Governo está a “equacionar” pedir ajuda internacional para combater a pandemia
A ministra da Saúde admitiu que há "formas de colaboração" internacional que estão a ser estudadas pelo Executivo num "momento extremo" da pandemia.
O Governo está a explorar a possibilidade de pedir ajuda internacional para lidar com a pandemia devido ao agravamento da situação que se vive no país, disse a ministra da Saúde, esta segunda-feira, em entrevista à RTP. Quanto a apertar ainda mais as restrições à população, Marta Temido diz que já não há muito por onde fechar.
“O Governo português está a acionar todos os mecanismos de que dispõe, designadamente no quadro internacional para garantir que presta a melhor assistência aos seus utentes“, começou por responder a ministra Marta Temido quando questionada sobre a possibilidade, a que outros países recorreram na primeira vaga do vírus. “Há mecanismos e formas de obter auxílio e enquadrar formas de colaboração. Naturalmente que as estamos a equacionar“.
Em causa está a transferência de doentes por falta de recursos para os tratar como aconteceu com franceses e italianos, infetados com Covid-19, que foram transferidos para hospitais na Alemanha e Suíça na primeira vaga.
A ministra lembra que, “geograficamente, temos uma posição distinta dos países do centro da Europa, onde a vida é diferente e onde, mesmo em situação normal, aspetos como a transferência transfronteiriça de utentes já acontece como uma realidade simples”, bem como que “a situação na Europa é preocupante”. No entanto, admite a possibilidade devido ao número de casos de infetados no país.
Há atualmente mais de 5.600 doentes internados com Covid-19 só no Sistema Nacional de Saúde, dos quais 760 em unidades de cuidados intensivos. “Nunca esta realidade foi sequer imaginável”, avisa a governante, que identifica o problema na falta de médicos, enfermeiros e assistentes hospitalares. “Temos camas disponíveis, o que não temos é recursos humanos”, apontou.
A situação agravou-se desde o final do ano passado, com o número de novos casos e mortos a renovar máximos históricos. Foi esta realidade que levou à implementação de um novo confinamento, com fecho de grande parte das atividades económicas que não possam operar em teletrabalho e (mais recentemente) das escolas. Sobre o aumento das medidas, Marta Temido diz que não há grandes opções.
“Penso que nós temos um confinamento extraordinariamente austero e penso que um momento como o que estamos a atravessar é um momento extremo, em que temos de perceber que as medidas que temos são extremas, são as mais gravosas”, afirmou. “O que falta mais fazer? Só alguma atividade fabril”, acrescentou.
Em simultâneo, o plano de vacinação avança e está prestes a entrar numa nova fase na próxima semana. Na primeira fase foram já vacinados profissionais de saúde essenciais, bem como residentes e profissionais em lares. Agora, vão começar a ser vacinados também profissionais de outros serviços essenciais, incluindo titulares de órgãos de soberania, bem como pessoas com mais de 50 anos e patologias de risco.
Apesar de sublinhar que há a possibilidade de as farmacêuticas atrasarem a produção de vacinas, a ministra da Saúde garantiu que se os planos de entregas para os próximos meses forem cumpridos então será possível cumprir os objetivos de vacinação.
(Notícia atualizada às 21h50)
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