Mais do que quotas, empresas devem criar condições de trabalho para as mulheres, diz Salvador de Mello

Salvador de Mello defende que mais do que estabelecer quotas de participação das mulheres nas empresas, o tecido empresarial deve apostar nas condições de trabalho oferecidas ao sexo feminino.

O presidente executivo do Grupo José de Mello defende que mais do que estabelecer quotas de participação das mulheres nas empresas, o tecido empresarial deve apostar nas condições de trabalho oferecidas ao sexo feminino, nomeadamente através da flexibilização do horário de laboral e do apoio à maternidade, para promover a igualdade de género.

Apesar de admitir que as quotas são “uma tendência natural” para combater a desigualdade de genérico, Salvador de Mello considera que “as quotas não são solução para o problema”. “O que me parece fundamental é ter em atenção às condições de trabalho oferecidas às mulheres”, disse na conferência “As mulheres e o emprego: desta vez um debate com homens e mulheres”, promovido pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) para assinalar o dia Internacional da Mulher.

Nesse sentido, o CEO do grupo a qual pertencem os hospitais Cuf defende que o tecido empresarial deve apostar numa maior flexibilidade laboral, “ver com bons olhos a maternidade nos primeiros meses e ao longo da vida”, bem como ” respeitar que as mulheres têm “tarefas importantes” a nível do apoio à família que vão além do desempenho profissional. “As mulheres são um recurso fundamental, que queremos apoiar e reter”, sublinha.

Ao mesmo tempo, tanto José Luís Arnault, presidente do Conselho de Administração da ANA – Aeroportos de Portugal, como Jorge Magalhães Correia, presidente do Conselho de Administração da Fidelidade, referem que a imposição de quotas é “um ponto de partida” para impulsionar a igualdade de género, bem como, para corrigir as “injustiças do passado”, mas destacam que a meritocracia tem de continuar a “existir para homens e mulheres”.

Já Isabel Barros, presidente da APED e vice-presidente da CIP, sinaliza que “fundamental” continuar a existir quotas de participação nas empresas, como “impulsionador artificial” e alerta que “quando misturamos o mérito com as quotas desvirtuamos a discussão”.

Durante a conferência digital sobre igualdade de género no acesso e promoção das mulheres no emprego, todos os participantes consideram que a defesa pela igualdade de género deve ser feita em toda a sociedade, tanto por homens como mulheres, e que apesar de a desigualdade ser ter reduzido nos últimos anos ainda “há um caminho a percorrer”. “É importante estes dias existirem porque importante não nos esquecermos da história”, sinalizou Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde.

Nesse contexto, o grupo Vinci considera que “a diversidade é uma vantagem competitiva”, sendo que na empresa 35% dos colaboradores são mulheres e 28% dos lugares de chefia são ocupados por mulheres. “Este é um reflexo claro da evolução das carreiras no setor dos transportes”, afirmou José Luís Arnault.

A realidade é semelhante no grupo José de Mello, que considera “é fundamental atrair, desenvolver e atrair talento” e que defende que “é evidente que há muito talento feminino”. Neste grupo, 22% dos cargos de administração são representados por mulheres e há cerca de 40% de mulheres em cargos de liderança, segundo apontou Salvador de Mello. Mas há empresas do grupo em que essa realidade é ainda mais visível, como por exemplo na Cuf em que “mais 50% de cargos de alta direção são liderados por mulheres” e “mais de 80% dos recrutamentos são femininos”.

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