Dos EUA a Israel, estes países já deram “luz verde” ao reforço da vacina contra Covid-19
Desde os EUA a Israel, vários países já começaram a administrar um reforço da vacina contra a Covid-19, sobretudo aos mais vulneráveis e para combater o aumento de casos ligados à variante Delta.
Devido à variante Delta, altamente infecciosa e dominante em vários contágios um pouco por todo o mundo, alguns países estão a considerar ou já começaram a oferecer uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19. O tema divide os especialistas, mas desde os EUA a Israel, várias nações têm ignorado os apelos da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que se adie o reforço vacinal até que pelo menos 10% da população mundial esteja imunizada. “Não podemos, e não devemos, aceitar que países que já usaram a maior parte do stock mundial de vacinas usem ainda mais, enquanto a população mais vulnerável do mundo continua desprotegida”, defendeu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no início deste mês.
Em Portugal, o Governo tem remetido para a Direção-Geral da Saúde (DGS) a decisão sobre uma dose de reforço contra a Covid-19. Na sexta-feira, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, lembrou ainda que é necessário esperar pela posição do regulador europeu, a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês). “Aguardemos essa posição da entidade europeia e depois da Direção-Geral da Saúde para sabermos também em que termos é que ela se pode realizar”, afirmou a primeira-ministra em exercício, na ocasião.
Mas, afinal, quais são os países que estão ou planeiam contrariar o pedido de moratória à dose de reforço feito pela OMS?
Logo no início de julho, e face ao agravar de contágios no país, a Rússia anunciava que havia começado a administrar doses de reforço a pessoas inoculadas há mais de seis meses. Moscovo foi a primeira cidade a oferecer um reforço vacinal, designadamente com a Sputnik V, mas outras regiões do país começaram a dar doses extra da vacina contra a Covid-19.
Desde 30 de julho, Israel está a administrar uma dose de reforço a pessoas com 60 ou mais anos, por representarem uma faixa etária particularmente vulnerável ao coronavírus. Na semana passada, o reforço foi alargado à população com idade a partir dos 40 anos e também para mulheres grávidas, profissionais de saúde e professores abaixo dessa idade. A decisão foi novamente alargada na terça-feira para pessoas a partir dos 30 anos, de modo a combater o aumento dos contágios ligados à variante Delta. Mais de 1,5 milhões de israelitas já tomaram um reforço da vacina, que está a ser administrado somente a quem tem o esquema vacinal completo há pelo menos cinco meses.
Um estudo publicado pelo Ministério da Saúde israelita no último domingo, citado pela Reuters, mostra que a partir de 10 dias após a administração de uma terceira dose da vacina da Pfizer a proteção contra a infeção por Covid-19 entre as pessoas com 60 anos ou mais melhora em quatro vezes, em comparação com as que receberam duas doses. Quanto à doença grave e hospitalização, a terceira dose oferece uma proteção cinco a seis vezes superior 10 dias após a toma.
Na União Europeia, a Hungria foi o primeiro Estado-membro a optar pela administração de uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19, recomendando-a a pessoas idosas, doentes crónicos e pessoas imunodeprimidas (com sistema imunológico enfraquecido). O reforço é administrado a partir de quatro meses após a inoculação completa, tendo já sido tomado por mais de 187 mil pessoas desde 1 de agosto, segundo dados do governo húngaro.
Também as autoridades de saúde da França, face a uma “quarta vaga” da pandemia, dominada pela variante Delta, aprovaram na terça-feira o plano governamental para a administração de doses de reforço da vacina contra a Covid-19 a maiores de 65 anos e pessoas vulneráveis. O processo, com início previsto para outubro, depende da aprovação dos reforços pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês). A maioria das pessoas tomará uma vacina de reforço a partir de seis meses após a vacinação inicial. Quase 72% da população francesa com mais de 12 anos tem a vacinação completa.
Ainda assim, alguns cidadãos franceses com comorbilidades de risco, como é o caso dos imunodeprimidos, doentes transplantados ou que estejam a fazer diálise, estão já a receber uma dose de reforço desde abril, sendo que as autoridades de saúde do país aconselham a que haja um intervalo de quatro semanas entre a segunda e terceira doses, avançava o Les Echos (acesso livre, conteúdo em francês) no início deste mês.
Na Alemanha, residentes em lares de idosos e pessoas imunodeprimidas vão receber um reforço da vacina da Pfizer ou da Moderna a partir de setembro. O plano do governo federal, aprovado por unanimidade no início deste mês, prevê ainda oferecer doses extra a qualquer pessoa que tenha sido vacinada com as duas doses da AstraZeneca ou a dose única da Johnson & Johnson.
