Aumento de capital na Groundforce só avança se for prolongado contrato de serviços com a TAP
Acionista privado Alfredo Casimiro desenhou uma série de pedidos na carta que enviou à TAP e ao Governo. Diz estar a "considerar" o aumento de capital, mas com condições.
O acionista privado da Groundforce, Alfredo Casimiro, aceitou “considerar” a proposta do Governo e da TAP de um aumento de capital na empresa de handling, mas enviou uma carta com condições. Um dos pedidos que o empresário faz é a renovação do contrato com a companhia aérea, que é responsável por 70% do negócio da Groundforce.
O aumento de capital de 7 milhões de euros tem de ter “como pressuposto a reunião das condições necessárias à preservação e continuidade da empresa, pois só dessa forma se poderá garantir, de forma sustentada, a manutenção dos 2.400 postos de trabalho da SPdH [Serviços Portugueses de Handling]”, refere a carta enviada por Alfredo Casimiro, dono da Pasogal (que detém 50,1% da empresa), à TAP (que detém diretamente 43,9% e indiretamente, através da Portugália, os restantes 6% do capital), com cópia para o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, e a que o ECO teve acesso.
A continuidade da empresa que Casimiro pretende está relacionada com a renovação do contrato com a TAP, sabe o ECO. O atual contrato de serviços é válido até dezembro de 2022 e o empresário já disse pretender uma renovação por, pelo menos, cinco anos e este deverá ser um dos pedidos que vai fazer ao Governo com argumento de que é necessária uma abordagem de longo prazo para resolver os problemas da empresa. Mas esta não é a única condição para aceitar o aumento de capital.
Ao contrário do pretendido pelo Governo e pela TAP, o dono da Pasogal pede a convocação de uma Assembleia Geral se acionistas na qual os três possam desenhar a operação em conjunto. E nesse desenho deverá ficar explícito que não há lugar à entrada de novos parceiros.
“Estamos disponíveis para considerar a realização de um aumento do capital social da SPdH, reservado a acionistas, na modalidade de aumento de capital por novas entradas em dinheiro, com emissão de novas ações, a subscrever a um valor por ação baseado na avaliação da SPdH já feita em 2018 pela Sycomore Corporate Finance, avaliadora sugerida pela TAP SGPS e Portugália e aceite pela Pasogal, avaliação essa a adaptar em função dos impactos da Covid-19″, refere a carta.
O preço é igualmente uma linha vermelha para o empresário. A proposta do Governo é que seja feita a emissão de 697 mil novas ações com o valor nominal de 10 euros, num total de 6,97 milhões de euros. O dono da Pasogal pede que seja usada uma avaliação feita em 2018 como base para o preço, sendo feita uma atualização com o impacto da pandemia.
O ECO perguntou a fonte oficial do dono da Pasogal sobre este valor, mas não foi possível obter resposta. Questionado sobre a disponibilidade para alterar os termos da operação, nomeadamente o preço, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação disse apenas que vai analisar a carta.
Não fica claro na missiva se Casimiro quer ou não acompanhar a operação. Se a operação avançar nos moldes propostos pelo Governo e o empresário não acompanhar, a TAP poderá passar a ser a maior acionista da Groundforce. Além do empresário é preciso que também a Comissão Europeia aprove esta operação já que a TAP está a receber apoio público.
Nascida em 2003, a empresa de handling era totalmente detida pela TAP, que foi forçada pela Autoridade da Concorrência europeia a vender a maioria do capital. A privatização, com a alienação aos espanhóis da Globália, acabou por gerar uma guerra acionista e a participação acabaria em 2008 nas mãos da banca. Em 2012, o Governo fecha novo negócio com o Grupo Urbanos de Alfredo Casimiro.
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