Ryanair ataca TAP e “soberania nacional” ao exigir slots no aeroporto de Lisboa, diz PCP
As “declarações do patrão da Ryanair" constituem "mais uma provocação e um ato de guerrilha mediática que merece repúdio e indignação e não a subserviência a que se assiste”, defende PCP.
O PCP acusou esta terça-feira a companhia aérea Ryanair de aproveitar a crise pandémica para tentar “obter novas vantagens e lucros” e de atacar a TAP e a “soberania nacional” ao “exigir apoderar-se das ‘slots’” no aeroporto de Lisboa.
“Este novo ataque à TAP e à soberania nacional, ao exigir apoderar-se das ‘slots’, as posições que a TAP detém no aeroporto de Lisboa, é mais um exemplo do que é a prática das multinacionais, aproveitar a crise pandémica para tentar obter novas vantagens e lucros”, frisou o deputado do PCP Bruno Dias.
Numa declaração de vídeo enviada às redações, o deputado considerou que as “declarações do patrão da Ryanair” constituem “mais uma provocação e um ato de guerrilha mediática que merece repúdio e indignação e não a subserviência a que se assiste”.
O presidente da companhia aérea Ryanair acusou hoje a TAP de bloquear ‘slots’ no aeroporto de Lisboa, impedindo o crescimento de outras companhias aéreas, e anunciou o lançamento de 26 novas rotas desde Portugal para o inverno.
Em conferência de imprensa, o presidente da empresa, Michael Kevin O’Leary, disse que a Ryanair aposta em Portugal enquanto a TAP “corta empregos, corta rotas” e disse que mais poderia ser feito se a TAP não bloqueasse ‘slots’ (vagas horárias num aeroporto para uma companhia aérea aterrar e descolar aviões), pedindo a intervenção do Governo.
Bruno Dias realçou que o país não pode submeter-se ao poder económico de quem “tem sido reiteradamente condenado nos tribunais por sistemáticas violações da lei portuguesa, repressão e exploração, enquanto essa mesma multinacional recebe milhões em subsídios ao longo de anos”.
“A nossa solidariedade é para com os trabalhadores da Ryanair e para com todos os trabalhadores do setor aéreo e a exigência do país é que se acabe com este privilégio e impunidade de quem se julga acima da lei”, disse ainda.
O deputado do PCP salientou também que a TAP “faz falta ao país e precisa de retomar funções estratégicas nas ligações às regiões autónomas e às comunidades portuguesas entre outras cruciais missões”. “A solução para a aviação civil nacional não é desmantelar a companhia aérea de bandeira nem atacar emprego e direitos”, atirou Bruno Dias.
A Ryanair anunciou hoje 26 novas rotas desde Lisboa, Porto e Faro e que mais três aviões terão base no aeroporto de Lisboa, passando para sete aviões no total em Lisboa, num investimento total de 300 milhões de dólares (quase 256 milhões de euros à taxa de câmbio atual).
Disse também que irá criar 300 novos empregos (entre pilotos, tripulação de cabine e engenheiros), respondendo Michael O’Leary aos jornalistas que serão “empregos bem pagos”.
O responsável afirmou ainda, por várias vezes, que o investimento que a Ryanair está a fazer em Portugal acontece sem qualquer ajuda do Estado, enquanto a TAP irá receber 3.000 milhões de euros. Já questionado sobre o dinheiro que a Rynair recebe de entidades públicas, Michael O’Leary não respondeu de forma precisa nem deu números exatos.
Afirmou que não recebe quaisquer ajudas de Estado e que o dinheiro que recebe é de entidades de turismo, mas que são valores “muito pequenos”, referindo que numa campanha de promoção de destinos de três ou quatro milhões de euros recebe apoio das entidades de cada região, mas que, em troca, a empresa investe na promoção dos destinos muito mais do que recebe e tem bilhetes com descontos.
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