Desempregados inscritos no IEFP baixam para mínimo da pandemia
O número de desempregados inscritos no IEFP desceu para 377.872, o valor mais baixo desde março de 2020. Em causa está uma quebra de 6% em junho face a maio deste ano.
O número de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) recuou 6% em junho, face ao mês anterior, para 377.872, de acordo com os dados divulgados esta terça-feira. Há agora menos 24.311 desempregados a registar face a maio e menos 28.793 face a junho de 2020 (-7,1%). É preciso recuar até março de 2020, mês em que a pandemia obrigou a restrições em Portugal, para encontrar um valor mais baixo.
Os dados sugerem que foram os desempregados provocados pela Covid-19 desde junho do ano passado que recuperaram o emprego nos últimos meses. Porém, continua a haver mais desempregados do que antes da pandemia e, por isso, aumentou o número de desempregados inscritos há mais de um ano no IEFP, o que inclui os primeiros a serem despedidos logo em março ou abril do ano passado.
“Para a diminuição do desemprego registado, face ao mês homólogo de 2020, na variação absoluta, contribuiu o grupo dos que estão inscritos há menos de um ano (-71.138) e, em sentido inverso, contribuiu com o maior aumento no desemprego aqueles que permanecem inscritos há um ano e mais (+42.345)”, explica o IEFP na informação mensal do mercado de emprego.
A maioria dos ex-desempregados conseguiram um novo emprego (e não um primeiro emprego), o que é compatível com a maioria ter mais de 25 anos. Houve ligeiramente mais homens do que mulheres a recuperar o emprego. Há mais ex-desempregados à medida que as qualificações aumentam mas como os dados mostram o valor absoluto tal pode significar apenas que há cada vez mais pessoas com essas qualificações.
A nível regional, junho trouxe boas notícias para todas as regiões à exceção da Madeira onde o desemprego aumentou 5,5% em termos homólogos. As restantes regiões registaram uma redução do número de desempregados inscritos no IEFP, com o Algarve, dada a época de verão, a beneficiar mais (-23,4% de desempregados face a junho de 2020).
Em termos de profissões, a queda também é generalizada, mas há uns que se destacam: é o caso dos operadores e instalações e máquinas e trabalhadores da montagem (descida de 15,8% dos desempregados), assim como os trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices (-15,6%).
Desagregando não por grupos profissionais mas por atividade económica, o IEFP confirma também que a descida do número de desempregados é generalizada, sendo mais significativa no caso da fabricação de equipamento informático, elétrico, máquinas e equipamentos (-20%), na indústria do vestuário (-19,9%) e na indústria metalúrgica de base e fabricação de produtos metálicos (-19,4%).
Esta redução do desemprego em Portugal acontece numa altura em que o desconfinamento iniciado em março permitiu a aceleração da retoma económica, sendo expectável um forte crescimento do PIB no segundo trimestre. Contudo, na segunda quinzena de junho já houve concelhos, como o de Lisboa, a recuar para regras mais restritivas por causa do aumento de casos provocado pela variante Delta, o que poderá atrasar ou dificultar a recuperação da economia.
Contudo, para já, os números do IEFP mostram que a melhoria do mercado de trabalho pode continuar uma vez que existem mais ofertas de emprego por satisfazer. São um total de 24.081 ofertas de emprego por preencher em todo o país, o que corresponde ao dobro do valor de junho de 2020 e a mais 3.068 ofertas (-14,6%) face a maio deste ano.
Trabalhadores dos serviços continuam a ser dos mais afetados
Os dados do IEFP confirma que, do total de 321.994 desempregados candidatos a novo emprego no final de junho, a maioria (73,2%) tinha trabalhado no setor dos serviços, com destaque para as atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio (30,3%).
“20,1% eram provenientes do setor ‘secundário’, com particular relevo para a ‘Construção’ (6,2%)”, detalha ainda o IEFP, assinalando que ao setor agrícola pertenciam 3,9% dos desempregados.
A análise por grupos profissionais corrobora este panorama: a maioria dos desempregados são trabalhadores não qualificado“ (25,4%), seguindo-se os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção/segurança e vendedores
(23,3%) e pessoal administrativo (11,9%).
PS alerta que recuo no número de desempregados demonstra que críticas são infundadas
O PS considerou esta terça-feira que o recuo de 7,1% em junho do número de desempregados inscritos em centros de emprego demonstra que as críticas feitas sobre a falta de medidas para preservar postos de trabalho são infundadas.
“Podemos ver que o número de desempregados inscritos no IEFP [Instituto do Emprego e Formação Profissional] desceu em cerca de 55.000 desempregados (…), o número mais baixo desde o início da pandemia. De facto, podemos inferir que as críticas que indicam o aumento do desemprego não são fundadas, porque elas não correspondem à verdade”, disse à agência Lusa o deputado Tiago Barbosa Ribeiro.
O deputado socialista sublinhou que, na véspera do debate sobre o Estado da Nação, os números apresentados pelo IEFP demonstram que foi possível “preservar postos de trabalho, preservar empregos, e, sobretudo, continuar a reduzir progressivamente a taxa de desemprego” durante a “fase mais crítica” da pandemia, através de várias medidas decretadas, como, por exemplo, o lay-off simplificado.
(Notícia atualizada pela última vez às 20h22 com mais informação)
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