Exposição do BES a Angola “devia ter sido travada” após 2010, diz Constâncio

Vítor Constâncio disse no Parlamento que a exposição do BES a Angola "devia ter sido travada", lembrando que já não estava no Banco de Portugal quando essa relação começou a ser problemática.

O ex-governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio afirmou esta sexta-feira que a exposição do BES ao banco em Angola “devia ter sido travada”, mas lembrou que já não estava no supervisor nacional quando essa relação começou a ser problemática e que veio a traduzir-se em perdas milionárias em 2014.

Constâncio começou por lembrar que o aumento da exposição de crédito do BES ao BESA verificado até 2010 tinha sobretudo a ver com o negócio da dívida pública angolana, com risco mais baixo, e que nunca foi alertado para qualquer problema.

Porém, a partir do início da década passada, que foi quando Constâncio saiu do Banco de Portugal para vice-presidente do Banco Central Europeu, assistiu-se a “uma explosão do uso do BESA para crédito” e que “devia ter sido travada”. Foi Carlos Costa quem o sucedeu no supervisor português.

“Não foi o problema da dívida pública que gerou os problemas. Foi a explosão da carteira de crédito do BESA” após 2010, afirmou o ex-governador na comissão de inquérito ao Novo Banco.

Constâncio estabeleceu uma linha do tempo quanto à evolução da exposição a Angola. Em 2008 era de 939 milhões de euros e, em cinco anos, verificou-se a “explosão” para 6,1 mil milhões de euros em 2013.

Segundo o antigo governador, este crédito serviu para financiar “entidades privadas locais e que se revelou ser crédito malparado” e serviu também para o BES “registar lucros contabilísticos significativos” quando Portugal já se encontrava em situação de crise. “Esta explosão do uso do BESA só encontra racionalidade num fenómeno de fuga para a frente a partir de 2010. (…) Teria sido a motivação para [o BES] correr estes riscos”.

Vítor Constâncio disse “seguia os números todos” em termos de supervisão, mas em base consolidada, e que o Banco de Portugal não podia fazer inspeções num banco estrangeiro. Disse ainda que só podia confiar naquilo que o Banco Nacional de Angola e o auditor do BESA (a KPMG, que era o auditor do BES) transmitiam. “Só em 2012 é que a KPGM pôs as reservas” e Constâncio já não estava no Banco de Portugal.

(Notícia atualizada às 11h54)

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