Presidente da Anivec acredita que setor do vestuário arranca em setembro
César Araújo está confiante que indústria da moda vai retomar em setembro e que "o mercado do consumo vai abrir e a procura vai disparar para níveis semelhantes ou superiores antes da pandemia".
A indústria do têxtil e vestuário foi das mais afetadas pela pandemia a nível global. Com as lojas fechadas, as fábricas paradas e os consumidores em teletrabalho e com recolher obrigatório, as vendas globais da moda diminuíram entre 15 a 30% em 2020 em comparação com 2019. A Europa foi a região mais afetada com os impactos da Covid-19 ao registar quebras nas vendas entre 22 e 35%.
Em Portugal, o ano passado, a quebra do volume de negócios na indústria têxtil e vestuário rondou os 15%, de acordo com as estimativas da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). No entanto, a associação refere que nesta estimativa não estão presentes os dados dos grossistas e retalhistas.
Apesar da indústria da moda em Portugal está a ser bastante afetada pela pandemia e numa situação fragilizada, o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (Anivec), César Araújo, acredita que que o têxtil e o vestuário têm condições para arrancar em setembro.
“Acredito que vamos arrancar com a indústria do vestuário em setembro. O plano de vacinação vai trazer uma confiança redobrada aos consumidores. Caso não estejamos vacinados, não arrancamos. É fundamental vacinar a população toda para termos condições para retomar a atividade”, adianta César Araújo, na Conferência digital ModaPortugal, que decorreu esta quarta-feira, organizada pelo Centro de Inteligência Têxtil (Cenit) em parceria a Anivec.
O presidente da Anivec acredita que esta crise será “seguida de um período de muitas oportunidades”. César Araújo acrescenta que “o mercado do consumo da moda vai abrir e a procura vai disparar para níveis semelhantes ou até superiores aos da época pré pandemia”, destaca.
“A Europa continua a ser a maior potência mundial na área da moda e Portugal não pode descurar o papel neste importante ecossistema. A indústria têxtil e vestuário representa um dos melhores setores que a economia nacional possui e podemos dizer que é uma das melhores do mundo”, lembra o presidente da Anivec.
Para César Araújo, a economia circular, a sustentabilidade e a criação de marcas próprias a partir de Portugal são áreas fundamentais para a manutenção desse papel. “Se conseguirmos dinamizar a nossa indústria exportadora estaremos preparados para dar resposta ao novo ciclo que se avizinha”.
O ministro da Economia, Pedro Siza Viera, que marcou presença online na conferência, concorda que a indústria têxtil e de vestuário foi “severamente impactada pela pandemia a nível global pelos efeitos da pandemia”. Siza Vieira destaca que “as pessoas ficaram em casa e consumiram muito menos aquilo que usam para sair de casa”.
Siza Vieira está consciente que a “retoma foi muito mais lenta que aquilo que era desejável”, mas tal como o presidente da Anivec acredita que a procura “reage muito mais rapidamente assim que se levantem as restrições”. O ministro da Economia, exemplifica que na Ásia, nos EUA e em todas os países onde a situação epidemiológica já está mais controlada “assistimos a um crescimento muito grande e muito significativo na despesa realizada em vários setores, incluindo naquelas mais impactados”, realça o ministro da Economia. Siza Vieira acredita que Portugal “tem razões para estar confiante relativamente ao futuro e à retoma”.
Vendas online disparam em cenário de pandemia
A adoção digital disparou durante a Covid-19 e muitas marcas adotaram inovações digitais, tais como as compras sociais, o chat de serviço ao cliente e a transmissão de conteúdo em direto. De acordo com o relatório da Business of Fashion e da McKinsey & Company, em apenas oito meses, a taxa de penetração das vendas digitais a nível mundial verificou um aumento equivalente a seis anos de crescimento.
As vendas de moda online a nível global quase duplicaram, de 16% para 29% das receita total. Face a esta aceleração digital, 71% dos executivos de moda esperam que o negócio online cresça 20% ou mais este ano.
Antonio Gonzalo, sócio da McKinsey e líder da prática da indústria da moda e do luxo em Espanha que marcou presença na conferencia digital ModaPortugal, disse que “a crise intensificou as principais tendências de consumo que já estavam a moldar a indústria da moda, especialmente a aceleração na adoção do canal digital, que em oito meses registou um crescimento equivalente a seis anos. É tempo de rever e elevar o nível de ambição para o marketing de canais digitais e explorar novas vias de relacionamento com os clientes, rever as prioridades da empresa e acelerar seletivamente a digitalização”.
O ministro da Economia corrobora a ideia de Antonio Gonzalo e destaca que está a decorrer uma “migração dos clientes tradicionais da indústria têxtil e de vestuário portuguesa para o canal online” e realça que o “crescimento deste canal é muito significativo”.
Face à alteração dos hábitos de compra fruto da pandemia, Siza Vieira lembra que “aqueles que melhor souberam adaptar-se a estas circunstâncias, foram também aqueles que melhor conseguiram manter uma relação com os consumidores e assegurar um nível de vendas adequado perante este período da pandemia. No futuro, estas tendências vieram para ficar”.
“Os clientes vão estar cada vez mais no mundo digital e cada vez mais escolher, pagar e relacionar-se através desses canais. É muito importante que em toda a cadeia de valor da indústria têxtil e vestuário sejamos capazes de aproveitar o potencial das tecnologias digitais para manter melhor contacto com os clientes. É um desafio muito significativo e a indústria têxtil e de vestuário portuguesa tem que estar preparada para enfrentar“, destaca o ministro da Economia e da Transição Digital.
Face à necessidade de apostar nos canais digitais, Siza Viera destaca que no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “vai colocar à disposição do país e da indústria da moda recursos importantes para investir na transição digital”.
Aqueles que melhor souberam adaptar-se aos canais digitais, foram também aqueles que melhor conseguiram manter uma relação com os consumidores e assegurar um nível de vendas adequado perante este período da pandemia. No futuro estas tendências vieram para ficar.
O administrador da Twintex, Mico Mineiro, refere que com a pandemia “o online está a viver um momento único e vai sair mais forte da crise”, apesar de considerar que “não é um negócio brilhante”. O administrador da Polopique, Luís Guimarães, lembra que “são poucas as empresas portuguesas que tem venda online“, embora destaque que “os clientes aumentaram as vendas online que vinham a crescer a um ritmo muito lento”.
O presidente da Anivec e fundador da Calvelex, César Araújo, relembra a importância de Portugal ter as suas marcas próprias e lembra que “não existe online sem marcas próprias”.
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