo sobre as notícias de que o executivo prestou informações falsas à União Europeia sobre o procurador José Guerra, que viria a assumir como “lapsos”.
“É difícil ficar satisfeito, é difícil perceber como uma coisa destas pode acontecer. Infelizmente, na política portuguesa já vimos várias vezes problemas de currículos, é talvez das matérias mais estúpidas, porque uma mentira num currículo só serve para uma coisa: para se ser apanhado, é o que acontece sempre. O que continua a acontecer é inaceitável e indesculpável”, afirmou.
A coordenadora do BE admitiu que “lapsos existem”, mas considerou que foi necessário “tempo de mais até se corrigir o lapso” e que tal apenas aconteceu depois de uma denúncia pública. “Era importante que este tipo de mecanismos, que são comuns de mais em Portugal, acabassem”, apelou.
Questionada se o BE apoiará o pedido do PSD para que a ministra da Justiça dê explicações sobre o caso no parlamento, Catarina Martins considerou importantes esses esclarecimentos por parte de Francisca Van Dunem. “Julgo que ela própria já se disponibilizou e, portanto, assim será”, afirmou.
A SIC e o Expresso noticiaram na quarta-feira à noite que, numa carta enviada para a União Europeia, o executivo apresentou dados falsos sobre o magistrado preferido do Governo para procurador europeu, José Guerra, depois de um comité de peritos ter considerado Ana Carla Almeida a melhor candidata para o cargo.
Na carta, a que os dois órgãos tiveram acesso, José Guerra é identificado com a categoria de “procurador-geral-adjunto”, que não tem, sendo apenas procurador, e como tendo tido uma participação “de liderança investigatória e acusatória” no processo UGT, o que também não é verdade, porque foi o magistrado escolhido pelo Ministério Público para fazer o julgamento, e não a acusação.
Na quinta-feira, o Ministério da Justiça admitiu “dois lapsos” no currículo que divulgou de José Guerra mas disse que vai diligenciar para que sejam corrigidos.
Em primeiro lugar, segundo a nota, a utilização do tratamento “Procurador-Geral Adjunto José Eduardo Guerra” e, em segundo lugar, “a indicação errónea da intervenção do candidato na investigação do processo da UGT”.
“De facto, nem o Procurador da República José Eduardo Guerra nem qualquer outro dos candidatos detém a categoria de procurador-geral adjunto, como resulta dos respetivos curricula, presentes no dossier em poder do Conselho da União Europeia e com base no qual este tomou a sua decisão”, refere a nota divulgada esta sexta-feira.
O magistrado português José Guerra foi nomeado em 27 de julho procurador europeu nacional na Procuradoria da União Europeia (UE), órgão independente de combate à fraude.
A Procuradoria Europeia é um órgão independente da UE, competente para investigar, instaurar ações penais e deduzir acusação e sustentá-la na instrução e no julgamento contra os autores das infrações penais lesivas dos interesses financeiros da União (por exemplo, fraude, corrupção, fraude transfronteiras ao IVA superior a 10 milhões de euros).
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