Portugal perdeu 343 mil voos desde o início da pandemia

Projeções da Eurocontrol para Portugal aponta para que 2021 feche com 43% do tráfego de 2019. A concretizar-se, o desempenho poderá ser inferior aos 50% estimados para a média europeia.

A aviação foi um dos setores mais afetados pela pandemia que obrigou pessoas, por todo o mundo, a ficarem confinadas em casa e limitarem circulação. Portugal não foi exceção e a estimativa da Eurocontrol é que os aeroportos nacionais tenham perdido cerca de 343 mil voos devido à Covid-19.

O total de voos perdidos desde 1 de março de 2020 situa-se em 343 mil, de acordo com um relatório sobre o impacto da Covid-19 na aviação em Portugal, elaborado pela associação europeia, a que o ECO teve acesso.

Atualmente, passam pelos aeroportos portugueses 721 voos diários, o que representa apenas 42% do tráfego comparável de 2019. A maior queda (46%) diz respeito a trajetos internacionais, que contabilizam atualmente cerca de 577 por dia. Já as ligações nacionais caíram apenas 21% para uma média de 141. Os restantes dizem respeito a round robin flights que regressam diretamente ao mesmo aeroporto de onde saíram.

O aeroporto mais movimentado é, sem surpresa, o de Lisboa, pelo qual passam, em média, 317 voos por dia. É também mais afetado do que a média do país: o tráfego está ainda 51% abaixo dos que se verificavam em 2019. Segue-se Faro com 162 voos (menos 29% no que pré-pandemia), enquanto o Porto regista 153 trajetos diários (menos 48%).

Já no que diz respeito às companhias aéreas, a TAP foi a mais frequentada, com uma média de 168 voos diários (-56% em comparação com 2019). A empresa — que está a ser alvo de reestruturação no seguimento do apoio público que teve de pedir — tem sido fortemente afetada pela pandemia, com quebras no número de voos, passageiros transportados, capacidade dos aviões e, consequentemente, rendimentos operacionais.

Neste cenário, a TAP teve prejuízos de 365,1 milhões de euros e um EBITDA negativo em 104,1 milhões de euros, nos primeiros três meses do ano. As perdas têm sido generalizadas às várias empresas do setor. Olhando para as cinco maiores companhias aéreas a operar em Portugal, nenhuma recuperou da pandemia: a Ryanair opera 119 voos por dia nos aeroportos nacionais (-36% do que em igual período de 2019), a easyJet 72 (-43%), a SATA Air Açores 43 (-18%) e a Air France 26 voos (-34%).

Retoma da aviação em Portugal só depois de 2024

Apesar de a aviação já estar a registar alguns níveis de recuperação, o setor continua envolto em incerteza entre os progressos da vacinação e as restrições que ainda estão a ser aplicadas para conter o vírus. A Eurocontrol define projeções com base em três cenários, mas só no mais otimista é que Portugal terá uma retoma a tocar no número de voos já em 2023.

O cenário base da organização para Portugal aponta para 2021 feche com 43% do tráfego de 2019, o que compara com cerca de 50% a nível europeu. Já no final do próximo ano, o número de voos poderá ter recuperado 70% em Portugal e 72% na Europa. Em 2024, é visto em apenas 95%, em ambos os casos.

Este é, no entanto, o cenário intermédio. O mais favorável para Portugal prevê uma atividade de 52% dos níveis pré-pandemia em 2021 e de 111% em 2024, ou seja, já superior à registada antes da Covid-19. Para a Europa, estão previstos entre 56% e 105%, respetivamente. Em sentido contrário, no cenário mais pessimista, a retoma poderá ser de 32% em Portugal este ano (43% na Europa) e de 68% dentro de três anos (74% na média europeia).

Fonte: Eurocontrol

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