Merkel pede aos EUA que permitam exportações de vacinas
A chanceler alemã insistiu este sábado que o levantamento das patentes das vacinas contra a Covid-19 não é uma boa ideia e apelou aos EUA para que permitam a exportação de doses produzidas no país.
A chanceler alemã, Angela Merkel, reiterou este sábado a oposição ao levantamento das patentes das vacinas contra a Covid-19 e pediu aos EUA que abram o “mercado” para permitir as exportações.
“Desejo que agora que grande parte da população norte-americana já foi vacinada, possamos ter uma livre troca de componentes e também uma abertura do mercado de vacinas”, disse a chanceler, numa conferência coletiva, destacando que a União Europeia exporta “uma grande parte” da sua produção de vacinas.
“A União Europeia sempre exportou grande parte da sua produção para o mundo e, por isso, tal também deve tornar-se a regra, por assim dizer”, argumentou Merkel, citada pela AFP.
Para a chanceler alemã, a questão principal é “levar o mais rápido possível o maior número possível de vacinas ao maior número de pessoas no mundo” e, para isso, “é preciso conceder licenças”, tal como “está a acontecer em grande escala.” Ao mesmo tempo, frisou, é “muito importante que os detentores de patentes também monitorizem a qualidade da produção”.
Macron também quer EUA a exportarem vacinas
O presidente francês, Emmanuel Macron, também pediu aos “anglo-saxões” que parem de “bloquear” as exportações.
Macron sublinhou que de 110 milhões de doses produzidas na Europa, a UE exportou 45 milhões e guardou 65 milhões e lamentou que “100% das vacinas produzidas nos Estados Unidos da América vão para o mercado norte-americano”.
A chanceler alemã também reiterou a sua oposição ao levantamento das patentes de vacinas, proposto pelo governo dos EUA, liderado por Joe Biden.
“Esclareço mais uma vez que não acredito que o levantamento de patentes seja a solução para disponibilizar vacinas a mais pessoas”, disse Merkel, explicando acreditar que “a criatividade e a inovação empresarial são necessárias” e isso, sustentou, “inclui as patentes”.
O Papa Francisco apoiou este sábado a proposta de suspender as patentes de vacinas contra a Covid-19, a fim de acelerar a distribuição de vacinas aos países pobres. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, admitiu discutir uma “proposta concreta”, se os EUA a apresentarem.
Draghi diz que liberalizar patentes não garante segurança das vacinas
Já o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, disse que a sugestão dos Estados Unidos sobre a suspensão temporária das patentes das vacinas contra a Covid-19 não garante segurança porque a produção é muito complexa.
“Uma aplicação de medidas provisórias não iria provocar um desincentivo à produção ou à investigação, mas a questão é muito mais complexa do que isso, porque a liberalização das patentes não garante a produção das vacinas que é um processo muito complexo”, disse Draghi durante uma conferência de imprensa no Palácio de Cristal, Porto.
Para o governo de Roma, a solução não passa pela suspensão temporária das patentes mas sim pelo aumento da produção que deve ser “segura” do ponto de vista da saúde pública.
“A liberalização não garante a segurança na produção”, disse Draghi defendendo a aceleração da produção de vacinas através da aplicação de mais investigação e tecnologia.
O primeiro-ministro de Itália insistiu que o aumento da fabricação das vacinas requer organização, tecnologia e conhecimentos tendo sublinhado que as “grandes farmacêuticas” que receberam fundos dos Estados até devem garantir uma forma “qualquer” de compensação, que não especificou.
Mario Draghi recordou que a União Europeia é bloco que mais vacinas produz a nível global e que mais exporta para todo o mundo, nomeadamente para os Estados Unidos e para o Canadá, afirmando que a proposta de liberalização norte-americana é compreensível mas difícil de executar pela complexidade de todo o processo.
“A posição de [Joe] Biden deve ser compreendida como muito complexa. Foi uma constatação que se prende com o facto de milhões de pessoas não terem ainda acesso a vacinas”, disse Draghi quando questionado diretamente sobre a proposta do chefe de Estado norte-americano sobre a liberalização provisória das patentes.
No que diz respeito à crise sanitária em Itália, Draghi disse aos jornalistas que as restrições devem começar a ser levantadas mas “com cabeça” e pediu à União Europeia empenho no esclarecimento sobre o documento que funcionará como um passaporte para pessoas vacinadas, para que se possa iniciar “movimento” no setor do turismo nos países da Europa durante os próximos meses.
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