Antes do ESG Portugal Forum, Miguel Coleta, Diretor de Sustentabilidade da Phililip Morris Internacional, garantiu que para a empresa "os critérios de desempenho ESG são questões do negócio".
É já amanhã, 29 de junho, que o ECO e o Capital Verde vão organizar a primeira edição do ESG Portugal Forum 2021 que agregará os contributos de especialistas, empresários, gestores e consultores sobre este tema (assista aqui em direto). Em debate estarão as estratégias ESG (ambientais, sociais e de governance) de diferentes setores e o estado da arte do respetivo reporte. Este contexto ganha particular oportunidade num panorama de aceleração da transição para a economia verde, em que os governos, sistema financeiro e supervisores tendem a integrar o escrutínio e a verificação de critérios ESG nas empresas.
Neste evento serão abordados dois temas centrais em dois painéis diferentes: O estado do report ESG nas empresas portuguesas e A diversidade setorial e regulamentar das abordagens ESG. É neste segundo painel que participa Miguel Coleta, Diretor de Sustentabilidade da Phililip Morris Internacional, de que a Tabaqueira é subsidiária. Antes do Forum, fomos saber como esta empresa está já a dar conta, detalhadamente, do seu desempenho no plano ambiental, social e de governance no mais recente Relatório Integrado, relativo a 2020, publicado em maio.
Qual o valor do reporting ESG para a empresa?
A sustentabilidade está no centro da transformação da Philip Morris International (PMI), de que a Tabaqueira é subsidiária, e é o motor de desenvolvimento dos nossos programas em termos de desempenho ambiental, social e de governance (da sigla em inglês, ESG), de modo a mitigar os riscos associados à nossa cadeia de valor, ao mesmo tempo que favorece a inovação e o crescimento a longo prazo. A nossa profunda convicção é que a sustentabilidade e o desempenho corporativo não podem estar separados, e durante o último ano, na PMI continuámos a reforçar a governação da sustentabilidade e a garantir que o desempenho ambiental, social e de governance integra a tomada de decisão.
A PMI publicou em maio o seu mais recente Relatório Integrado, relativo a 2020, um instrumento que permite uma visão global do desempenho da empresa no plano ambiental, social e de governance, e que demonstra como esta estratégia cria valor. A empresa relata o progresso em várias áreas, incluindo na prossecução do ambicioso roteiro para 2025 – um conjunto de metas relativas a todos os tópicos prioritários da avaliação de materialidade da sustentabilidade da PMI. O que abrange a meta para 2025 de transferir mais de 40 milhões de fumadores adultos para produtos alternativos sem combustão e fumo (metade destes provenientes de países que não fazem parte da OCDE) e ainda que estes produtos contabilizem mais de 50% das receitas líquidas da PMI.
Quais os standards adotados e qual a visão de futuro?
O Relatório Integrado de 2020 destaca os tópicos de sustentabilidade da PMI, incluindo os impactos dos seus produtos na saúde – um aspeto que na maioria das vezes não é identificado pelas avaliações ESG externas – e descreve como a empresa está a trabalhar na investigação, no desenvolvimento e comercialização de alternativas para o consumo continuado de cigarros, para os adultos que, de outra forma, continuariam a fumar.
Inclui ainda uma nova secção sobre a transformação de negócio da empresa – que se estende para além da alteração do produto – e uma atualização nas Métricas de Transformação do Negócio. São um conjunto personalizado de indicadores-chave de desempenho (KPIs) apresentados em 2016 para complementar a divulgação dos ESG. Estas métricas permitem às partes interessadas avaliarem, de forma transparente, tanto o ritmo como a escala da transformação da PMI. Desde então, com base no retorno das partes interessadas (ou stakeholders), a PMI expandiu para 28 o número de métricas, com três novas apresentadas neste relatório.
O relatório foi preparado seguindo a estrutura de Relatório Integrado, e em concordância com os Padrões de divulgação da Global Reporting Initiative(GRI). Alinhado com os princípios e padrões do Pacto Global das Nações Unidas (da sigla em inglês, UNGC) e indica contribuições para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e respetivas metas. O Relatório Integrado da PMI aborda algumas recomendações da Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), com os seus relatórios ambientais para o CDP a cobrir a maior parte do restante. Considera ainda orientações do Sustainability Accounting Standards Board (SASB).
