Segundo confinamento “cria” mais 30 mil desempregados. Maioria são mulheres e têm ensino secundário
Os números do IEFP mostram que mais 30 mil desempregados inscreveram-se nos centros de emprego em janeiro e fevereiro. A maioria são mulheres, têm o ensino secundário e são do setor dos serviços.
Portugal já estava com restrições por causa da pandemia, mas o país entrou em confinamento em meados de janeiro, ditando o fecho de portas da maioria dos negócios. Apesar dos apoios que estão no terreno, já há indícios do impacto deste segundo confinamento no mercado de trabalho: há quase mais 30 mil desempregados inscritos no IEFP, dos quais a maioria são mulheres, pessoas com o ensino secundário e que trabalhavam no setor dos serviços.
Nos dois primeiros meses do ano, num período de confinamento em Portugal, o número de desempregados inscritos no IEFP aumentou em 29,6 mil pessoas, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional. Este é o maior aumento do desemprego registado em Portugal desde março e abril de 2020, o período do primeiro confinamento mais restritivo, em que se registaram 77 mil desempregados, mas é de realçar que este foi o primeiro impacto, que nesta altura a incerteza ainda era maior e que os apoios do Estado ainda não estavam no terreno, tendo as empresas feito queixas dos atrasos. No total, entre março e setembro do ano passado registaram-se quase mais 100 mil desempregados.
Em outubro e novembro, o desemprego aliviou, mas em dezembro voltou a agravar-se ligeiramente. A tendência intensificou-se no início deste ano por causa do confinamento com o número de desempregados inscritos no IEFP a atingir um máximo de maio de 2017, apagando pelo menos dois anos de criação de emprego em Portugal. O impacto foi maior no feminino com mais 17.679 mulheres a inscreverem-se no IEFP, em comparação com mais 11.910 homens. Acresce que, no total, há mais mulheres desempregadas (240 mil) do que homens (190 mil).
Por nível de escolaridade, os menos afetados foram os trabalhadores mais escolarizados, com o ensino superior (+1.608), que continuam a ser a franja da população com menos desempregados inscritos no IEFP. Os mais afetados foram os indivíduos com o ensino secundário (+9.740), mantendo-se como a franja da população com mais desempregados inscritos no IEFP. Nos níveis mais baixos de escolaridade os aumentos vão dos 3.000 aos 8.000.
Em termos regiões, a maioria dos novos desempregados registados entre dezembro e fevereiro está em Lisboa (+16.113 ou +12,9%), mas o Norte, onde se registou um aumento de 9.634 desempregados (+6,4%), continua a ser a região com mais desempregados (mais de 150 mil). A região do Algarve também foi fortemente afetada com mais 2.146 desempregados (+6,9%) em dois meses.
Setor dos serviços lidera desemprego
Por atividade económica, a esmagadora maioria (mais de dois terços) dos novos desempregados estava setor dos serviços. Dentro deste setor, o maior aumento do desemprego verifica-se nas atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio de onde vieram mais 9.737 registados no IEFP. Esta é a atividade económica onde há mais desempregados neste momento (mais de 100 mil).
Segue-se o alojamento, restauração e similares e o comércio por grosso e a retalho com cerca de mais quatro mil desempregados, cada, em dois meses, somando um total de cerca de 50 mil e de 40 mil desempregados, respetivamente. Na indústria, é de notar que houve um aumento de 1.104 desempregados no setor da construção.
É expectável que o impacto da pandemia no mercado de trabalho se prolongue em março e nos meses seguintes dada que o desconfinamento será feito de forma gradual e com critérios apertados, podendo haver recuos. A recuperação do emprego só deverá acontecer quando o nível de restrições for mais baixo, o que poderá acontecer no terceiro trimestre, consoante a evolução do processo de vacinação.
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