A Upper Side, uma empresa de gestão e aconselhamento de carreira, lançou uma nova variante nos seus serviços dedicada a advogados e juristas. A Advocatus foi conhecer o projeto.
A Upper Side é uma empresa de gestão e aconselhamento de carreira, que surgiu no ano de 2015, vocacionada exclusivamente para profissionais qualificados. Em 2020, lançaram uma nova variante nos seus serviços dedicada a advogados e juristas.
A Advocatus esteve à conversa com o fundador, João Azevedo e Silva, e com Nuno de Almeida e Silva, career advisor (Legal), que referiram que a empresa tem como lema “unique next level advisory for next level careers”, sendo esta a visão e missão da Upper Side.
A Upper Side foi fundada em 2015. Quando surgiu a ideia do projeto?
João Azevedo e Silva (JAS): A Upper Side, enquanto marca e empresa, nasce em janeiro de 2015, após um ano de modelização e ensaio, em condições controladas e com visibilidade propositadamente discreta, durante essa espécie de “ano zero”.
A ideia surgiu de forma progressiva, durante três momentos: primeiramente, ainda nos tempos de diretor de Recursos Humanos do nosso fundador, por via da curiosidade intelectual com que olhava para o mercado anglo-saxónico, onde este tipo de serviços existiam há muito; numa segunda etapa, no decorrer da segunda metade de 2013, quando, pela primeira vez, se ocupou mais a sério de realizar estudos exploratórios, reflexões de natureza mais conceptual e muitas conversas com “advisors” informais; finalmente, durante o mencionado “ano zero” (2014) em que, já envolvendo trabalho de campo com os primeiros clientes, foi percebendo o potencial de mercado da ideia.
Qual é o principal objetivo da empresa?
JAS: A Upper Side tem como lema “unique next level advisory for next level careers”. E é essa precisamente a nossa visão e, simultaneamente, a nossa missão. Sermos a empresa de referência absoluta, no mercado nacional, em termos de serviços altamente especializados de gestão e aconselhamento de carreira, para profissionais qualificados, em contexto organizacional e empresarial (jovens talentos em geral, especialistas qualificados, gestores intermédios, diretores, executivos). Mais recentemente, em 2020, abrimos a porta, e pela primeira vez, a uma nova “vertical”, dirigida a advogados e a juristas.
Quantas pessoas compõem a vossa equipa?
JAS: Atualmente, a equipa da Upper Side é constituída pelo seu fundador, e atual managing director, por um núcleo de seis career advisors e por uma equipa de operations office, composta por três colaboradores mais dois trainees. Recorremos ainda a uma bolsa de prestadores de serviços externos, quando tal se justifica, como por exemplo especialistas em gestão de LinkedIn, especialistas em aulas de inglês, especialistas em tradução/retroversão/revisão de textos, especialistas em desenvolvimento de competências de liderança. O nosso managing director é assessorado ainda por um responsável financeiro/consultor de gestão, externo e a tempo parcial.
Que serviços disponibilizam aos clientes?
JAS: Essencialmente, serviços relacionados com aconselhamento em sede de tomada de decisão de carreira, serviços cujo âmbito passa pela definição de uma visão de carreira, de uma estratégia de carreira e de um posicionamento profissional, serviços referentes a uma preparação para máxima eficácia na abordagem estruturada ao mercado de trabalho e de recrutamento qualificado, serviços inerentes à procura ativa de um novo desafio profissional e serviços de aceleração e desenvolvimento de competências de liderança e de impacto profissional. Todos estes serviços podem ser contratados de forma integrada ou em certos subgrupos, através da aquisição dos chamados programas, de acordo com as reais necessidades, objetivos e desejos de cada cliente.
Referem no site que “Cada cliente é uma pessoa diferente. Cada problema é um desafio diferente. Acreditamos no poder da customização”. O que querem dizer com a última parte?
JAS: A Upper Side caracteriza-se por conduzir intervenções exclusivamente em formato “um para um”, o que permite uma proximidade, profundidade e detalhe significativos. Existem, naturalmente, metodologias e processos que são basilares aos nossos programas. Contudo, tal nunca significou a adoção de processos mecanicistas, “only by the book, only by the process”, na forma como desenvolvemos a nossa intervenção, junto de cada cliente. Trabalhamos com a matéria mais subjetiva de todas, pessoas, pessoas com histórias diferentes, personalidades diferentes, receios e anseios e sonhos diferentes. Reconhecê-lo e honrá-lo faz parte do nosso ADN. Evidentemente que temos que ter racionalidade na gestão da nossa empresa, mas não, nunca, a custas da nossa promessa de sermos duplamente únicos: ninguém faz o que fazemos, da forma como fazemos; mas também nunca fazemos exatamente igual, porque cada cliente é, para nós, verdadeiramente único.
