Pequim pede à União Europeu para evitar “confrontos” sobre acordo comercial
A República Popular da China pediu à UE para abandonar atitudes de “confronto” na sequência do voto no Parlamento Europeu que congela o processo de ratificação do acordo de investimentos com Pequim.
A República Popular da China pediu esta sexta-feira à União Europeia para abandonar atitudes de “confronto” na sequência do voto no Parlamento Europeu que congela o processo de ratificação do acordo de investimentos com Pequim.
Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, exortou Bruxelas a levantar as sanções contra os responsáveis do regime comunista acusados de envolvimento na repressão contra os muçulmanos uigures que habitam a província de Xinjiang, noroeste da República Popular da China.
As sanções foram seguidas de represálias de Pequim contra eurodeputados.
“As sanções e a confrontação não vão resolver nada”, disse Zhao acrescentando que “quem está na origem do problema o deve resolver”, sem especificar.
Através de uma resolução votada na quinta-feira e que foi aprovada por uma larga maioria (599 votos a favor, 30 contra e 58 abstenções), o Parlamento Europeu subordinou o levantamento das sanções contra altos membros do regime à análise do acordo sobre investimentos.
Por outro lado, a resolução advertiu que o estado dos direitos, liberdades e garantias na República Popular da China é determinante para o exame sobre um eventual acordo comercial, referindo-se diretamente às pressões de Pequim sobre a Região Administrativa Especial de Hong Kong.
“O Parlamento (Europeu) vai considerar a situação dos Direitos Humanos na China, nomeadamente em Hong Kong, quando for chamado a aprovar o acordo”, refere o texto da resolução.
Após vários anos de bloqueio, a Comissão Europeia, responsável pela política comercial dos 27 Estados membros da União Europeia, concluiu em 2020 um acordo com Pequim sobre investimentos do bloco europeu.
A Alemanha, cujo setor industrial pretende penetrar no mercado chinês, foi um dos países que mais promoveu o acordo.
Mesmo assim, no passado mês de março a União Europeia avançou com sanções contra a República Popular da China devido à situação em Xinjiang, onde mais de um milhão de muçulmanos se encontram submetidos a campos de reeducação política, de acordo com organizações de defesa de Direitos Humanos.
Pequim retaliou com sanções contra vários deputados do Parlamento Europeu e universitários do centro de reflexão alemão Merics.
Neste contexto, o vice-presidente da Comissão, Valdis Dombrovskis, disse, no princípio de maio, que “os esforços” para ratificar o acordo de 2020 estavam “suspensos”.
O porta-voz da diplomacia de Pequim considera que o acordo sobre investimentos era “equilibrado e mutuamente benéfico”.
“Não se trata de nenhum um favor” entre as duas partes, disse Zhao Lijian na conferência de imprensa em Pequim.
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