Fórum para a Competitividade antecipa que economia portuguesa cresça no máximo 4% em 2021

O Fórum para a Competitividade estima que, no máximo, o PIB cresça 4% em 2021. No pior dos cenários, a recuperação será de apenas 1%, revertendo pouco dos "estragos" feitos pela pandemia em 2020.

O Fórum para a Competitividade está certo de que a recuperação económica em 2021 será mais branda do que a prevista pelo Governo no Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021). A entidade aponta para um crescimento do PIB de 1% a 4%, no máximo, o que contrasta com os 5,4% previstos pelo Executivo.

A queda do PIB, em 2020, poderá ser entre 8% e 10%, a que se deverá seguir uma recuperação limitada, em 2021, entre 1% e 4%“, revela a nota de conjuntura de dezembro, perspetivando que “é muito provável que o crescimento económico de 2021 seja ainda muito limitado no primeiro semestre, mas deverá ganhar força ao longo do ano”. O primeiro trimestre deverá ser particularmente difícil uma vez que tem o efeito de arrasto negativo do quarto trimestre de 2020, no qual o Fórum aponta para uma contração trimestral, interrompendo a recuperação registada no terceiro trimestre.

Há vários fatores a contribuir para uma aceleração ao longo do ano, nomeadamente a disseminação das vacinas, o que deverá levar a uma “menor necessidade de confinamento e restrições”, e as políticas orçamentais e monetárias na Zona Euro com o esperado arranque do fundo de recuperação europeu, o qual terá um “efeito expansionista”. Estes fatores contribuirão para o aumento da confiança dos consumidores e dos empresários. O turismo também recuperará, mas parcialmente.

O cenário mais negativo de crescimento de apenas 1% em 2021 justifica-se pelas “fragilidades especificamente portuguesas” nesta recuperação europeia. O Fórum para a Competitividade assinala as contas públicas “frágeis”, a “importância significativa de Espanha, o novo maior parceiro comercial, que terá tido a maior recessão da zona euro em 2020” e a “dependência muito significativa do turismo, um dos setores mais afetados no ano passado”.

Fonte: Nota de conjuntura de dezembro. Previsões do Fórum para a Competitividade para 2020 e 2021.

Dentro do intervalo identificado pelo Fórum para o crescimento da economia este ano estão apenas as previsões das duas últimas instituições que apresentaram números para Portugal. É o caso da OCDE e do Banco de Portugal, ambos em dezembro, com crescimentos de 1,7% e 3,9%, respetivamente. A tendência nas novas previsões tem sido de uma melhoria da queda prevista para 2020 e de uma deterioração do ritmo de recuperação.

Caso se confirme que o PIB tenha caído entre 8 a 10% em 2020, esta será uma década “perdida” para a economia portuguesa, a qual foi afetada por duas duras crises em apenas 10 anos. “A taxa de crescimento média anual da nossa economia no período 2011-2020 terá sido negativa (aproximadamente -0,1%)”, destaca a nota de conjuntura, referindo que esta “década de destruição de riqueza” é “algo inédito desde que há registos oficiais”.

Desemprego continuar a subir em 2021

Perante esta evolução do PIB, a questão que se coloca é como irá ser o desempenho do mercado de trabalho. A nota de conjuntura explica que a taxa de desemprego deverá estar sob dois efeitos opostos. Por um lado, a recuperação económica poderá permitir uma redução do desemprego. Por outro lado, “em 2021 deverá haver uma clarificação de quais as empresas que sobreviverão à pandemia”, lembra o Fórum, referindo os apoios significativos dados às empresas.

Nem todas [as empresas estão] com condições para ultrapassar a crise“, alerta, admitindo que os apoios diretos e indiretos poderão ter dado uma “margem de manobra” a muitas empresas. “Com o fim dos apoios e das moratórias chegará a hora da verdade, que poderá ser bem dura em alguns setores, prevendo-se que este segundo efeito prevaleça”, considera o Fórum.

A nota de conjuntura aponta para que o confronto dessas duas forças leve a um resultado negativo: a taxa de desemprego deverá ter fechado 2020 entre os 6,5% e os 7,5%, aumentando em 2021 para o intervalo de 8% a 10%.

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