Gaioso Ribeiro considera “insultuoso” afirmar que há canal de influência com Luís Filipe Vieira
Audição do presidente da C2 Capital Partners, que gere a dívida da Promovalor, aqueceu quando o deputado do PS João Paulo Correia falou em “canal de influência” com o presidente do Benfica.
Em 2017, parte da dívida da Promovalor, de Luís Filipe Vieira, foi reestruturada e transferida para um fundo gerido pela C2 Capital Partners. Nuno Gaioso Ribeiro, presidente da sociedade gestora do fundo e antigo administrador do Benfica, rejeitou que tenha existido “um negócio de favor” e considerou “insultuoso” dizer que há um canal de influência com o presidente do clube encarnado, como afirmou o deputado do PS, João Paulo Correia.
A audição na comissão de inquérito aqueceu quando o deputado socialista tentou perceber as razões pelas quais a C2 Capital Partners foi a entidade selecionada pelo Novo Banco para gerir as dívidas de Luís Filipe Vieira, que tinha sido colega da Nuno Gaioso Ribeiro durante oito anos na direção do Benfica.
“Quando insinua que continua a existir um canal de influência, isso é insultuoso para mim”, disse o gestor em resposta a uma intervenção de João Paulo Correia, que o havia questionado se a relação de proximidade com Luís Filipe Vieira teve alguma coisa a ver com a reestruturação da dívida da Promovalor e a seleção da C2 Capital Partners.
O deputado do PS fez questão de dizer que o facto de Gaioso Ribeiro não ter respondido à questão de quem contactou a sua sociedade gestora, se Luís Filipe Vieira ou o seu filho, Tiago Vieira, para analisar esta operação de reestruturação, levanta mais dúvidas. E, aqui, Nuno Gaioso Ribeiro não se conteve, numa acesa troca de argumentos com João Paulo Correia:
– “Eu não sei se fui contactado por Luís Filipe Vieira ou por Tiago Vieira, escolha o nome que der melhor jeito para o seu argumento”, atirou Gaioso Ribeiro.
– “Isso não é uma resposta, não pode estar a dizer para escolher”, ripostou o deputado socialista.
O presidente da C2 Capital Partners disse a João Paulo Correia para questionar então o Novo Banco, pois foi quem selecionou a sua sociedade para gerir o fundo. E argumentou que, por ele, ficaria a gerir todas as dívidas do mundo: “Se eu for um cirurgião com uma especialidade, os clientes que puder operar eu quero operar. Aqui acontece o mesmo.”
Antes, Gaioso Ribeiro tinha admitido que o facto de Luís Filipe Vieira o conhecer foi “tranquilizador” para ele também aceitar a C2 Capital Partners como gestora de parte das dívidas da Promovalor.
Também disse que a polémica em torno desta operação se deve com a circunstância de “o devedor em causa ser a mesma pessoa que é presidente do Benfica, isso obriga a um grau de escrutínio maior do que outros devedores”.
Mas destacou: “O devedor perdeu tudo em relação a estes ativos [transferidos para o fundo], não ficou com nada. Houve um reforço das garantias, sendo que as unidades de participação que [Vieira] tem no fundo [cerca de 4%] têm a ver com novo capital”.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Gaioso Ribeiro considera “insultuoso” afirmar que há canal de influência com Luís Filipe Vieira
{{ noCommentsLabel }}