O turismo e Trump. “O mundo está aberto. Se não se vai a um sítio, pode ir-se a outro”
Os responsáveis das duas maiores organizações mundiais de turismo estiveram esta tarde em Portugal e apelaram ao fim da proibição da entrada nos EUA de pessoas de países de maioria muçulmana.
Donald Trump proibiu a entrada nos Estados Unidos de pessoas oriundas de sete países de maioria muçulmana e a indústria do turismo está “confusa”. Do lado das maiores organizações mundiais do setor, a posição é clara: a medida do Presidente norte-americano não só vai contra o “direito fundamental da liberdade para viajar”, como vai afastar pessoas — dos países banidos e de outros — dos EUA.
As mensagens foram transmitidas por Taleb Rifai, secretário-geral da Organização Mundial do Turismo, e David Scowsill, presidente do Conselho Mundial para as Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês). Os responsáveis estiveram esta tarde em Lisboa por ocasião da assinatura do memorando de adesão de Portugal ao Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.
"As pessoas vão deixar de ir aos EUA, não por causa de restrições, mas porque não vão a sítios onde não se sentem bem-vindas.”
“A experiência e a história mostram-nos que nada vai parar. As pessoas vão continuar independentemente de qualquer medida. Portanto, a medida de Trump não terá qualquer impacto a nível do crescimento do turismo mundial”, sublinhou Taleb Rifai. Contudo “as pessoas vão deixar de ir aos EUA, não por causa de restrições, mas porque as pessoas não vão a sítios onde não se sentem bem-vindas“, ressalvou o responsável.
E rematou: “Os EUA estão a enviar a mensagem de que não estão abertos a visitantes. O mundo está aberto. Se não se vai a um sítio, pode ir-se a outro”.
David Scowsill foi mais longe e lembrou o impacto económico provocado pelas restrições de fronteiras após o 11 de setembro de 2001. “Nos dez anos depois do 11 de setembro, os Estados Unidos perderam 600 mil milhões de dólares em receitas porque o Departamento de Estado não estava a emitir vistos de forma célere”, apontou.
"Quando o presidente Trump anunciou a sua medida, criou uma enorme confusão dentro da indústria sobre quem podia viajar e quem não podia.”
O presidente da WTTC elogiou o Governo de Barack Obama, que “acelerou o processo de emissão de vistos, criou uma marca do destino Estados Unidos, criou um programa de vistos eletrónicos e facilitou as filas dos aeroportos com tecnologia de leitura eletrónica de passaportes”. Agora, acredita, haverá um retrocesso no turismo norte-americano.
“A nossa crença é no direito dos indivíduos de viajar, sem em negócios ou lazer e independentemente do seu país de origem ou etnia. Toda a gente tem um direito fundamental de liberdade para viajar. Quando o presidente Trump anunciou a sua medida, criou uma enorme confusão dentro da indústria sobre quem podia viajar e quem não podia”.
David Scowsill deixou claro que o setor quer “garantir que as pessoas destes países possam continuar a viajar” e apelou a que o Governo norte-americano altere a medida.
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