Matriz de risco pode voltar a mudar. É isto que os peritos propõem
Os especialistas apresentaram propostas de alteração à matriz de risco que guia o desconfinamento. Propõem novo limiar da incidência e internamentos e "inclusão de indicadores de gravidade clínica".
Depois dos apelos de vários partidos e da proposta da Ordem dos Médicos, os especialistas ouvidos na reunião do Infarmed apresentaram propostas de alteração à matriz de risco, que serve de “bússola” ao desconfinamento. Em causa está um novo limiar da incidência, bem como de internamentos e a “inclusão de indicadores de gravidade clínica”.
Na reunião do Infarmed, Andreia Leite, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, explicou que a incidência e o risco de transmissibilidade (o chamado Rt) devem continuar a ser mantidos como “indicadores centrais“, embora defenda que há espaço para atualizar os “limiares de incidência” bem como as linhas vermelhas dos internamentos, dado que a doença grave foi enfraquecia com o reforço de vacinação.
Assim, os especialistas propõem que o limiar de incidência suba para os 480 casos por 100 mil habitantes, ou seja o quádruplo do aplicado atualmente (120 casos por 100 mil habitantes nos concelhos de alta de densidade e 240 casos por 100 mil habitantes nos concelhos de baixa densidade).
Quanto ao limiar de internamentos em unidades de cuidados intensivos é proposto que avance para 255 camas dado a expansão da capacidade nacional de camas em UCI. A verificar-se isto significa um aumento de 10 camas face ao limite considerado como “crítico” atualmente”, que está agora em 78% desta ocupação.
Por outro lado, os especialistas propõem ainda a “inclusão de indicadores de gravidade clínica” e de impacto na mortalidade. Nesse sentido, para Andreia Leite, a famosa matriz de risco da Covid-19 pode ser substituída por um “quadro-resumo” de avaliação dos vários indicadores, por regiões, no qual deve ser indicada a leitura do indicador e a respetiva tendência.
Nos últimos dias, vários têm sido o coro de vozes que tem vindo a apelar por uma mudança na matriz de risco da Covid-19, sendo que até agora o Governo tem evitado alterar a matriz definida. Uma das principais críticas era relativa ao limiar de incidência fixado, com vários especialistas e partidos a alegarem que transmitia uma informação “enganadora” por ser cumulativa a 14 dias, o que levou inclusivamente o primeiro-ministro a justificar que estes são os critérios utilizados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês), pelo que as decisões tomadas terão esses indicadores como base.
Certo é que esta é apenas uma recomendação, pelo que só após o Conselho de Ministros de quinta-feira se saberá se o Executivo vai ou não seguir a recomendação dos peritos. O Presidente da República já veio congratular-se com o que considerou ser um esforço dos especialistas para completar e enriquecer a matriz de risco de evolução da Covid-19 que serve de base ao processo de desconfinamento.
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