Endividamento da economia fecha 2020 com recorde de 745,8 mil milhões de euros

Em dezembro, o endividamento de todos os agentes económicos (excluindo a banca) subiu pelo sexto mês consecutivo. Montante representa 368,8% do PIB, mais 32 pontos percentuais que no fim de 2019.

O endividamento da economia fechou 2020 num recorde de 745,77 mil milhões de euros, interrompendo a tendência de quebra que se vivia nos anos últimos anteriores. A dívida acumulada por famílias, empresas e Estado aumentou cerca de 27,4 mil milhões de euros na totalidade do ano, de acordo com dados do Banco de Portugal (BdP).

“Este aumento resultou do acréscimo de 24,9 mil milhões de euros no endividamento do setor público e do aumento de 2,5 mil milhões de euros no endividamento do setor privado”, explica o relatório do Banco de Portugal, sobre a totalidade do ano. Do total da dívida, 342,5 mil milhões de euros dizem respeito ao setor público e 403,3 mil milhões de euros ao setor privado.

O endividamento de todos os agentes económicos (excluindo a banca) tinha vindo a cair nos últimos anos, mas essa trajetória foi interrompida pela pandemia. Dezembro foi o sexto mês consecutivo de subidas, sendo que, em relação a novembro, o aumento foi de 2,93 mil milhões de euros. O surto de Covid-19 obrigou os vários governos a aumentarem a despesa pública com medidas de apoio às empresas e trabalhadores, como os programas de lay-off e linhas de crédito com garantias públicas, algo que também foi seguido pelo Governo português.

“A subida do endividamento do setor público refletiu-se no aumento do financiamento concedido por todos os setores financiadores, com destaque para o setor financeiro (16,6 mil milhões de euros), seguido das próprias administrações públicas e do exterior”, explica o supervisor.

Já no setor privado, o incremento de 2,3 mil milhões de euros nos particulares foi obtido quase na totalidade junto da banca. O endividamento das empresas privadas aumentou 200 milhões de euros, sendo que o aumento do endividamento face ao setor financeiro (de 5,8 mil milhões de euros) foi compensado pela diminuição do endividamento face às empresas e ao exterior.

O reforço da dívida pública e privada foi acompanhado por um tombo de 7,6% na economia, o que também penalizou o rácio do endividamento da economia face ao PIB. Este indicador fixou-se em 368,8% no fim de 2020, o que representa um aumento de 32 pontos percentuais face a rácio de 336,8% do PIB registado no fim de 2019. De acordo com o BdP, 19,2 pontos percentuais deveram-se à redução do PIB. Apesar de o valor nominal ser o mais alto de sempre, quando medido através do peso na economia, o endividamento ainda não chegou ao máximo histórico da crise da dívida soberana.

Endividamento sobe desde julho

Fonte: Banco de Portugal

(Notícia atualizada às 11h20)

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