Em 2020, alargaram os vossos serviços para um novo público, para advogados e juristas. Qual a razão de apostarem neste segmento profissional?
Nuno de Almeida e Silva (NAS): A complexidade do mundo atual é cada vez maior e cada mais diversas profissões sentem a necessidade de apoio nas suas transições de carreira.
A verdade é que, em 2001, havia em Portugal 18.954 advogados e uma população de 10.362.700 habitantes e, em 2019, tínhamos 33.298 advogados e uma população de 10.286.300 – ou seja, em aproximadamente 20 anos, a população reduziu-se cerca de 0,8% e os advogados aumentaram 75%. E os números continuam a aumentar. Por outro lado, o número de empresas em Portugal era, em 2001, de 593.574, sendo, em 2018, de 1.295.299.
Assim, o número de clientes individuais potenciais manteve-se estável, sem sequer se fazer aqui a análise dos que têm e dos que não têm capacidade económica para contratar um advogado, e passou a ter à sua disposição quase o dobro dos advogados, pelo que se torna claro que, numas contas por alto, o mercado potencial de cada advogado diminuiu em 50%.
"A verdade é que ter fortes conhecimentos jurídicos já não é suficiente, sendo necessário saber demonstrar em diversas dimensões.”
Já no mundo empresarial, o aumento do número de empresas para mais do dobro, e o aumento da sua complexidade jurídica, assim como da complexidade das suas relações jurídicas, aumentou em muito, e com ele as necessidades das empresas, seja de “in-house lawyers”, seja em “outsourcing” jurídico.
A somar a estes dados, o próprio mundo mudou, tornou-se mais complexo, fazendo despontar novas áreas jurídicas que há 20 anos tinham menor, ou inexistente, expressão.
Assim, o mercado jurídico para os advogados mudou muito, ficou mais exigente, a concorrência entre advogados é hoje muito maior, os meios de divulgação da atividade mudaram radicalmente, pelo que o desafio de demonstrar competências e “expertise” é muito mais complexo e objetivamente mais difícil.
Todas estas mudanças, cada vez mais vertiginosas na nossa sociedade, afetaram também o recrutamento de advogados, que hoje em dia é feito por profissionais qualificados, que recebem inúmeros candidatos para cada vaga anunciada, e que decidem, por vezes por detalhes, quem é selecionado e quem não é.
Por tudo o que se disse, ter a possibilidade de definir um posicionamento profissional claro, quer para o próprio, quer para quem recruta, podendo o advogado ter ferramentas para demonstrar de forma inequívoca as suas qualidades, capacidades, “skills”, de um modo igualmente profissional e eficaz, é algo que hoje em dia tem um valor acrescentado enorme, e pode fazer a diferença entre ter ou não a oportunidade de abraçar novos desafios e oportunidade profissionais.
A verdade é que ter fortes conhecimentos jurídicos já não é suficiente, sendo necessário saber demonstrar em diversas dimensões, desde a resposta a um anúncio, à elaboração de uma carta de apresentação, à ida bem-sucedida a uma entrevista, a conduzir uma estratégia de “networking”, outro tipo de “skills”, tanto “hard skills” não-jurídicos como “soft skills”, de forma coerente, consistente, de uma forma que o mercado de recrutamento valide e aceite.
Estas matérias são temas que, cremos, não se aprendem nas faculdades, nem na vida profissional de advogado, mas que podem ser fatores decisivos, em muitos processos de recrutamento.
Se queremos ser advogados altamente profissionais na nossa atividade, não podemos querer menos, quando entramos num mundo que não dominamos, como o do recrutamento profissional.
"Nós proporcionamos a possibilidade de dominar um mundo que é para muitos desconhecido, de poder nele entrar, perceber e dominar as suas regras, agindo de forma eficaz.”
É esse profissionalismo que a Upper Side vem trazendo ao mundo empresarial, em categorias profissionais mais relacionadas com a chamada gestão, há vários anos, e que estendeu ao mercado jurídico, por entender que ele é necessário e também porque esta oferta de serviço, comum noutros países, não existia em Portugal.
Esta noção da necessidade decorreu da própria experiência da Upper Side, pois era contactada por advogados que procuravam apoio nestas áreas, para as quais a Upper Side não tinha programas específicos.
