Acionista da Groundforce tenta acordo com Governo para pagar salários, mas nacionalização “não está afastada”
Alfredo Casimiro, dono da Pasogal, vai tentar fechar acordo com o Governo ainda esta quarta-feira, o que poderá permitir que o pagamento de salários já na quinta-feira.
O maior acionista da Groundforce espera conseguir ainda esta quarta-feira um acordo com o Governo para desbloquear verbas e pagar os salários em atraso. No entanto, este não está ainda fechado e o presidente do Conselho de Administração e dono do principal acionista, Alfredo Casimiro, admite que o cenário de nacionalização ainda não está afastado.
“Não está totalmente afastada. É um cenário que está em cima da mesa“, diz Alfredo Casimiro, quando questionado sobre a nacionalização durante uma manifestação de trabalhadores junto à sede da empresa. Esse cenário só estará afastado quando for conseguido financiamento para pagar os salários de fevereiro dos 2.398 trabalhadores, de acordo com Casimiro, dono da Pasogal (que detém 50,1% da Groundforce, enquanto a TAP detém outros 49,9%).
“Acreditamos até ao final que vamos conseguir chegar a um acordo escrito entre a Pasogal e o Ministério das Infraestruturas para desbloquear uma verba de seis milhões de euros”, explicou, depois de se reunido com o ministro Pedro Nuno Santos na noite passada. Garantiu que “se hoje ficar assinado o acordo, acredito que amanhã teremos a situação resolvida“. Ou seja, os salários pagos.
Tal como todo o setor da aviação, a atividade da Groundforce tem sido fortemente penalizada pela pandemia e a empresa tinha pedido em julho uma garantia pública para um empréstimo de 30 milhões de euros. Essa garantia nunca chegou a receber o aval do Governo e a Groundforce acabou por entrar em rutura de liquidez.
Para pagar os salários de fevereiro, pediu o adiantamento do pagamento, em parte ou no todo, das faturas emitidas à TAP pelos serviços prestados em dezembro 2020 e janeiro 2021 e que totalizam 6 milhões de euros, mas a companhia aérea não aceitou. Pelo contrário, a TAP propôs o adiantamento de dois milhões de euros por serviços ainda não prestados referentes a maio de 2021 e pedia como garantia o penhor das ações detidas pela Pasogal, o que o acionista classificou na terça-feira como “incompreensível” e “ilegal”.
Alfredo Casimiro diz agora que mudou de ideias. “A contrapartida é aceite pelo acionista maioritário. Vou dar as minhas ações como penhor. A Pasogal está disponível para dar as ações como garantia às faturas vencidas do mês de dezembro e janeiro”, disse esta quarta-feira.
Quanto ao empréstimo de 30 milhões de euros com garantia pública — que continua sem estar fechado –, poderá também obrigar a uma garantia privada que deverão ser as mesmas ações. “Neste momento, esse tema ainda não foi aprovado, mas é possível que preveja”, respondeu.
Por último, o acionista deixou ainda em aberto a possibilidade de um aumento de capital, mas lembra que para isso será necessário ter o ok de todos os parceiros. “Temos capacidade financeira para um aumento de capital, mas tem de ser analisado e discutido em assembleia geral com os três sócios: Pasogal, TAP SGSP e a própria Portugália”, acrescentou Alfredo Casimiro.
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