OCDE alerta Governos para riscos de nova austeridade

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) alerta que existem riscos face à atitude dos Governos perante as restrições aos gastos públicos. Laurence Boone, a economista-chefe da OCDE, defende, neste sentido, que se deve ter em atenção que uma nova austeridade acarreta riscos de uma reação popular.

A economista argumenta que existiria uma revolta dos cidadãos contra a renovada austeridade ou aumentos de impostos, caso os Governos quisessem retomar rapidamente os défices e dívidas aos níveis registados antes da pandemia, em declarações ao Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Para Boone, os países deveriam “sair da mentalidade de que temos regras orçamentais de tamanho único para colocar a dívida de volta na meta”. Para além disso, a economista considera que os Executivos devem continuar a usar a política orçamental, nomeadamente com gastos públicos mais altos e impostos mais baixos, para ajudar as economias a recuperar e reduzir o desemprego, à medida que o impacto imediato da pandemia diminui.

Laurence Boone apontou também que se devia retirar uma lição da última crise financeira. “O erro que cometemos não foi falta de estímulo durante a depressão em 2009″, argumenta, mas sim “mais tarde em 2010, 2011 e assim por diante, nos dois lados do Atlântico”. “A primeira lição é ter a certeza de que os governos não vão apertar [a política] no prazo de um a dois anos após a queda do PIB.”