Museu Berardo duplica prejuízos para 500 mil euros em 2020

Berardo inaugurou esta sexta-feira um novo museu: o B-MAD, em Alcântara. Já o Museu Berardo, situado no Centro Cultural de Belém, fechou o ano passado com prejuízos de meio milhão devido à pandemia.

O Museu Berardo fechou 2020 com prejuízos de cerca de meio milhão de euros, o dobro das perdas que havia registado em 2019, de acordo com as contas da fundação que gere o museu.

O agravamento dos resultados (compara com prejuízos de 238 mil euros em 2019) deveu-se sobretudo ao impacto da pandemia de Covid-19, que obrigou ao encerramento temporário das portas durante o ano passado. Por causa das medidas de confinamento, o museu viu as receitas caírem mais de 70%, para 218 mil euros, o que ajuda a explicar em grande medida os resultados negativos do ano passado.

De resto, a quebra da faturação esteve em linha com a queda do número de visitantes: o museu recebeu 317 mil visitas no ano passado, ficando 70% abaixo do milhão de visitas que registou em 2019.

Por outro lado, as despesas também subiram, com um aumento de 6% dos custos com pessoal para 641 mil euros e o aumento de 22% de outros encargos relacionados com o “valor das ofertas de inventário e aumento do pagamento de Segurança Social relativa aos trabalhadores independentes”.

Já este ano, o Museu Berardo só voltou a abrir portas no início de abril, na sequência da segunda fase do plano de desconfinamento. A instituição fala em perdas de receitas de quase 100% nos primeiros meses de 2021. “Esta situação terá consequências ao nível da execução da receita de bilheteira, prevista para o ano de 2021, sendo que nos três primeiros meses do ano verificou-se uma quebra de cerca de 146 mil euros, que corresponde a uma redução de 97% em relação ao período homólogo”, explicou o museu.

Museu Coleção Berardo - 31JUL19
O Museu Berardo duplicou os prejuízos para 500 mil euros em 2020.Hugo Amaral/ECO

Em relação ao exercício de 2020, o museu adiantou ainda que “excecionalmente” utilizou 171 mil euros do fundo de aquisições (que apenas pode ser usado para compra de obras de arte) para investimento em “projetores para os espaços expositivos”. “A utilização deste montante foi devidamente autorizada pelo conselho de administração”, indicam as contas, sendo que já tinham sido restituídos 33 mil euros e o resto do montante levantado do fundo de aquisições será reposto na totalidade até 2022.

A Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo, responsável pelo Museu Coleção Berardo, está instalada no Centro Cultural de Belém, tendo iniciado a sua atividade em 2006. As obras de arte integradas na Coleção Berardo encontram-se cedidas à fundação, tendo sido avaliadas em 317 milhões de euros em abril de 2007.

Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco têm em curso uma ação em tribunal para executar a penhora das obras de arte da Associação Coleção Berardo, por causa de dívidas de acerca de mil milhões de euros de empresas ligadas ao empresário madeirense.

As contas de 2020 da fundação referem essa ação judicial, depois de o auditor ter colocado uma reserva nos resultados de 2018 por a petição dos bancos e o seu impacto terem sido ignorados. “No âmbito do processo 12842/19.9T8LSB, que corre termos no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, em que são requerentes a Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novo Banco, e cujo requerido é a Associação Coleção Berardo, ocorreu a 31 de julho de 2019 o arresto de um conjunto de obras de arte em comodato e em depósito nas instalações do museu […]. Na sequência do arresto e desta nomeação, foi criada uma normativa de procedimentos quanto à movimentação de obras, com vista a compatibilizar o arresto com o normal funcionamento do museu, conforme determina a decisão do tribunal”, referem as contas de 2020.

Ainda na semana passada o ECO deu conta de outra ação de execução colocada pelo Novo Banco, no valor de 3,5 milhões de euros, tendo como visados a empresa Metalgest e a Fundação José Berardo.

As contas são conhecidas numa altura em que é inaugurado um novo museu, o Berardo Museu Arte Deco (B-MAD), em Alcântara, Lisboa. A inauguração teve lugar na manhã desta sexta-feira, com uma exposição baseada nas coleções de Arte Nova e Arte Deco do colecionador e empresário José Berardo, incluindo recentes aquisições.

O B-MAD é uma iniciativa privada da Associação de Coleções (outra associação de Berardo, além da Associação Coleção Berardo), que é hoje oficialmente inaugurada, apenas para convidados, e abrirá ao público no sábado, num edifício antigo adaptado, com entradas gratuitas até ao final do mês de maio, segundo a organização.

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