Do verde ao vermelho, o risco da Covid em Portugal disparou em cinco semanas
A partir de meados de maio, a situação epidemiológica no país começou a agravar-se, particularmente em Lisboa. Indicadores da pandemia estão já acima dos limites de risco.
Cinco semanas, foi este o tempo que demorou para Portugal passar do “quadradinho” verde da matriz de risco da Covid-19 para o vermelho. Durante as primeiras fases do desconfinamento, a situação permaneceu controlada, com concelhos a recuar e a marcar passo consoante ultrapassavam o limiar do risco. Mas, a partir de meados de maio, o cenário começou a piorar, nomeadamente em Lisboa, e os dois indicadores, incidência e Rt, acabaram por passar o limiar esta semana.
O país começou a acompanhar a evolução da pandemia na “bússola” apresentada pelo Governo em meados de março, quando arrancou a primeira fase do desconfinamento. As linhas definem os limites em 120 casos por 100 mil habitantes e o índice de transmissibilidade em 1. No início de abril, o país chegou a ultrapassar o limite do Rt, que ficou ligeiramente acima de 1, mas acabou por regressar ao quadrante verde.
Já a 17 de maio, o boletim da Direção Geral de Saúde mostrou que o índice de transmissibilidade estava de novo a “pisar o risco”. Nessa altura, a incidência era de 50,5 casos por 100 mil habitantes e Rt de 1 a nível nacional e 47,5 casos por 100 mil habitantes e Rt de 0,99 no Continente. A partir daí, o nível de risco foi subindo, mantendo-se ainda assim na zona verde, de transição, na matriz.
No final de maio, a situação em Lisboa começou a preocupar, sendo que o concelho ficou em alerta por ter mais de 120 casos por cem mil habitantes. Ao nível do país, a incidência continuava controlada mas o índice de transmissibilidade começava a subir. Em meados de junho, o indicador nacional começou a situar-se já na zona laranja da “bússola”.
Na passada segunda-feira, dia de mais uma atualização da matriz, a DGS revelou que a incidência do vírus no território continental era de 120,1 casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes, sendo ainda de 119,3 casos por 100 mil habitantes a nível nacional. Já o Rt situava-se em 1,18 a nível nacional e 1,19 no Continente.
Já na atualização mais recente, esta quarta-feira, confirmou a entrada na zona vermelha. A incidência situa-se nos 128,6 casos por 100 mil habitantes a nível nacional, e 129,6 casos por 100 mil habitantes no Continente. Já o Rt nacional está em 1,17, e 1,18 a nível continental. A incidência saltou assim de 50,5 casos por 100 mil habitantes para 128,6 em cerca de cinco semanas, mais do que duplicando, enquanto o Rt cresceu de 1 para 1,17.
Quanto aos restantes indicadores, o número de mortes não tem tipo um crescimento significativo, não superando os sete óbitos diários já há mais de um mês. Por outro lado, o número de casos confirmados já tem sido mais elevado, ultrapassando as mil infeções diárias em vários dias da última semana. Internamentos têm subido também.
A região de Lisboa é a que motiva mais preocupação atualmente, pesando na média nacional. Os responsáveis têm atribuído a situação à propagação da variante Delta, que é já dominante nesta região. O Algarve tem estado também a ter uma evolução negativa nos indicadores, estando próximo do limiar de risco.
No último relatório de monitorização das linhas vermelhas para a Covid-19, divulgado na semana passada, já se dava o alerta de que, a manterem-se as taxas de crescimento, “o limiar de 120 novos casos por 100.000 habitantes, acumulado em 14 dias, será atingido em menos de 15 dias ao nível nacional e na região do Algarve, e o limiar de 240 casos por 100.000 habitantes será atingido em Lisboa e Vale do Tejo em menos de 15 dias”.
De recordar que, no início de junho, o Governo anunciou novas fases de desconfinamento, previstas para 14 e 28 de junho. A primeira avançou, mas já não se chegou a aplicar em Lisboa, por estar acima do limiar de risco em duas avaliações consecutivas. Braga, Vale de Cambra e Odemira também não avançaram para as novas medidas.
Já a fase seguinte, que estava prevista arrancar na próxima segunda-feira, não deverá materializar-se. No último Conselho de Ministros, a ministra Mariana Vieira da Silva tinha já sinalizado que, tendo em conta o cenário do país, “muito dificilmente se irá verificar” o arranque do novo relaxamento de medidas.
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