Atualizações, parcerias ou carga podem dar 665 milhões à TAP em receitas adicionais
Companhia aérea preferiu uma abordagem conservadora e contemplou no plano de reestruturação apenas um ganho até 115 milhões de euros. Os outros 500 milhões são um bónus que pode ser desbloqueado.
A TAP está à espera de aprovação da Comissão Europeia para avançar com um plano de reestruturação focado em cortar custos operacionais e de pessoal. No entanto, o documento enviado para Bruxelas, a que o ECO teve acesso, aponta cinco medidas — que passam por atualizações de sistemas, parcerias comerciais ou aposta no segmento de carga — com potencial para gerar receitas adicionais entre 490 a 665 milhões de euros.
No domínio do aumento das receitas, o plano identifica cinco vetores principais, a começar pela atualização dos sistemas e processos, que poderá alcançar melhorias na receita marginal até 15%, através do aumento do rendimento proveniente do maior controlo e ferramentas e “fechando a lacuna histórica da tarifa média da TAP”. Só esta medida tem um potencial identificado entre 350 e 450 milhões de euros.
Há também a possibilidade de receitas de novas parcerias, com benefícios de uma “abordagem de mercado alinhada”, e da colaboração mais estreita com parceiros existentes como acordos de partilha de código aprimorados) que pode gerar entre 70 e 100 milhões. A terceira proposta prende-se com iniciativas comerciais cruzadas (vendas, marketing, acessórios e fidelidade) que permitam melhorar a experiência dos passageiros, alavancando marketing e vendas para impulsionar a oferta personalizada, sendo que preços dinâmicos e a alavancagem da fidelização podem fomentar a receita marginal acessória entre 10% e 20%. São mais 20 a 45 milhões de euros.
Está ainda prevista uma aposta na carga para “fortalecer a relação com os clientes atuais e alavancar os aviões de carga” (dois A330-200 ou A332) potenciando a presença da TAP Cargo na Península Ibérica através dos atuais clientes, que pode gerar 50 a 70 milhões.
Por último, no segmento de maintenance and engineering (M&E), a ideia é crescer em companhias aéreas terceirizadas por meio de novos pedidos de proposta (RFP) e do segmento de carga, mas também aumentar as receitas do locador, alavancando as negociações de gestão da frota. Aumentar a participação do material usado operacional em motores reparados poderá igualmente melhorar as margens. Neste caso o impacto prende-se com o dinamismo do mercado de operações e não com receitas adicionais.
Ainda assim, as restantes quatro medidas acumulam um potencial de receitas adicionais na ordem dos 490 a 665 milhões de euros, mas a TAP preferiu uma abordagem mais conservadora e contemplou no plano apenas 70 a 115 milhões de euros. Os outros 500 milhões são uma espécie de bónus que pode ainda ser desbloqueado.
A proposta desenvolvida pelo Governo, TAP e pela consultora BCG foi enviada pelas autoridades portuguesas para a Comissão Europeia a 10 de dezembro (último dia do prazo para ser feito) e aguarda ainda aprovação. O ministro Pedro Nuno Santos disse, na semana passada, que esse passo — fundamental para desbloquear mais financiamento público à TAP — poderá ser dado apenas em maio.
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