Passagem de alojamento local para arrendamento mais longo pressiona rendas
"A colocação de produto de alojamento local no mercado de arrendamento de longa duração tem aumentado a oferta, colocando pressão sobre as rendas", conclui estudo.
A disponibilidade e o custo de financiamento poderão ser os fatores com maior impacto nas decisões de investimento imobiliário e nos preços do segmento comercial, segundo um estudo da consultora Cushman & Wakefield hoje divulgado.
Na segunda edição do estudo “Covid-19 Portugal Market Update”, a consultora conclui que “a disponibilidade e o custo do financiamento poderão ser os fatores que mais irão impactar as novas decisões de investimento e, por conseguinte, os preços praticados nos vários setores do imobiliário comercial, revelando-se uma maior resiliência dos ativos core e core plus”.
No documento, a consultora imobiliária reafirma que o investimento em 2020 “alcançou historicamente o terceiro maior volume de transações com 2.800 milhões de euros, altamente influenciado por três grandes negócios”.
Quanto ao setor dos escritórios, é necessária “uma maior clareza sobre os impactos na procura e ocupação dos espaços”, indica a consultora, acrescentando que a maioria dos ocupantes “tem mantido uma estratégia cautelosa de espera” sobretudo quanto a pré-arrendamentos.
“À semelhança do ano de 2020, antecipa-se que a resistência à pressão de descida nos valores de arrendamento continue a ser compensada por uma maior flexibilidade dos proprietários em conceder incentivos, nomeadamente maiores períodos de carência de rendas”, lê-se no documento.
Segundo a Cushman & Wakefield, “a atual falta de oferta de qualidade poderá vir a ser suprimida pela entrada de novo produto no mercado, encontrando-se atualmente 172.200 m2 [metros quadrados] em construção em Lisboa e 46.000 m2 no Porto, dos quais 42% e 63% respetivamente já têm ocupação garantida”.
Já o setor do retalho tem sofrido impactos heterogéneos nos níveis de procura, indica a consultora. “No comércio de rua, as localizações mais dependentes do turismo foram as mais fustigadas, ao passo que as lojas de bairro e de conveniência revelaram ser as mais resilientes”, afirma.
A evolução das rendas prime refletem a heterogeneidade do setor, com os centros comerciais e comércio de rua com descidas em 2020 entre 2% e 4%, enquanto os retail parks registaram um aumento de 5%.
“A suspensão de rendas fixas em centros comerciais e a moratória de rendas aumentou a tensão entre retalhistas e proprietários/gestores, que ainda assim chegaram a diversos acordos diretos”, refere a consultora.
Por sua vez, a procura no setor industrial e logístico aumentou, “com o volume de absorção a mais do que duplicar no ano transato”. “O crescimento robusto das vendas online deverá continuar a contribuir para este dinamismo acrescido”, realça a consultora, acrescentado que “o interesse renovado neste setor, quer por parte de ocupantes quer de promotores, poderá sustentar a canalização de capital para esta classe de ativos, trazendo ao mercado de investimento mais oportunidades”.
Neste contexto, a Cushman & Wakefield antecipa que “novos players entrem no mercado a curto prazo suportando a atratividade do setor, com destaque para os principais eixos logísticos e os setores-chave que se encontram em franco crescimento”.
Quanto à hotelaria, setor fortemente atingido pela crise, “sublinha-se a retoma positiva dos níveis de ocupação no passado período de verão, que poderá dar esperança aos operadores para este ano, também sustentado pela provável democratização dos passaportes de vacinação nas políticas de viagem”.
“Os investidores neste setor continuam à espera de oportunidades, embora a maioria dos proprietários prefira aguardar cautelosamente de forma a evitar ajustamentos nos preços de transação”, diz a consultora.
No segmento residencial, apesar de a crise ter impactado a conclusão de negócios por parte de compradores estrangeiros, “a procura nacional conseguiu sustentar os níveis de procura”. “A correção nos preços de venda de apartamentos que vinha a ser registada já desde 2019 foi acelerada pelos efeitos da pandemia, registando no ano passado quebras de 3% em Lisboa e 6% no Porto”, lê-se no documento.
Segundo a consultora, “a colocação de produto de alojamento local no mercado de arrendamento de longa duração tem aumentado a oferta, colocando pressão sobre as rendas, com reduções que atingem os 10% em Lisboa e Porto em 2020”.
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