Cada família gastou em média 2.000 euros em energia o ano passado

De acordo com o Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico, que não se realizava desde 2010, os portugueses consomem hoje menos 30% de energia mas pagam mais 4,4%.

No ano passado a despesa global com energia por alojamento em Portugal foi em média de 1.925 euros, já incluindo a despesa com combustíveis dos transportes, de acordo com os resultados preliminares do Inquérito ao Consumo de Energia no Setor Doméstico 2020, divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

Da última vez que este inquérito foi feito, em 2010, os portugueses gastavam por ano 1.843 euros em energia, ou seja, menos 82 euros.

Somando parcela a parcela, e para uma família com um carro a diesel (1253 euros por ano em combustível), que pague conta de eletricidade (751 euros/ano) e de gás natural (296 euros/ano), a fatura de energia disparou em 2020 para os 2.300 euros. Se o alojamento tiver gás canalizado ou de garrafa, lareira ou salamandra para o aquecimento no inverno, os gastos com energia foram ainda maiores.

As estatísticas mostram assim que os portugueses estão agora a consumir menos 30% de energia, mas a pagar mais 4,4% pela energia que consomem: em 2020 o consumo global de energia por alojamento em Portugal foi de 1,146 toneladas equivalentes de petróleo (tep), incluindo o consumo nos transportes, quando em 2010 ascendia a 1,501 tep. Numa década, o gasto energético por alojamento caiu 355 toneladas equivalentes de petróleo.

Neste raio-X aos hábitos de consumo de energia nas habitações, algo que já não acontecia há 10 anos, o INE descobriu que o consumo total de energia no setor doméstico foi de quase cinco milhões de toneladas equivalentes de petróleo, com o consumo de energia nos veículos utilizados no transporte individual dos residentes no alojamento a representar 45,6% do total. Em 2010 esta percentagem ascendia a 50,6%.

No ano passado a eletricidade reforçou a sua posição de liderança como a principal fonte de energia consumida nos alojamentos (46,4%, face aos 42,6% registados em 2010), seguida da biomassa (lenha utilizada nas lareiras), que caiu para 18,4% do total (era 24,2% em 2010). Já o consumo de gás natural aumentou o seu peso para 12,4% (9,0% em 2010).

“A expansão da rede de gás natural em Portugal foi o principal fator de mudança face à edição anterior. O gás natural foi consumido em cerca de 28% dos alojamentos em Portugal (19,8% dos alojamentos em 2010) e constitui-se como a terceira principal fonte de energia no setor doméstico em termos de consumo. O GPL garrafa, mesmo tendo sido utilizado em cerca de 53% dos alojamentos em Portugal, desceu para a quarta posição no consumo de energia no setor doméstico (12,2% do total de energia utilizada em 2020, quando era 16,6% em 2010″, revela o relatório do INE.

No que diz respeito à utilização de Sistemas Solares Térmicos, aumentou no aquecimento de águas, mostram as estatísticas, e o consumo de energia solar térmica quase triplicou numa década, “apesar de manter um peso reduzido no total” de apenas 2,1%.

A cozinha continua a ser a divisão da casa onde se gasta mais energia, face aos outros tipos de utilização no alojamento, mas ainda assim registou uma queda de 39,1% em 2010 para 34,8% em 2020.

 

Nos transportes, “o gasóleo continuou a ser o principal combustível utilizado nos veículos, tendo-se reduzido o peso da gasolina”, diz o INE. Em 2020 o gasóleo teve um peso superior a 70%, na mesma linha dos resultados obtidos em 2010 (63,8% em 2010), enquanto a gasolina se ficou pelos 29,3%, diminuindo face a 36,0% em 2010.

Por ano, a fatura das famílias com gasóleo ficou no ano passado em 1253 euros, e em 765 euros para a gasolina.

O Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico (ICESD), atualmente na 4ª edição, ocorreu anteriormente em 1989, 1996 e 2010

De acordo com os resultados preliminares do Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico 2020, estas são principais alterações nos hábitos de consumo de energia dos portugueses na última década:

  • O consumo médio de energia por alojamento diminuiu, apesar de ter aumentado a despesa média global;
  • Continua a aumentar a preponderância da eletricidade como principal fonte de energia consumida no alojamento, mas de forma menos intensa que nos períodos anteriores a 2010;
  • A proporção do consumo de energia nos veículos no setor doméstico diminuiu face a 2010;
  • O consumo de biomassa continuou a decrescer, mantendo-se como a segunda principal fonte de energia;
  • O gás natural ganhou importância e foi, em 2020, a terceira principal fonte de energia no setor doméstico em termos de consumo, ultrapassando o GPL garrafa;
  • O consumo de energia solar térmica quase triplicou, apesar de manter um peso reduzido no total;
  • A utilização dos Sistemas Solares Térmicos aumentou no Aquecimento de águas;
  • O gasóleo continuou a ser o principal combustível utilizado nos veículos, tendo-se reduzido o peso da gasolina.

O INE sublinha que “o período de referência para o inquérito correspondeu aos meses de outubro de 2019 a setembro de 2020” que coincidiu com a propagação a Portugal da pandemia COVID-19. “É provável que as condicionantes que a pandemia impôs sobre a vida social e económica do país tenham afetado os comportamentos dos agregados familiares também no que se refere ao consumo doméstico de energia. É no entanto cedo para avaliar a natureza transitória ou permanente das alterações comportamentais ocorridas”, salienta.

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