Sonae injeta 30 milhões no Cartão Universo em três meses
"Holding" fez dois aumentos de capital no Cartão Universo, que fechou 2020 com lucros de 300 mil euros. Provisões por causa da pandemia pesaram nas contas, mas a crise é "oportunidade" para crescer.
Em apenas três meses, a Sonae foi chamada a aumentar o capital da SFS – Financial Services, que detém o Cartão Universo, por duas vezes. Injetou 15 milhões de euros em novembro, repetindo o investimento, no mesmo montante, já em janeiro deste ano. Foram 30 milhões de euros para assegurar os requisitos de fundos próprios da gestora.
A “holding” passou a controlar a totalidade da SFS – Financial Services com o fim da parceria com o BNP Paribas Personal Finance. Negócio foi revelado em setembro, tendo recebido “luz verde” da Autoridade da Concorrência em novembro. A partir desse momento, a gestora do Cartão Universo passou a ser responsável por um conjunto de contratos de crédito ao consumo concedidos pelo BNP Paribas, tendo de garantir fundos que os suportassem.
Assim, “motivado pela concessão de crédito, a SFS IME realizou em novembro uma chamada de fundos do acionista [a Sonae], na forma de aumento do capital social, no valor de 15 milhões de euros passando a contar com um capital social de 21,5 milhões de euros”, refere a empresa no relatório e contas de 2020.
“Nos termos da licença outorgada à SFS, esta deverá assegurar fundos próprios superiores a 10% das despesas gerais fixas dos últimos 12 meses”, explica a empresa. “Adicionalmente, e decorrente da iniciação da atividade de concessão de crédito aos seus clientes através da atribuição de um plafond de crédito, a SFS IME está a assegurar fundos próprios de 10% do valor da sua carteira de crédito”, acrescenta.
O Cartão Universo chegou ao final de 2020 com 32 milhões de euros em crédito a clientes, montante que levou a uma nova chamada de capital já este ano. No “eventos subsequentes”, a SFS revela que “o acionista único da SFS IME realizou em 29 de janeiro de 2021 um aporte de fundos na forma de aumento de capital social no valor de 15 milhões de euros, colocando o capital social em 36,5 milhões de euros”.
Pandemia castiga contas. Mais provisões, menos lucros
Estes aumentos de capital visam cumprir os requisitos do Banco de Portugal, mas também munir o Cartão Universo de fundos para poder conceder novos créditos. O negócio cresceu no ano passado. “O ano de 2020 foi marcado pelo crescimento da base de clientes de Cartão Universo e, apesar das condicionantes de atividade decorrentes do estado de pandemia, registou um volume de negócios de 763 milhões de euros e 13,2 milhões de transações”, diz a SFS.
“Apesar dos projetos transformacionais desenvolvidos pela SFS IME e do estado de pandemia, o resultado líquido da empresa ascendeu a 300 mil euros”, nota a empresa. Estes 300 mil euros comparam, ainda assim, negativamente com os 778,5 mil euros registados em 2019.
Há duas explicações para a quebra dos resultados: foram atribuídos 393 mil euros aos trabalhadores, sob a forma de prémios, mas também foram colocados de parte fundos para situações de incumprimento de crédito. A SFS inscreveu 197.358 euros como provisões e imparidades, sendo que foram reconhecidos 130.767 euros em imparidades. Na divisão de clientes por risco, há apenas um cliente em Stage 3, ou seja, com maior risco.
Escassez de liquidez das famílias “é oportunidade”
O Cartão Universo é um cartão de crédito, mas oferece aos seus detentores algumas vantagens: 1% de cash-back em todas as compras realizadas na modalidade fim de mês, em qualquer estabelecimento comercial aderente à rede MasterCard, em Portugal ou no estrangeiro, e ainda descontos até 16 cêntimos por litro no âmbito da parceria com a Galp Energia.
Tendo a pandemia confinado o país, a SFS ressentiu-se na sua atividade, em 2020. E este ano, com o novo confinamento, volta a sentir o impacto no seu negócio. “O estado de emergência associado à pandemia Covid-19 e a declaração do confinamento da população a partir de 15 de janeiro é expectável que venha a ter impactos significativos na atividade da SFS IME, à semelhança do ocorrido em março de 2020, sobretudo na geração de
comissões em operações com cartão Universo e de juros da utilização de crédito.
"Apesar da redução do consumo verificado, num contexto de crise conjuntural, verificar-se-á uma escassez de liquidez nos consumidores que poderá gerar oportunidades para a SFS IME aumentar a sua atividade, dada a sua especial ligação às cadeias de retalho do grupo Sonae.”
“Desde o início do confinamento, a atividade da empresa registou quebras de produção (transações) na ordem de 20%, comparativamente com o histórico”, revela a SFS, acrescentando, contudo, que “não é esperado que o eventual impacto no volume de transações coloque em causa a continuidade da SFS IME”.
Este contexto de crise até é visto como uma oportunidade. “Apesar da redução do consumo verificado, num contexto de crise conjuntural, verificar-se-á uma escassez de liquidez nos consumidores que poderá gerar oportunidades para a SFS IME aumentar a sua atividade, dada a sua especial ligação às cadeias de retalho do grupo Sonae”, diz a empresa.
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