Sem avançar ainda com datas, a Espanha vai administrar uma dose de reforço das vacinas da BioNTech/Pfizer e da Moderna contra a Covid-19, segundo disse a ministra da Saúde do país, Carolina Darias, numa entrevista em julho à rádio Onda Cero, citada pelo Expansión (acesso condicionado, conteúdo em espanhol). “Tudo parece indicar que teremos que aplicar uma terceira dose de reforço. O que terá que ser determinado é quando e, neste sentido, assinaremos o contrato com a União Europeia com a Pfizer e Moderna”, afirmou na altura a responsável.
Na segunda-feira, a presidente do Comité de Vacinação da Grécia, Maria Theodoridu, anunciou que o país começará a administrar um reforço da vacina contra a Covid-19 a partir de setembro, com prioridade para pessoas imunocomprometidas, como doentes que tenham recebido tratamento para o cancro ou feito o transplante de um órgão ou pessoas com o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Para a dose extra, serão utilizadas apenas as vacinas com tecnologia RNA mensageiro (mRNA), nomeadamente as da Pfizer/BioNTech e da Moderna, mesmo que as pessoas tenham sido inoculadas anteriormente com as vacinas da AstraZeneca ou da Johnson & Johnson. A dose de reforço será administrada às pessoas elegíveis que estejam completamente vacinadas desde pelo menos um mês antes.
Já no Reino Unido, apesar de o comité de vacinação britânico ainda não ter dado um parecer final, o ministro da Saúde, Sajid Javid, anunciou na passada quinta-feira que há planos para a administração de doses de reforço da vacina contra a Covid-19. Com início previsto em setembro, “os mais vulneráveis” deverão ser os primeiros a receber um reforço vacinal. Entretanto, o país liderado por Boris Johnson concordou comprar mais 35 milhões de doses da Pfizer/BioNTech, previstas chegar no outono de 2022, a fim de preparar as doses de reforço e prevenir quaisquer novas variantes que possam surgir, avança a Sky News.
Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos também já autorizaram um reforço contra a Covid-19, mas apenas com as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna. Contrariamente à maioria dos países, os norte-americanos avançam com esta medida para todos os indivíduos que estejam totalmente vacinados há pelo menos oito meses. O processo, justificado pela diminuição da eficácia das vacinas ao longo do tempo, terá início em 20 de setembro. Na fila da frente para receber a dose de reforço estão, segundo as autoridades de saúde do país, os prestadores de cuidados de saúde, os residentes em lares e outros cidadãos idosos que tenham sido vacinados nas fases iniciais do processo de vacinação contra a Covid-19. Quem recebeu a dose única da Johnson & Johnson terá ainda de esperar por uma decisão das autoridades, que aguardam por mais dados, apesar de admitirem que é provável a necessidade de uma dose extra.
No Canadá, o Comité Consultivo Nacional de Imunização (NACI, na sigla em inglês) ainda não aprovou as vacinas de reforço, mas já estão em curso discussões sobre a sua administração a determinados segmentos da população. Ontário antecipou essa decisão, segundo a CBC, tornando-se a primeira cidade do país a aprovar uma dose de reforço da vacina contra a Covid-19 para pessoas vulneráveis devido a um surto da variante Delta. As pessoas elegíveis incluem residentes em unidades de cuidados continuados, recetores de transplantes, pacientes com cancros hematológicos submetidos a tratamento, e recetores de certos medicamentos denominados agentes anti-CD20.
Também na América Latina há países que já estão a reforçar a vacinação contra a Covid-19. Em 30 de junho, a República Dominicana foi o primeiro Estado da região a começar a oferecer doses extra. Ao governo dominicano seguiu-se o Chile, que está a reforçar a vacinação dos cidadãos que receberam a chinesa CoronaVac, revela a Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês). Os maiores de 55 anos inoculados antes de 31 de março receberão uma nova dose da AstraZeneca, enquanto a Pfizer está reservada às pessoas imunodeprimidas. Em 16 de agosto, segundo o The Rio Times (acesso livre, conteúdo em inglês), o Uruguai começou a oferecer uma dose de reforço da Pfizer a quem foi inicialmente vacinado com a CoronaVac, administrando-a pelo menos 90 dias após a inoculação inicial.
A BBC (acesso livre) avança ainda que, no continente asiático, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, o Camboja e a Indonésia estão a vacinar com doses de reforço os cidadãos que receberam uma das vacinas chinesas.
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