Antes do ESG Portugal Forum, Nuno Carvalhosa avança que, além dos fundos próprios, a Cellnex não descarta recorrer a "financiamento público" para pôr em prática o seu plano estratégico de ESG até 2025
É já no próximo dia 29 de junho que o ECO e o Capital Verde vão organizar o ESG Portugal Forum 2021 que agregará os contributos de especialistas, empresários, gestores e consultores sobre este tema (assista aqui em direto). Em debate estarão as estratégias ESG (ambientais, sociais e de governance) de diferentes setores e o estado da arte do respetivo reporte. Este contexto ganha particular oportunidade num panorama de aceleração da transição para a economia verde, em que os governos, sistema financeiro e supervisores tendem a integrar o escrutínio e a verificação de critérios ESG nas empresas.
Neste evento serão abordados dois temas centrais em dois painéis diferentes: O estado do report ESG nas empresas portuguesas e A diversidade setorial e regulamentar das abordagens ESG. É neste segundo painel que participa Nuno Carvalhosa, Managing Director da Cellnex. Antes do Forum, fomos saber como esta empresa está já a pôr em prática o novo plano estratégico de ESG, que cobre o período de 2021 a 2025.
Como está a empresa a adotar abordagens para cada uma das vertentes: ambientais, sociais e de governo de sociedades?
Transversalmente a todos os 12 países onde o grupo Cellnex opera, a estratégia de ESG foi precedida da definição de um propósito partilhado – o de transformarmos as vidas das pessoas, permitindo que se liguem entre si e ao mundo. A estratégia foi subsequentemente concretizada num plano global assente em 6 eixos principais alinhados com vários dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, em particular, com os objetivos de melhoria da qualidade da educação; de igualdade de género, de condições dignas de trabalho e de crescimento económico; de desenvolvimento da indústria, inovação e infraestruturas; de redução das desigualdades e; de ação climática.
O plano estratégico de ESG inicial cobriu o período 2016 a 2020 e foi concluído com o atingimento de cerca de 90% dos seus objetivos. Mais recentemente, foi aprovado o plano estratégico ESG 2021-2025 que assenta nos seguintes eixos principais: agirmos com integridade; promovermos o talento, a diversidade e a inclusão; contribuirmos para o desenvolvimento social das comunidades onde operamos; adotarmos uma abordagem de proteção ambiental de longo prazo; estendermos os nossos compromissos a toda a cadeia de valor onde nos integramos e; assegurarmos um amplo conhecimento da nossa estratégia e plano de ESG por todos os colaboradores. Este novo plano congrega 17 linhas de atuação diferentes e um total de 92 ações concretas.
As ações do plano estratégico 2021-2025 têm associadas objetivos de resultados quantificáveis e calendários, tendo sido instituído um processo regular de avaliação do desenvolvimento das referidas ações e de atingimento dos respetivos objetivos pela comissão do Conselho de Administração formalmente encarregado deste acompanhamento.
As medidas em curso requerem investimento (financeiro, de recursos humanos, etc)?
As medidas em curso requerem investimento e afetação de um conjunto muito alargado de recursos humanos e de capital. Desde logo, porque a estratégia de ESG da Cellnex tem um âmbito bastante alargado, cobrindo áreas tão abrangentes quanto recursos humanos, gestão ambiental, sistemas de gestão e de certificação, saúde e segurança no trabalho, operação e manutenção e compras, por exemplo. A título ilustrativo, garantimos já que, pelo menos, 40% do consumo energético do grupo em 2021 provenha de energias renováveis. Tendo, também, sido já assumido o compromisso de atingirmos os 100% até 2025.
Exemplos adicionais de investimentos recentes são os associados à implementação do plano de equidade, diversidade e inclusão, assim como um novo plano global de saúde e segurança no trabalho ou ainda os €10 milhões investidos em programas de apoio à situação pandémica e a causas sociais. Ou ainda, a recente criação da Fundação Cellnex com o objetivo de apoiar as iniciativas de ESG do grupo, a qual foi constituída com uma dotação inicial de €1 milhão de investimento.
Também o posicionamento grossista, neutro e independente da Cellnex tem um impacto positivo em sede de ESG pois promove um nível acrescido de racionalidade económica e proteção do meio ambiente, associado à promoção da partilha das infraestruturas por nós geridas e à consequente minimização do consumo de recursos associados. O desenvolvimento deste modelo de negócio envolveu já um total de €35 mil milhões de investimento realizado e comprometido desde o IPO da Cellnex em 2015.
Quanto planeiam investir em ESG a prazo? Ponderam algum tipo de financiamento específico?
O novo plano estratégico de ESG cobre o período de 2021 a 2025 e contempla um conjunto bastante alargado de iniciativas que serão objeto de financiamento específico. No plano social e do governo das sociedades, destacamos o objetivo de contratar pelo menos 30% de jovens e de as senhoras representarem um mínimo de 40% do Conselho de Administração do grupo e 33% da equipa de gestão. A este título, refira-se que em Portugal, temos já hoje quase 40% da equipa de gestão alargada composto por senhoras. Ou, ainda, a implementação de um novo modelo de gestão de riscos e uma aposta alargada no desenvolvimento de competências sociais e digitais alinhadas com os desafios de uma economia e de uma sociedade cada vez mais digital, bem como o compromisso de, até 2023, termos a totalidade dos nossos fornecedores homologados em critérios de ESG.
Já no plano da proteção do meio ambiente, são de destacar os compromissos no sentido de assegurarmos que a totalidade do consumo de energia do grupo Cellnex se fará a partir de fontes de energia renovável até 2025 ou o de reduzirmos a nossa pegada de carbono em 70% até 2030.
Historicamente, na Cellnex, estes esforços foram muito maioritariamente financiados por fundos próprios. Não excluímos, contudo, poder vir a recorrer a financiamento público. Desde logo, porque as iniciativas de ESG de uma empresa como a Cellnex encontram-se claramente na confluência das duas dimensões fundamentais dos planos de resiliência e de recuperação europeus – o digital e o “verde”. Estas dimensões são fundamentais para a promoção de uma Europa economicamente mais desenvolvida, socialmente mais coesa e com um contributo mais forte para a preservação do ambiente e dos recursos naturais a nível global.
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ESG Portugal Forum: “Cellnex quer reduzir pegada de carbono em 70% até 2030”.
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