Regresso aos escritórios: 74% dos empregadores nacionais preferem modelo presencial
Os empregadores querem abrir as portas do escritório e voltar a ter os colaboradores em modelos presenciais. Esta é a conclusão do estudo do ManpowerGroup a que a Pessoas teve acesso.
Ainda que os profissionais admitam que não querem voltar ao modelo de trabalho que tinham antes da pandemia, os empregadores nacionais parecem não coincidir quando o assunto é o regresso ao escritório: 74% admite privilegiar o modelo presencial durante os próximos seis a 12 meses. O valor representa um crescimento acentuado face aos 40% registados no trimestre anterior, segundo os dados apurados pelo ManpowerGroup e a que a Pessoas teve acesso.
“Esta preferência é até mais forte em Portugal do que na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), onde o valor é de 67%. Se os modelos 100% presenciais nunca tiveram uma expressão significativa nas indicações dos empregadores portugueses, tanto na vaga anterior como nesta representam apenas 2% das intenções, é nos modelos híbridos que a transferência para modelos presenciais se faz sentir de forma mais acentuada, passando dos 34% para apenas 18%”, explica Rui Teixeira, diretor-geral de operações do ManpowerGroup.
Com vários estudos e especialistas a demonstrarem que, do lado dos profissionais, os modelos híbridos são os preferidos, Rui Teixeira considera que os colaboradores transmitem uma mensagem diferente.
Aliás, os dados do último estudo do ManpowerGroup sobre as preferências dos trabalhadores, publicado em finais de 2020, davam conta de que a manutenção da flexibilidade conquistada e um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional estavam entre as principais preocupações manifestadas, logo depois da manutenção do emprego e da sua saúde.
“Esta é uma tendência a acompanhar nos próximos meses, seguindo de perto os modelos de trabalho que as empresas começam a implementar”, afirma, em conversa com a Pessoas.
Teletrabalho exige “esforço acrescido das lideranças”
A preferência pelo modelo 100% físico está relacionada com o facto de 68% dos empregadores afirmarem que a maioria da sua força de trabalho, entre 76% a 100%, assume funções que só podem ser desempenhadas no local de trabalho, revelam as conclusões das questões extra do estudo “ManpowerGroup Employment Outlook Survey” para o terceiro trimestre de 2021.
Além disso, empregadores portugueses e da região EMEA coincidem nas principais preocupações que associam aos modelos de trabalho remoto. No entanto, a ordem de importância atribuída não é a mesma. Em Portugal destacam o bem-estar dos colaboradores (25%), seguido da produtividade (13%) e da colaboração (9%), enquanto na região priorizam a produtividade (20%), seguida da colaboração (15%) e do bem-estar (14%).
“Tal como pudemos verificar ao longo dos últimos meses em que o teletrabalho foi predominante, a capacidade de comunicação e colaboração, o envolvimento e compromisso dos colaboradores e o seu bem-estar psicológico são claramente postos à prova nestes contextos, exigindo um esforço acrescido das lideranças e dos sistemas e modos de funcionamento”, considera Rui Teixeira.
Regresso ao escritório pode comprometer atratividade
Estas preocupações e a falta de adaptação às necessidades do talento podem traduzir-se mesmo numa redução de atratividade por parte das empresas.
“Os trabalhadores não estão dispostos a perder a flexibilidade alcançada. Será necessário trabalhar para construir novos modelos e um equilíbrio de posições”, refere, acrescentando que os empregadores devem ser capazes de adotar uma abordagem “PeopleFirst”, que responda às preferências e inquietudes dos seus colaboradores.
Nos Estados Unidos, um inquérito realizado em maio deste ano a mil adultos mostrou que 39% considerariam mesmo demitir-se caso os seus empregadores não fossem flexíveis em relação a o trabalho à distância.
“No atual contexto de escassez de talento, será algo fundamental para poder atrair e comprometer o talento que necessitam. Neste sentido, as áreas de recursos humanos devem continuar a desenvolver os passos já iniciados e repensar a forma como as pessoas trabalham, são reconhecidas e valorizadas no futuro, incorporando modelos e ferramentas que favoreçam a flexibilidade e o foco nos resultados, em detrimento do controlo da presença física no local de trabalho”, aconselha.
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