“Do que vivo? Tenho outros negócios, uma boa reforma. Vivo bem”, diz Vieira

Presidente do Benfica diz ter uma vida desafogada financeiramente: tem negócios com outros sócios, encaixou 2 milhões do Fisco e uma boa reforma.

O presidente do Conselho de Administração da Promovalor, Luís Filipe Vieira, fala perante a Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, na Assembleia da República, em Lisboa, 10 de maio de 2021. TIAGO PETINGA/LUSATIAGO PETINGA/LUSA

Luís Filipe Vieira, dono da Promovalor que deixou uma perda por imparidade de 180 milhões de euros ao Novo Banco, diz ter uma vida desafogada financeiramente. “Tenho outros negócios, uma boa reforma. Vivo bem”, disse o presidente do Benfica na comissão de inquérito ao Novo Banco.

Mariana Mortágua questionou de seguida: “Mas que negócios são esses?” “Tenho outras sociedades com outras pessoas”, respondeu Luís Filipe Vieira. Uma das sociedades tem um projeto que se for vendido lhe vai permitir um encaixe de dois milhões de euros, revelou o empresário esta segunda-feira no Parlamento.

A deputada do Bloco voltou a questionar: “Mas essas sociedades não estão dadas em garantias ao Novo Banco?”. “Não estão, nem devem estar”, retorquiu Vieira.

O empresário do ramo imobiliário adiantou que ainda recentemente a sua conta “foi reforçada com dois milhões de euros do Fisco”.

As respostas de Vieira deixaram Mariana Mortágua indignada com o facto de estar a dever dinheiro ao banco apesar de ter património pessoal que podia servir para pagar.

"Tenho outros negócios, uma boa reforma. Vivo bem.”

Luís Filipe Vieira

Promovalor

A casa para palheiro que Vieira não conhece

Luís Filipe Vieira recusou-se a responder que património tem em seu nome e em nome da família quando foi questionado sobre que avales pessoais foram dados ao banco, apesar das insistências dos deputados.

De acordo com um documento interno do Novo Banco, o que existia da parte do património de Vieira era uma “casa com destino a um palheiro”, disse Mariana Mortágua. Era este o património por detrás do aval pessoal?

Vieira disse que tinha outro património, mas não foi mais longe do que isso além de não reconhecer aquela casa para palheiro. “Nem sei o que é isso, nunca morei aí”, disse. Todavia, assegurou que não está em situação de incumprimento com o Novo Banco. E que todo o património que foi transferido para o Novo Banco no âmbito da reestruturação de 2017, “se for desenvolvido, dá para pagar toda a dívida e ainda sobra dinheiro”.

Se é para vender em pacote, não traz nada [de valor]. Se for para ser desenvolvido no período que lá está para ser desenvolvido, de certeza que trará valor“, explicou Vieira. Em causa estão sobretudo terrenos de promoção imobiliária.

Banco vai reaver tudo… daqui a 15 anos

Vieira garantiu que o Novo Banco vai conseguir reaver todos os empréstimos cedidos. Mas disse que isso não acontecerá daqui a “cinco anos que vai resolver”

Se for daqui a 10 anos ou 15 anos, vai reaver tudo”, disse o empresário. Isto porque é preciso tempo para os investimentos na promoção imobiliária e que os projetos começam a dar retorno. Mas o património que o banco tem “chega e sobeja”, disse Vieira por mais do que uma vez aos deputados.

Em relação aos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) no valor de 160 milhões de euros, Vieira revelou que estes títulos de dívida vão ser convertidos em capital da Promovalor, com o Novo Banco a ficar acionista da Promovalor e assim poder recuperar o dinheiro das VMOC no caso de sobrar dinheiro do fundo de investimento que está a gerir os ativos da Promovalor.

Assusta-lhe a ideia de que o grupo Promovalor seja o segundo maior devedor que mais perdas gerou nos últimos anos ao Novo Banco, na ordem dos 181 milhões de euros, quando há outros grandes devedores “que andam a passear, têm iates, aviões e pediram insolvências” e não pagam os seus créditos.

“É tão fácil identificá-los”, disse Vieira, sem mencionar nomes.

(Notícia em atualização)

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