Por último, o conteúdo do Relatório Integrado de 2020 da PMI está mapeado de acordo com as 21 métricas definidas pelo Conselho Internacional de Negócios/Fórum Económico Mundial no livro branco “Measuring Stakeholder Capitalism: Towards Common Metrics and Consistent Reporting of Sustainable Value Creation”, para refletir mais profundamente a importância das partes interessadas, de acordo com a Declaração de Propósito da PMI. O relatório demonstra ainda como a empresa acredita que a estratégia de sustentabilidade corresponde à estratégia corporativa e que as questões relacionadas com o desempenho ambiental, social e de governança são questões do negócio.
Refletindo este compromisso para com a sustentabilidade, a equipa de sustentabilidade global é agora parte da função da Área Financeira, e reporta diretamente ao Chief Financial Officer. Para além disso, a remuneração executiva está agora ligada ao desempenho ambiental, social e de governance, complementando os incentivos de transformação de produto já em vigor.
Como está a empresa a adotar abordagens para cada uma das vertentes: ambientais, sociais e de governo de sociedades?
A grande ambição da Philip Morris International, e da Tabaqueira, sua subsidiária, é apresentar soluções que permitam substituir os cigarros por alternativas sem combustão, e por essa razão sem fumo e sem alcatrão. Mas também entendemos que só podemos ser bem-sucedidos neste desígnio, sabendo que os recursos do planeta não são ilimitados, com uma gestão sustentável dos recursos naturais de que dependemos, com respeito e cuidado pelas pessoas na nossa cadeia de valor, e com uma ação operacional de excelência na base de tudo isto. Estes são os pilares da nossa estratégia de sustentabilidade e, para cada pilar, definimos ambições concretas nas áreas onde podemos contribuir de forma mais significativa para a sociedade. A sustentabilidade é a estratégia de negócio da PMI, que é um novo modelo de negócio que procura criar valor a curto, médio e longo prazo, melhorando continuamente a compreensão, gestão e desempenho da empresa ao nível do impacto social, económico e ambiental das suas operações e abrangente cadeia de valor.
As medidas em curso requerem investimento (financeiro, de recursos humanos, etc)?
Sem dúvida. Toda esta estratégia de sustentabilidade e de transformação do negócio requer um grande investimento quer financeiro, quer em termos de pessoas, pois como uma organização empenhada num futuro melhor e são as pessoas que fazem os negócios e só elas os conseguem transformar. Para a PMI a tradução da sua estratégia de sustentabilidade começa pelos seus produtos, com um investimento de mais de 8 mil milhões de dólares em investigação, desenvolvimento comercial e de novos produtos.
Já em 2020, a PMI investiu 495 milhões de dólares em I&D, aproximadamente 100% dos quais dedicados a produtos sem combustão e sem fumo. E em termos das métricas de progresso da transformação do negócio da PMI, por exemplo: as vendas da PMI relacionadas com produtos livres de fumo representaram aproximadamente 23,8% do total de receitas em 2020, comparando com 0,2% em 2015; o volume de exportação de produtos livres de fumo da PMI representou mais de 10% do total do volume de exportações em 2020, comparando com 0,1% em 2015; e em dezembro de 2020, 37,2% das posições de gestão da PMI eram ocupadas por mulheres, face aos 36,1% em 2019.
Comprometida em alcançar a igualdade de género a todos os níveis, a empresa está encaminhada para alcançar o seu objetivo de 40% de posições de gestão por mulheres em 2022. Importante referir ainda, por exemplo, que em março de 2019, a PMI tornou-se a primeira empresa a receber a certificação global de igualdade salarial. Esta certificação confirma que a PMI paga de igual forma a mulheres e homens onde opera, em todo o mundo, seja do Brasil à Indonésia ou da África do Sul a Portugal. Em Portugal, a Tabaqueira está abrangida por esta certificação global, o que a torna na primeira empresa nacional certificada com este selo da igualdade salarial.
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ESG Portugal Forum: “A sustentabilidade e o desempenho não podem estar separados”
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