Falta de turistas espanhóis e nacionais na Páscoa é “grande machadada”, diz Turismo do Norte
Para a Semana Santa, o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) estima taxas de ocupação na hotelaria da região Norte a oscilarem "entre os 5 e os 10%".
O presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) afirmou esta quinta-feira que a falta de turistas espanhóis, pelo encerramento de fronteiras, e portugueses, impedidos de circular no país, na Páscoa é “uma machadada grande” no setor.
“As expectativas são bastante más (…). Não só pela falta de turistas espanhóis, provocada pelo encerramento de fronteiras [motivado pela pandemia de covid-19], mas também pelas restrições à circulação, por parte dos turistas nacionais (…). É, de facto, uma machadada grande”, afirmou à agência Lusa Luís Pedro Martins.
Para a Semana Santa, o presidente da TPNP estima taxas de ocupação na hotelaria da região Norte a oscilarem “entre os 5 e os 10%”.
“A Páscoa sempre foi um momento importante na região, muito assente em produtos como a ‘city short break’ ou o turismo religioso, com grande expressão na região, alavancado em cidades como Braga ou Lamego. Nessa altura do ano, tínhamos taxas de ocupação acima dos 80% na região Norte e de 90% no Minho. Hoje estamos todos entre os 5 e os 10%”, referiu.
No entanto, o responsável considerou que “já se consegue ver uma luz ao fundo do túnel” e garantiu que a entidade regional “está já a trabalhar para o dia seguinte” que, espera, chegue “rápido”.
Luís Pedro Martins estima alguma retoma “a partir do verão”.
“Queremos acreditar que tal possa começar a acontecer partir do verão e pomos a fasquia para que até 2023 possamos ir em crescendo até atingirmos números semelhantes aos que tínhamos antes da pandemia, quando a região estava bem e crescia 10% acima da média nacional”.
Segundo o presidente da TPNP, a região “tem todas as condições para voltar” a atingir aqueles números.
“Num esforço grande que estamos a fazer entre todos, com todos os setores alinhados, com a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), entidades de turismo, as Comunidades Intermunicipais (CIM), os municípios”, há já muitas ações “prontas e previstas”, disse.
Para o responsável, “a pandemia acabou por permitir esse trabalho de casa”, de se ter estruturado novos produtos para apresentar agora ao novo perfil de turista.
“Estamos preparados e prontos. Estamos, neste momento, a fazer algumas ações junto dos nossos mercados. Estamos a semear para colher mais tarde”, sublinhou.
Questionado sobre os apoios ao setor, disse que “têm chegado, nem sempre no tempo útil”.
“As linhas de apoio da Turismo de Portugal às micro e médias empresas têm chegado de forma bem rápida. As outras que dependem da banca estão sempre um pouco mais atrasadas”, especificou, defendendo a necessidade de manutenção e até o “aprofundamento” dos apoios no período pós-pandemia de covid-19.
Luís Pedro Martins considerou que “a própria pandemia vai manter-se e cada vez que passa destrói mais a tesouraria das empresas”, sendo necessário, por isso, “perceber a importância que este setor teve até à chegada da pandemia, sendo um motor da economia portuguesa, representando 15% do Produto Interno Bruto (PIB) e pela capacidade de arrastamento de outros setores”.
“Quando o turismo está bem, o têxtil, as loiças, os transportes, as agências de viagens, tudo o resto também está melhor“, insistiu.
O responsável reclamou “uma atenção muito particular não só para a capitalização das empresas, mas também para a promoção do país e das regiões”, porque após a pandemia o setor “vai entrar numa grande competição com os concorrentes mais diretos como Espanha, França e Itália”.
“É preciso termos armas semelhantes para entrarmos na batalha da promoção e da captação de novos turistas. Sabemos que não vai ser fácil. É preciso que esteja recuperada, primeiro, a confiança por parte dos turistas e, depois, que as companhias comecem a operar”, adiantou.
O presidente da TPNP disse ainda estar “muito preocupado com a conectividade aérea da região”.
“Nós dependemos já, em grande parte, dessa conectividade e é preciso voltar a tê-la com companhias e com rotas a voar para a região. É essa a nossa expectativa. Que o possamos fazer junto das entidades, do Governo, da Turismo de Portugal porque só assim é que voltaremos a conseguir ter uma oferta turística preparada para receber os turistas que eu acredito que vão regressar”, frisou.
A região Norte, disse, “conseguiu atravessar toda a pandemia, mantendo elevados índices de notoriedade, expressos nos prémios, que conseguiu vencer durante o ano de 2020”.
Destacou a distinção atribuída “a Braga como Melhor Destino Europeu, os vários prémios nos World Travel Awards, nas Great Wine Capitals Awards e da Marca Portugal classificada em terceiro lugar a nível mundial”.
“Todas estas coisas fazem-nos acreditar que voltaremos a ter turistas, mas também temos de ter empresas capazes de os receber e com a mesma qualidade de oferta que tínhamos antes da pandemia”, alertou.
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