85% das empresas dizem que apoios do Governo contra a Covid não são suficientes
Apenas 40% das empresas portuguesas pediu apoio nos últimos três meses, sendo que a maioria refere que não se ajustava aos critérios de elegebilidade.
Janeiro foi um mês “terrível” para as empresas nacionais, cuja maioria assistiu a uma quebra nas vendas. Contudo, apesar desse impacto, 60% dos empresários optou por não aderir aos apoios do Governo, uma vez que 85% considera que estes são insuficientes. Esta é uma das conclusões do inquérito da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), que mostra ainda que as expectativas para o futuro estão “amplamente prejudicadas”.
“Houve uma deterioração das condições de atividade económica de forma muito relevante em janeiro”, diz Óscar Gaspar, vice-presidente da CIP, durante a apresentação de mais um inquérito esta segunda-feira, dando nota de um “terrível mês de janeiro para as empresas”.
O inquérito, realizado com mais de 500 empresas, conclui que 67% das entidades encontram-se atualmente em funcionamento, uma percentagem que mostra uma “descida significativa” face ao último inquérito (85%). Das empresas que continuam a laborar, 66% mantiveram os prazos de pagamento aos fornecedores, enquanto apenas 12% diminuíram.
Destaque ainda para 63% das empresas que viram uma quebra nas vendas e na prestação de serviços, enquanto apenas 33% dos empresários vendeu a novos clientes. Quanto a prazos de recebimento, 60% das empresas mantiveram estes prazos, 30% aumentaram-nos e 10% diminuíram-nos. No que diz respeito a perspetivas de vendas entre janeiro e abril, para 53% estas diminuíram e apenas para 31% das empresas as expectativas mantiveram-se.
Um dos pontos positivos destacados por Óscar Gaspar tem a ver com o emprego e a expectativa do mercado de trabalho. “Face àquilo que tem sido a quebra, o mercado de trabalho tem vindo a sustentar-se. Tem havido um esforço por parte das empresas para salvaguardar postos de trabalho”, disse o responsável. O inquérito revela que 78% das empresas querem manter os funcionários, enquanto 15% pensa cortar e 7% planeiam contratar.
Mas no que toca ao investimento que as empresas planeiam fazer, os dados são “mais preocupantes”. Em média, para 2021, 46% dos empresários vão diminuir o montante de dinheiro a aplicar, enquanto apenas 41% planeia manter.
Critérios e regras de acesso a apoios “não se ajustam” às empresas
Face a este cenário, esperar-se-ia que as empresas aderissem em massa aos apoios criados pelo Governo. Mas os dados mostram o contrário. Apenas 40% dos empresários pediram ajuda ao Estados nos últimos três meses, sendo que desses, 7% viram as candidaturas rejeitadas, revela o inquérito da CIP. “Porque, infelizmente, constataram que os critérios e as regras de acesso não se ajustavam”, diz o vice-presidente da CIP.
Óscar Gaspar afirma mesmo que “há uma deficiente definição dos apoios, que por si já são escassos, e mesmo os que existem não tem capacidade de acorrer às empresas portuguesas”. O responsável nota que 85% dos empresários considera que os apoios criados são insuficientes.
Ainda assim, este inquérito da CIP mostrou que 51% das empresas consideram que as medidas criadas recentemente, no contexto sanitário, são adequadas, enquanto apenas 26% as considera insuficientes. Nota ainda para 15% que vê estas medidas como demasiado restritivas.
(Notícia atualizada às 17h17 com mais informação)
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