Preparada para reabrir, restauração pede rapidez no plano de desconfinamento para se poder “organizar”

O chef José Avillez está pronto para abrir portas novamente, mas salienta a importância de se conhecer o plano de desconfinamento o mais rapidamente possível para haver tempo de preparar tudo.

Quando é que podemos voltar a… É a nova rubrica diária do ECO, numa altura em que se assinala um ano desde que foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal. Com o confinamento, muitas atividades fecharam portas e a nossa vida mudou. Com a descoberta e distribuição das vacinas, muitos países e algumas atividades já começam a planear o desconfinamento. Em Portugal, quando é podemos voltar ao nosso local do trabalho e às escolas? Quando é que poderemos voltar aos festivais de música e viajar sem restrições? E ao cinema, aos museus e a uma discoteca? Quando é que poderemos voltar a ver futebol nos estádios e ir ao ginásio? Nesta série de artigos fomos falar com responsáveis de cada um desses setores.

Obrigados a fechar portas devido ao confinamento, os empresários da restauração tiveram de arregaçar as mangas e encontrar maneiras de continuar a faturar, embora muito menos do que o normal. Depois de um 2020 completamente perdido, 2021 segue pelo mesmo caminho, embora a esperança seja um pouco maior. Ir a um restaurante não é como antes e o futuro permanece incerto. Acrílicos, máscaras, distâncias entre mesas… até quando fazer uma refeição fora terá estes adereços? O ECO falou com o chef José Avillez, dono de sete restaurantes em Portugal e um no Dubai, para perceber quais são as expectativas do setor quando aos próximos meses e, sobretudo, quanto ao regresso à normalidade.

Perdas de faturação entre os 60% e os 70%, lay-off e muito trabalho perdido. É assim que o chef Avillez olha para estes 12 meses de pandemia. “São dois anos apagados [2020 e 2021] e esses dois anos custam também os últimos dois ou três anos de trabalho. São praticamente cinco anos de trabalho em termos empresariais que desapareceram devido a estes dois anos tão maus“, diz ao ECO.

A 20 de janeiro, o chef anunciou o encerramento dos sete restaurantes que tem no país. Nem ao take-away quis recorrer, uma possibilidade permitida pelo Governo. Hoje, mais de um mês depois, só espera pelo sinal do Governo para poder voltar a abrir portas. “Estamos mesmo à espera de ter condições para isso”, diz, recusando fazer “futurologias”. “Fechámos quando nos mandaram e vamos reabrir quando nos mandarem reabrir. Quando pudermos, estaremos prontos”, afirma, sublinhando desconhecer quando isso acontecerá.

Chef José Avillez, dono dos restaurantes Belcanto, Bairro do Avillez, Cantinho do Avillez, Canto, Gourmet Experience, Mini Bar, Pizzaria Lisboa e Tasca (Dubai).

Mas o chef Avillez aponta um detalhe importante: a preparação em termos técnicos. “O mais preocupante nesta fase é não sabermos quando vai ser [a reabertura de portas]. Porque, por exemplo, 15 dias é um período muito curto e não dava para tratar de tudo. Começa a ser urgente que nos deem um plano de desconfinamento porque, enquanto empresário, é difícil viver nesta incerteza e ansiedade“, afirma, detalhando a importância de se “organizar” em termos de tesouraria, equipas, etc.

Perante esta situação financeira, o chef nota que os apoios do Governo até ao momento não são suficientes. “Sei que estamos longe de ser um país rico e, por isso, não sei até que ponto se pode ajudar mais. Mas tenho a certeza que ainda virão mais apoios porque os que foram comunicados diziam respeito a uma realidade do passado completamente diferente“, explica. “Todos os meses se perde muito dinheiro e já se percebeu que vamos ter um ano muito complicado pela frente”.

O que vai mudar na ida a um restaurante? Quando voltará a ser como antes?

Na fase inicial do desconfinamento, o chef diz que tudo deverá ser como até aqui. Nesta fase de pandemia, claro. “Será como antes. As máscaras e o distanciamento continuam, mas espero que aos poucos se reduzam o distanciamento entre as mesas para podermos voltar à normalidade”, diz, depois de um primeiro semestre “praticamente perdido” e de um segundo semestre “que não se espera que seja muito brilhante”.

Sobre um regresso à normalidade, o chef Avillez diz que se trata de mais uma futurologia, visto que depende de muitos fatores. “Acredito que em 2022 estará tudo normal. Até lá depende tudo da vacinação e do aparecimento de possíveis novas estirpes. O verão vai parecer quase normal e, se tudo correr bem, no fim do verão já estaremos mais perto da imunidade de grupo e a partir daí será sempre a melhorar”, afirma.

É sempre um banho de humildade. Aprendemos a ter estruturas mais enxutas e a prevenir-nos até de coisas que nunca imaginamos que possam acontecer.

Chef José Avillez

Apesar de todas as consequências, ainda se podem tirar coisas positivas da pandemia. “É sempre um banho de humildade. Aprendemos a ter estruturas mais enxutas e a prevenir-nos até de coisas que nunca imaginamos que possam acontecer”, diz o chef, que afirma, contudo, que “as coisas boas que se aprenderam na pandemia não compensam tudo o que de mau aconteceu”.

Para os próximos meses, “o estado de espírito é continuar nesta guerra”, diz, “mas com a esperança de que vá melhorar”. Depois de “uma pandemia que veio roubar praticamente dois anos”, o chef Avillez acredita que “vamos voltar aos loucos anos 20 e que as pessoas vão querer sair mais para se divertirem”.

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