Sindicato acusa TAP de criar “ansiedade” nos pilotos e pôr em causa segurança de voo
De acordo com o sindicato dos pilotos, os RH têm enviado todos os dias convocatórias aos pilotos selecionados para lhes serem propostas medidas de reestruturação, como rescisões por mútuo acordo.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) repudiou esta quinta-feira o comportamento dos Recursos Humanos da TAP, por estarem a convocar “aos poucos” os pilotos para medidas de reestruturação, o que gera “ansiedade” e compromete a segurança de voo.
“O SPAC tomou conhecimento, no dia 19 deste mês, do início do envio de emails a convocar os pilotos da TAP SA para reuniões no departamento de Recursos Humanos (RH)”, começa por referir o sindicato num comunicado enviado aos órgãos de comunicação social e que se refere às convocatórias que estão a ser enviadas aos pilotos selecionados para lhes serem propostas medidas de reestruturação, como rescisões por mútuo acordo, ou pré-reformas.
De acordo com o sindicato dos pilotos, desde então, os RH têm enviado convocatórias todos os dias. “Ao invés de terem informado todos os pilotos de uma só vez, estão a fazê-lo aos poucos, gerando ansiedade, mal-estar e aflição em todos os pilotos”, apontou o SPAC.
Segundo os representantes dos pilotos da TAP, “esta situação configura um cenário muito grave de segurança de voo”, uma vez que aqueles profissionais “estão a voar em condições de grande stress laboral e mental, não sabendo se quando chegarem do próximo voo terão uma notificação a convocar para uma reunião onde serão ‘convidados’ a aceitar medidas voluntárias para saída da empresa”.
O sindicato acusou os RH da companhia aérea de “falta de sensibilidade”, que está a causar “grande preocupação”. “O SPAC repudia veementemente este comportamento por parte da TAP e do seu departamento de RH, que gera pressão psicológica intolerável e um clima laboral de assédio completamente inaceitável”, concluiu.
A segunda fase das medidas voluntárias da TAP, que decorreu entre 11 e 16 de abril, contou com 122 adesões confirmadas, de acordo com uma nota interna enviada aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso. Anteriormente, na primeira fase de candidaturas, que decorreu entre 11 de fevereiro e 24 de março, “das 690 adesões previamente comunicadas, concretizaram-se 669, com um impacto no redimensionamento de cerca de 630 postos de trabalho”, recordou a transportadora, na mesma missiva.
De acordo com os dados da transportadora, “o total de 791 adesões às medidas voluntárias representa um redimensionamento de cerca de 730 postos de trabalho, estando ainda em análise cerca de 25 candidaturas”. A TAP soma ainda a estes 730 “a preservação de até 750 postos de trabalho decorrentes das medidas implementadas no âmbito dos acordos de emergência celebrados” com os sindicatos.
Além disso, “o programa de candidaturas voluntárias à Portugália tem neste momento 47 adesões em análise, para cerca de 150 vagas disponíveis”, adiantou a empresa. O programa de medidas voluntárias e a implementação dos acordos de emergência permitem “reduzir o número inicial de redimensionamento, inscrito no Plano de Reestruturação em aprovação na Comissão Europeia, de cerca de 2.000 para um número entre 435 a 500 trabalhadores, à data de hoje e pendente de confirmação do anteriormente referido”, referiu a TAP.
A empresa adiantou ainda que “decorre neste momento uma fase de realização de reuniões individuais com os trabalhadores identificados de acordo com os critérios já divulgados, junto dos quais se irá dar início a uma nova e última vaga de rescisões por mútuo acordo, reformas e pré-reformas, com manutenção das mesmas condições já anteriormente oferecidas a todos os trabalhadores, e de candidaturas para a PGA”.
Segundo a companhia aérea, “este processo é absolutamente essencial para assegurar um futuro viável e sustentável para a TAP, garantindo, de acordo com o plano de reestruturação entregue na DGComp e as previsões à data de hoje conhecidas, um número estimado de cerca de 8.100 postos de trabalho no grupo TAP, 6.600 dos quais na TAP S.A.”.
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