A linguagem do mundo jurídico é muito específica, e um advogado poder trabalhar com alguém que conhece as “nuances” da sua atividade, a linguagem, as dificuldades e os desafios, é muito relevante para que haja uma relação de confiança e uma perceção dos detalhes que contam, pois se falamos com quem nos entende isso é meio-caminho andado.
JAS: Foi neste contexto que surgiu a parceria com Nuno de Almeida e Silva, o líder desta nossa área, que alia os seus conhecimentos do mundo jurídico, da linguagem própria da atividade e das dificuldades que muitos advogados enfrentam, quando navegam nestes contextos do recrutamento e da gestão da sua carreira, ao “know how”, à experiência e às metodologias da Upper Side.
Quais são os serviços que possuem para os advogados e juristas?
NAS: Temos um leque variado, conforme a situação profissional em que o advogado se encontre: programas para a criação de uma visão de carreira e de um posicionamento profissional, de molde a preparar o advogado em todas as suas dimensões, para além da técnica jurídica, digamos assim, programas para abordar, de forma proativa e estruturada, um processo inteligente e eficaz de procura de uma nova oportunidade profissional, seja numa transição da organização onde o advogado está para uma outra organização, ou seja de molde a preparar o seu regresso ao mercado de trabalho, nos casos em que houve interrupções do seu percurso, por motivos diversos.
Oferecemos também um programa de apoio à navegação profissional, para quem não querendo mudar de organização, quer ter apoio para novos desafios e etapas da carreira, mas neste caso na organização em que está inserido, permitindo preparar-se para novas posições, dentro da sua organização.
O que é o que os advogados e juristas mais procuram nos vossos serviços?
NAS: Procuram exatamente um método, passo a passo, que os possa preparar e guiar em todas as fases que um processo de recrutamento exige, seja para subir na hierarquia da sua organização, seja para mudar de organização, seja para regressar ao ativo.
Todo este processo de construir um posicionamento, e através dele um CV, uma comunicação eficaz e uma “networking” que gere valor tem regras, tem técnica e tem passos a aprender e a dar, para potenciar ao máximo as qualidades e as possibilidades do candidato.
E é isso que, em síntese, nós proporcionamos: a possibilidade de dominar um mundo que é para muitos desconhecido, de poder nele entrar, perceber e dominar as suas regras, agindo de forma eficaz.
A procura tem correspondido às vossas expectativas?
NAS: O caminho faz-se caminhando, como qualquer serviço novo e inovador no mercado jurídico, que tem que passar pelo processo de divulgação e apresentação do mesmo ao mercado, no nosso caso feito essencialmente através do LinkedIn, de um site dedicado e do chamado passa-palavra e referenciação.
Estamos satisfeitos com os resultados, uma vez que, em tempo de pandemia, de incerteza e de uma certa retração do mercado, a procura dos serviços tem sido relevante, o que parece confirmar que existem muitos advogados a precisar de apoio nestas matérias.
Qual tem sido o feedback que tem recebido até ao momento tanto desta nova variante como do geral?
NAS: Quanto a esta nova variante, e pegando, por exemplo, em quem interage connosco no LinkedIn, é muito positivo, com muitas pessoas a demonstrar curiosidade e a indicar que era algo que fazia falta ao mercado nacional, dando os parabéns pela iniciativa, incluindo por parte de alguns advogados que já tinham procurado no mercado serviços similares a estes e não encontravam solução para a sua procura.
JAS: Quanto à Upper Side no geral, podemos dizer que seis anos depois, construímos e consolidámos uma marca que nos parece ser de referência no nosso segmento de atuação. Apesar da pandemia, 2020 foi o melhor ano de sempre, em termos de faturação, e o primeiro trimestre de 2021 também o melhor de sempre. Possuímos já um histórico de centenas de antigos clientes e trabalhamos atualmente com mais de 100 clientes ativos. Por ano, ultrapassamos as 300 reuniões exploratórias, numa empresa que é “demand driven”, isto é nunca contactamos potenciais clientes, aguardamos que nos batam à porta, obtendo uma taxa de conversão que consideramos bastante simpática. E, o que muito nos orgulha, verificamos que cerca de metade dos nossos prospects (quem nos quer conhecer) chegam-nos referenciados por antigos clientes, por atuais clientes ou por pessoas que nos vão acompanhando, pelos vistos com gosto.
Dito isto, e parafraseando alguém célebre, é só o fim do início. Temos muito por fazer e para ser feito. Esperemos que com visão, com inovação relevante, com uma identidade diferenciada, com coragem, com esforço, com consistência, com qualidade. Com ambição, exigência e uma certa dose de humildade.
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Upper Side: “O mercado jurídico para os advogados mudou muito e a concorrência entre advogados é hoje muito maior”
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