Apesar da pandemia, os portugueses estão a comprar casas mais caras
Portugueses nunca pediram tanto dinheiro aos bancos para comprar casa. Estão a comprar casas mais caras, seja pela subida dos preços, seja por procurarem imóveis maiores.
Apesar das consequências económicas derivadas da crise pandémica, isso não tem impedido as famílias de continuarem a “investir” na compra de habitação própria. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que, atualmente, os portugueses estão até a pedir créditos de montantes mais elevados do que alguma vez solicitaram. Sinal de que também estão a comprar casas mais caras.
De acordo com o gabinete estatístico, o capital médio em dívida, para contratos celebrados nos últimos três meses, atingiu em fevereiro os 114.683 euros, um máximo histórico. Este montante representa um acréscimo de 1.450 euros face a janeiro, mês em que esse indicador se ficou pelos 113.233 euros. Comparando com fevereiro de 2020 (105.896 euros), antes de a pandemia chegar a Portugal, a subida foi ainda mais expressiva, na ordem dos 8.787 euros.
Analisando o histórico do INE, que recua até janeiro de 2009, é possível assim concluir que nunca antes os portugueses pediram tanto dinheiro aos bancos para comprar casa. E comprarem casas mais caras, seja pela subida dos preços, seja por procurarem imóveis efetivamente de valor superior, nomeadamente com áreas maiores.
Mas como podem os portugueses estar a investir mais dinheiro em habitação, numa altura em que o país é assolado por uma crise económica? Ao ECO, Nuno Rico, economista da Deco Proteste, destaca que “apesar dos significativos impactos económicos” causados pela pandemia, “uma parte da população” continuou a “exercer a sua atividade profissional em regime de teletrabalho”, não tendo sofrido “redução de rendimentos”.
Segundo o economista, muitos dos portugueses que se inserem neste grupo registaram mesmo um “aumento da poupança”. Efetivamente, de acordo com o INE, a “taxa de poupança atingiu 12,8% (11,0% no trimestre anterior e 7,1% no final de 2019), sendo necessário recuar a 2002 para encontrar uma taxa de poupança idêntica“.
Assim, Nuno Rico destaca que os consumidores que foram capazes de aproveitar as restrições ao consumo impostas pela pandemia para engordarem as suas contas bancárias são aqueles que estão, neste momento, “a procurar novas habitações”. Com esta poupança adicional, os portugueses estão, assim, a mostrar-se disponíveis para comprar casas mais caras. Isso mostra-nos que, apesar da crise, existem perspetivas positivas relativamente ao que o futuro reserva.
Por outro lado, o economista relembra ainda que “as necessidades habitacionais sofreram algumas alterações” no contexto da pandemia, com o “aumento do teletrabalho”, com os “confinamentos” e “restrições de mobilidade” impostos. Isto pode estar a levar os portugueses, de acordo com o economista, a optar pela compra de “imóveis mais caros” ou, por outro lado, “fora dos centros urbanos”.
Porém, esta tendência de aquisição de casas mais caras pode ser explicada por mais algumas razões. As “taxas de juro baixas, os spreads mais reduzidos e algumas oportunidades de compra que começam a surgir no mercado” parecem ser, na ótica dos portugueses, motivos suficientemente válidos para gastarem uma quantia de dinheiro extra na compra de uma nova habitação, ainda que mais cara do que aquela que já detinham.
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