Metade da restauração e alojamento com perdas de 90% em março

14% dos restaurantes e 27% das empresas de alojamento não conseguiram pagar salários em março. Muitos empresários admitem ir para insolvência.

Março continuou a trajetória de perdas que os últimos meses têm significado para o setor da restauração e do alojamento. De acordo com o inquérito mais recente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), no terceiro mês do ano, “como era de esperar”, metade das empresas destes setores assistiram a quebras superiores a 90%. Empresários pedem mais medidas de apoio e de incentivo ao consumo.

“No mês em que se assinalou um ano completo de pandemia em Portugal, as empresas da restauração e similares e do alojamento turístico atravessam o seu período mais difícil de sempre“, começa por dizer a associação, em comunicado enviado esta terça-feira.

O inquérito mais recente ao setor mostra que 49% dos restaurantes e dos alojamentos turísticos sofreram quebras de faturação acima de 90%. Na restauração, em março, 52% das empresas indicam ter estado totalmente encerradas, com 29% a admitirem avançar para insolvência, “dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua atividade”.

Como consequência dessa redução de faturação, 14% das empresas não conseguiram paga salários em março e 14% só o fizeram parcialmente. Perante esta realidade, 43% dos restaurantes já efetuaram despedimentos desde o início da pandemia. E destes, 16% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo. Há ainda 8% de empresas que assumem não conseguir manter todos os trabalhadores até ao final do mês de junho.

Por sua vez, no alojamento turístico, 29% das empresas dizem estar com a atividade suspensa, sendo que 49% não observaram qualquer ocupação em março, revela o mesmo inquérito. 28% tiveram uma ocupação de até 10%. Para o mês de abril, 38% das empresas estimam uma taxa de ocupação zero, e 28% das empresas perspetivam uma ocupação máxima de 10%. Face a este cenário, 17% dos alojamentos ponderam avançar para insolvência.

E, como consequência da forte redução de faturação, 27% das empresas não conseguiram pagar salários em março, enquanto 6% só o fizeram parcialmente. Ao nível do emprego, 28% das empresas já despediram pessoas desde o início da pandemia, sendo que 38% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho. 6% das empresas não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final de junho.

“Apesar dos contributos positivos que o desconfinamento confere, os números deste inquérito mostram, uma vez mais, que é absolutamente necessário robustecer os apoios às empresas, e disponibilizar incentivos ao consumo”, refere a AHRESP, em comunicado, sublinhando os “enormes constrangimentos” pelos quais as empresas estão a atravessar.

Assim, a associação volta a insistir no conjunto de medidas de apoio à liquidez e à capitalização e de proteção do emprego que apresentou recentemente, entre as quais o reforço dos apoios a fundo perdido, o reforço da dotação do Apoiar Rendas, a prorrogação das moratórias, a continuidade do lay-off simplificado até ao final do ano, a redução para dois escalões no Apoio à Retoma Progressiva, entre outros.

“É vital que estas medidas sejam efetivamente implementadas e que as tesourarias das empresas do alojamento turístico e da restauração e similares sejam reforçadas no imediato. Só assim será possível garantir a sustentabilidade destas atividades económicas“, remata a associação.

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