Segunda dose da Astra? Há seis países da Europa a administrarem uma dose alternativa

Apesar de as autoridades de saúde europeias recomendarem a administração da 2.ª dose da vacina da AstraZeneca a quem tomou a 1.ª, há já seis países da Europa a recomendarem uma marca alternativa.

Tanto a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) como o Centro Europeu para o Controlo de Doenças (ECDC) consideram que as pessoas vacinadas com a primeira dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 devem receber a segunda dose da mesma vacina. Contudo, há cada vez mais países a autorizarem a administração de uma segunda de outra marca.

No início de abril, vários países europeus, incluindo Portugal, decidiram limitar a administração da vacina da farmacêutica anglo-sueca a uma faixa etária específica, após o regulador europeu ter admitido que há uma “possível ligação” entre a toma da vacina da AstraZeneca e a formulação de coágulos sanguíneos invulgares.

Apesar de o regulador europeu ter garantido que a vacina é segura e eficaz e que “os benefícios superam os riscos”, por precaução, Portugal, — à semelhança de outros países como, Itália, Espanha ou Holanda –, decidiu restringir a utilização desta vacina aos maiores de 60 anos. Não obstante, na atualização da norma 003/2021, a DGS clarifica que a recomendação é que as pessoas com menos de 60 anos que já levaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca tomem a segunda dose da vacina anglo-sueca, no espaço de até 12 semanas (cerca de três meses), tal como sugerido pelo regulador europeu.

Assim, caso o utente com menos de 60 anos não queira levar a segunda dose desta vacina terá de aguardar até que haja uma indicação definitiva da Comissão Técnica de Vacinação sobre este assunto, não estando, portanto, excluída uma eventual administração de uma segunda dose de outra marca no futuro (mais precisamente de tecnologia mRNA).

Ao ECO, a DGS revela que a Comissão Técnica “está a analisar” os “primeiros resultados do estudo em curso no Reino Unido”, da Universidade de Oxford e divulgados na revista The Lancet, que mostrou que “com esquemas mistos de vacinação se verificou um maior número de alguns efeitos adversos que são habituais com todas as vacinas, nomeadamente febre, dores musculares, cansaço, entre outros”, acrescentando, no entanto, que “estes efeitos são de muito curta duração (menos de 48 horas) e de intensidade ligeira a moderada”.

Além disso, “não se verificaram alterações laboratoriais ou outros sinais que sugiram uma preocupação de segurança”, sublinhando ainda que os “dados indiretos de eficácia (imunogenicidade dos esquemas mistos de vacinação) deverão ser conhecidos durante o mês de junho”. Paralelamente, a instituição liderada por Graça Freitas destaca que está também a basear-se num outro estudo elaborado pelo Instituto da Saúde Carlos III, cujos primeiros resultados foram conhecidos esta semana e serviram de base para o Ministério de Saúde espanhol ter decidido administrar uma segunda dose de outra marca.

Dentro do Espaço Económico Europeu (EEE), há, pelo menos, 15 países que estão atualmente a limitar a vacina da AstraZeneca a uma faixa etária específica, 11 que não impuseram qualquer limitação (incluindo a Áustria que vai descontinuar a vacina a partir de junho), seguindo as recomendações do regulador europeu e, pelo menos, dois (Dinamarca e Noruega) que deixaram totalmente de administrar esta vacina.

Certo é que os países continuam a divergir nas decisões relativamente ao uso da vacina da AstraZeneca e à medida que vão surgindo novos estudos sobre a combinação desta vacina com vacinas RNA mensageiro (como é o caso da Pfizer e da Moderna), a lista de países que está a decidir administrar uma dose alternativa vai crescendo.

Depois da Dinamarca, Finlândia, França, Suécia e Alemanha, o Ministério da Saúde de Espanha propôs, na terça-feira, às comunidades autónomas administrarem a segunda dose da Pfizer aos cidadãos com menos de 60 anos e já vacinados com a vacina da AstraZeneca. Esta proposta surgiu depois de um estudo do Instituto de Saúde Carlos III ter que concluído que administrar uma dose da vacina da Pfizer em pessoas que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca é altamente seguro e eficaz.

Atuais recomendações dos países que integram o Espaço Económico Europeu para o uso da vacina da AstraZeneca

Contudo, esta decisão está a suscitar dúvidas por parte de algumas comunidades autónomas espanholas, o que levou o Governo espanhol a abrir a porta que os cidadãos com menos de 60 anos que já tivessem tomado a vacina da AstraZeneca levassem a segunda dose da mesma marca, desde que expressem o seu consentimento informado. Contudo, o Executivo liderado por Pedro Sánchez sublinha que é “imprescindível” que o Comité de Bioética se pronuncie sobre essa questão, pelo que pediu um parecer, segundo o El País (acesso livre, conteúdo em espanhol).

Neste contexto, ente os países que pertencem ao EEE, há já seis países a recomendarem uma segunda dose alternativa à vacina da AstraZeneca, quatro (incluindo Portugal) que ainda não têm uma decisão definitiva e 19 que continuam a inocular os cidadãos com a segunda dose da AstraZeneca.

Ainda assim, as autoridades de saúde europeias continuam a defender que ainda há pouca informação disponível sobre mistura da vacina anglo-sueca com outras vacinas. Num relatório divulgado na terça-feira pelo ECDC, o organismo aponta que análises sobre esquemas vacinais combinados “são atualmente limitadas”, mas admite que e a utilização de uma vacina com a tecnologia RNA mensageiro (mRNA) como segunda dose poderia igualmente produzir uma resposta imunitária satisfatória contra o SARS-CoV-2.

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