Grécia vai ter défice maior que em 2020 e PIB a crescer mais de 4% até 2024
No seu Programa de Estabilidade, o Governo grego prevê um défice maior em 2021 do que em 2020 e antecipa um crescimento económico anual sempre acima de 4% até 2024.
O Programa de Estabilidade 2021-2025 da Grécia foi entregue esta sexta-feira, a data limite para os Estados-membros entregarem o documento, à Comissão Europeia e mostra um défice orçamental maior este ano do que em 2020, mas perspetivas económicas mais pujantes do que as de Portugal. O Governo grego prevê que a economia cresça sempre acima de 4% em 2022, 2023 e 2024, mais do que o previsto para a economia portuguesa. Em cinco anos, a Grécia espera reduzir em quase 40 pontos percentuais o rácio da sua dívida pública.
Em 2020, a Grécia registou o terceiro maior défice orçamental (-9,7% do PIB) da União Europeia e protagonizou também a terceira maior queda do PIB (-8,3%), tendo a dívida pública disparado para lá dos 200% do PIB, ou seja, duas vezes a produção líquida nacional de um ano. Apesar de liderar um dos países mais afetados pela crise pandémica, até pela grande dependência do turismo, o Governo grego está confiante de que conseguirá inverter rapidamente essa trajetória.
As previsões subjacentes ao Programa de Estabilidade mostram a ambição do Governo de centro-direita liderado por Kyriakos Mitsotakis: o Executivo pretende registar um défice ainda maior em 2021 de 9,9% do PIB mesmo com a economia a crescer 3,6%.
Nos anos seguintes, a ideia passa por consolidar rapidamente ao mesmo tempo que a economia grega cresce bastante acima do que é “normal”, com o contributo da expansão das exportações de serviços (turismo) e do investimento, ambos a crescer a dois dígitos. Em 2022, o défice deverá baixar para os 2,9% — cumprindo já o limite europeu de 3% do PIB, apesar de ser expectável que as regras orçamentais continuem suspensas — e o PIB deverá crescer 6,2%.
Em 2023, o défice já só será de 0,4% e a economia crescerá 4,1%. Um ano depois, haverá um excedente orçamental de 0,6% e um crescimento de 4,4%. Estas previsões contam com o contributo decisivo do Plano de Recuperação e Resiliência, que no caso da Grécia é de 30,5 mil milhões de euros (17,8 mil milhões de subvenções e 12,7 mil milhões de empréstimos), quase o dobro do PRR português (13,9 mil milhões de subvenções e 2,7 mil milhões de empréstimos).
Ainda que cresça mais, o mercado de trabalho grego ficará longe do desempenho do de Portugal. A taxa de desemprego de 15,2% em 2020 irá baixar apenas ligeiramente em 2021 e 2022, melhorando mais nos anos seguintes mas fechando 2024 ainda nos 10,5%. Já a expectativa do Governo português é que a taxa de desemprego, que subiu ligeiramente durante a pandemia, baixe para os 6% em 2024, quase metade da da Grécia.
Esta consolidação orçamental e o crescimento da economia permitem uma redução de quase 40 pontos percentuais da dívida pública de um recorde de 205,6% do PIB em 2020 para os 166,1% do PIB em 2024. Ainda assim, a Grécia continuará a ter a maior dívida pública da União Europeia, mas ficará mais perto de Itália (152,7% do PIB em 2024).
No caso de Portugal, a previsão do Governo passa por um crescimento de 4% este ano acompanhado de um défice de 4,3%. Segue-se um crescimento de 4,9% em 2022 com um défice de 3,2%, desacelerando a expansão económica em 2023 e 2024 para 2,8% e 2,4%, respetivamente, enquanto o défice continua (-2,2% e -1,3%, respetivamente). A dívida pública deverá baixar do recorde de 133,6% em 2020 para os 117,1% do PIB em 2024.
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