Expirou acordo de compra pela Galp de 10% do projeto de exploração de lítio da Mina do Barroso
A Savannah Resources anunciou que “expirou” o acordo de princípio assinado com a Galp que previa a compra pela petrolífera de 10% do projeto de exploração de lítio da Mina do Barroso.
A Savannah Resources anunciou esta terça-feira que “expirou” o acordo de princípio assinado com a Galp que previa a compra pela petrolífera de 10% do projeto de exploração de lítio da Mina do Barroso, em Boticas, mas as negociações prosseguem.
“O acordo de princípio com a Galp (anunciado em 12 de janeiro de 2021) expirou e as discussões em relação ao investimento estratégico continuarão com fora dos termos de exclusividade deste acordo”, refere a empresa mineira britânica num comunicado publicado na sua página na Internet.
A Savannah diz pretender “alavancar o interesse comercial crescente” por parte de “vários grupos interessados em investir” na Mina do Barroso para “criar uma plataforma económica forte que suporte o desenvolvimento do projeto e maximize o seu valor para os acionistas”.
“A Savannah agora está a avaliar as muitas opções estratégicas”, refere, avançando que “este processo pode incluir contratos de compra alternativos ou complementares, com ou sem investimento do(s) compradores na Savannah ou no projeto diretamente”.
De acordo com a empresa mineira, tal “também pode passar por investimentos estratégicos na companhia independentes de uma aquisição ou pela venda de uma parte do projeto da Mina do Barroso”.
“A posição financeira da Savannah foi significativamente fortalecida após o aumento de capital de 10,3 milhões de libras [cerca de 11,9 milhões de euros] em abril de 2021”, sustenta, acrescentando que este reforço lhe dá “a possibilidade de avançar de forma independente com o estudo definitivo de viabilidade da Mina do Barroso”.
Citado no comunicado, o presidente executivo (CEO) da Savannah afirma-se “muito satisfeito com o nível de interesse na Mina do Barroso”.
“O aumento do interesse comercial que o projeto está a receber reflete a rápida mudança na dinâmica a que se vem assistindo no setor de lítio desde o final de 2020, com a procura a continuar robusta, apesar da situação decorrente da [pandemia] de Covid-19”, afirma David Archer.
Segundo salienta, “as atuais reservas de matéria-prima de lítio estão amplamente cobertas pelos acordos de comercialização existentes, prevendo-se que a procura aumente muito ao longo da próxima década”.
“Isto levou a uma subida dos preços de todas as matérias-primas de lítio, incluindo um aumento de cerca de 80% no preço do concentrado de espodumena desde o início do ano. Tal significa que o mundo precisa de novas fontes de lítio e em nenhum outro lugar isso é mais verdade do que na Europa, onde a Comissão Europeia e os principais consumidores expressaram o desejo de criar uma cadeia de valor de baterias ponta a ponta, para garantir o fornecimento futuro a partir de fontes locais geridas de forma sustentável, que minimizem a pegada de carbono associada ao lítio à medida que ele entra na cadeia de valor”, refere.
Num comunicado enviado à bolsa de Londres no passado dia 12 de janeiro, a Savannah Resources anunciou um acordo com a Galp para aquisição, pela petrolífera, de 10% do projeto de exploração de lítio da Mina do Barroso, em Boticas, por 6,4 milhões de dólares (cerca de 5,26 milhões de euros).
“A Galp pretende assegurar uma posição de 10% do capital nas subsidiárias portuguesas da Savannah que detêm a Mina do Barroso por 6,4 milhões de dólares [5,26 milhões de euros], valor que vai ser usado para dar continuidade aos trabalhos com vista ao estudo definitivo de viabilidade [‘Definitive Feasibility Study (“DFS”)] do projeto, após as devidas autorizações e a conclusão dos acordos definitivos com vista à parceria”, adiantou na altura.
Segundo a Savannah, “a presença e a experiência estratégicas da Galp no setor energético português e europeu” seriam “uma significativa mais-valia para levar o projeto até à fase de produção”.
“A Galp vai acrescentar valor material através da sua participação na administração do projeto e da transferência da sua significativa experiência no desenvolvimento de projetos de recursos de larga escala em Portugal”, sustentava então.
No âmbito da aliança então anunciada, a Galp e a Savannah propunham-se ainda “avaliar, em regime de exclusividade, um contrato de retirada de até 100 mil toneladas anuais de concentrado de lítio da Mina do Barroso, equivalentes a aproximadamente 50% da produção anual”.
A Savannah Resources é uma empresa britânica de prospeção mineira cotada na Bolsa de Valores de Londres e com projetos em Omã (de cobre), em Moçambique (de areias minerais) e Portugal (lítio).
Em maio de 2017, a Savannah adquiriu a Slipstream Resources Portugal, na qual se incluem as concessões de lítio da empresa em Portugal, para desenvolver o projeto mineiro na região do Barroso, no concelho de Boticas, detendo a Mina do Barroso a 100% desde junho de 2019.
Com um investimento total estimado na ordem dos 110 milhões de euros e a criação prevista de 215 empregos diretos e 500/600 indiretos, o projeto de exploração de lítio em Boticas aguarda ainda decisão quanto à avaliação de impacte ambiental, mas tem vindo a ser contestado pela população local que criou a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) para lutar contra a mina.
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