Têxtil nacional em alerta com obrigatoriedade de máscaras FFP2 na Europa

Países europeus estão a tornar obrigatório o uso de máscaras FFP1 ou FFP2. Citeve alerta que medida vai prejudicar o setor têxtil português, principalmente no que respeita às exportações.

A Alemanha, a França e a Áustria tornaram obrigatório o uso máscaras FFP1 ou FFP2 em locais públicos e proibiram o uso de máscaras comunitárias. Para o Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (Citeve) esta decisão vai ter um impacto negativo no setor têxtil português principalmente nas exportações, tendo em conta que a indústria viu neste produto uma espécie de tábua de salvação.

“Esta regra vai ter um impacto muito negativo nas vendas e nas exportações de máscaras a partir de Portugal. Nós temos vindo a exportar muitas máscaras para países que fizeram agora esta alteração, como França e Alemanha. Este é um mercado que vai fechar portas às exportações, entre elas as portuguesas”, alerta o diretor geral do Citeve, Braz Costa.

Para o diretor do Citeve, esta obrigatoriedade nos países europeus prende-se especialmente com a falta de controlo de qualidade das máscaras. “Alemanha e a França são países que não produzem, que importam. Chegaram à conclusão que estariam a importar um mau produto” e na dúvida optaram por impor as FFP1 e FFP2. Se não houvesse dúvidas, nesses países, sobre a qualidade das máscaras comunitárias que circulam no mercado, não haveria razão para impor a obrigatoriedade do uso de FFP1 ou FFP2“, destaca Braz Costa.

Quando utilizadas corretamente, as máscaras FFP2 terão capacidade para filtrar pelo menos 94% das partículas. Para o diretor do Citeve, “não há nenhuma evidencia que um nível de filtração de 70% ou 95% sejam diferentes no tipo de utilização que se fazem às mascaras comunitárias. Temos máscaras de nível 2 com níveis de filtração de 90%”, explica Braz Costa. Acrescentando ainda que “no pressuposto de não existir nenhuma deriva de qualidade nós não vemos nenhuma razão para não usar as máscaras comunitárias certificadas”.

Se não houvesse dúvidas, nesses países, sobre a qualidade das máscaras comunitárias que circulam no mercado, não haveria razão para impor a obrigatoriedade do uso de FFP1 ou FFP2.

Braz Costa

Diretor geral do Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário

Braz Costa admite que “é possível fazer uma máscara que seja reutilizável e que responda a este nível de filtração com materiais têxteis. Existem vários exemplos desses no nosso país”, menciona. Para o diretor do Citeve o que está em causa “é o nível de proteção e não a tipologia da máscara”, e que cabe às autoridade de saúde decidir se devemos passar para um nível de filtração de 90% ou mais ou se devemos continuar a admitir as máscaras com 70% de filtração.

Tendo em conta esta novo nicho de mercado, Braz Costa adiantou ao ECO que o Citeve já está em processo de certificação das máscaras FFP2, mas que é “um processo caro, moroso e difícil de arranjar quem faça”. Braz Costa diz que Portugal tem “alguma capacidade” para produzir máscaras FFP2, embora fique a dúvida se será autossuficiente.

Apesar de o setor têxtil e vestuário continuar a ser castigado pela pandemia, as máscaras de proteção foram encaradas como uma espécie de tábua de salvação para o setor. Desde o início da pandemia, o Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário já certificou cerca de 3.300 modelos de máscaras. Atualmente estão a certificar cerca de 200 máscaras.

O diretor do Citeve apela a um maior controlo de qualidade nas máscaras que estão a circular no mercado. “Se não existir um controlo é um convite para que apareça no mercado tudo e mais alguma coisa, máscaras que não cumprem sequer os mínimos de qualidade”. Acrescentando ainda que “há muita porcaria no mercado, e isso inclui as mascaras cirúrgicas e as FFP2″.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) já apreendeu pouco mais que 1,4 milhões de máscaras por não cumprirem a devida certificação. Braz Costa admite que a ASAE está a fazer o seu trabalho, mas destaca que é “importante que seja conhecido o controlo que está a ser feito”.

“Nós vemos a proliferação de máscaras à venda que não têm evidencia nenhuma que a sua qualidade tenha sido controlado (…) Alerta que “uma deriva na qualidade das máscaras pode de facto levar a perigos desnecessários nesta situação pandémica que estamos a viver”, conta o diretor do Citeve.

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